A utilização de medicamentos sem orientação farmacêutica ou médica pode ser arriscada, sobretudo, quando o consumo ocorre de forma acidental. Um exemplo disso aconteceu com a pequena Valentina, de 2 anos e 3 meses, que foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após ingerir uma solução nasal. O caso foi contado pela mãe da criança, Gabriela Cristina, em entrevista à revista Crescer.
"Ela não acordava, ficou sonolenta, teve hipotermia e os batimentos cardíacos caíram muito. Decidi compartilhar para alertar a todas as pessoas que têm crianças pequenas em casa", explicou a mãe em entrevista ao veículo.
Segundo Gabriela, ao perceber que havia algo diferente com a criança, ela correu direto a um hospital: "Sabia que algo estava errado e até pesquisei sobre hipotermia. Eu a troquei, enrolei em um cobertor e fui direto para o hospital. Chegando lá, infelizmente, fomos atendidos por um pediatra que jamais deveria estar exercendo essa profissão tão importante. Ele logo falou para mim que a minha filha estava apenas sentindo frio e que deveria agasalhá-la, ainda mais que a temperatura logo iria voltar. Insisti por exames, porém, ele disse que não seria necessário".
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Gabriela conta que decidiu, então, buscar ajuda em outra unidade de saúde: "Avisei meu marido e levei ela até outro hospital. Chegando lá, a médica examinou Valentina e perguntou se ela poderia ter ingerido algum tipo de medicação. Afirmei que não, porém, a médica insistiu. Falou que aqueles sintomas pareciam ter sido causados por um remédio muito forte, uma solução nasal indicada para o tratamento de congestão nasal, tanto alérgica quanto inflamatória. Foi, então, que minha ficha caiu. Meu marido e eu realmente fazíamos uso dessa medicação. Nós sofremos com rinite e, por isso, usávamos uma solução à noite. Inclusive, deixávamos embaixo do nosso travesseiro para facilitar o uso", explica.
A mãe continua: "Esse medicamento é de usar no nariz, mas Valentina acabou tomando. Foi quando eu escutei da médica: 'Mãe, não estou querendo te assustar, porém, a última criança que eu atendi que havia ingerido essa medicação veio a óbito'. Naquela hora, meu corpo gelou. Senti meu mundo desmoronando. Minha filha estava irreconhecível: os olhinhos dela ficavam revirando, a temperatura em 33 graus e não acordava. Achei que iria perder minha tão sonhada princesinha", revela.
Dispensação com responsabilidade
Nesse sentido, vale lembrar da importância da orientação farmacêutica na hora da dispensação do medicamento, pois, o farmacêutico é um profissional extremamente qualificado para orientar o paciente sobre os cuidados necessários para armazenagem e utilização de determinados fármacos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a ONG Criança Segura, algumas orientações para prevenir intoxicações por medicamentos são:
- Utilize medicamentos somente sob orientação médica [e do farmacêutico];
- Leia sempre as bulas e siga corretamente as instruções ao administrar os medicamentos às crianças [em caso de dúvidas, vale lembrar que um farmacêutico pode ajudar];
- Nunca se refira a um medicamento como ‘doce’, para não incentivar o consumo ou despertar a curiosidade [da criança];
- Mantenha o medicamento no recipiente original e nunca deixe comprimidos soltos;
- Após o uso, feche bem a embalagem. Dê preferência por produtos cujas embalagens possuam tampas de segurança;
- Guarde os medicamentos trancados, em lugar alto e fora de alcance das crianças.
Criança se recuperou
Após um período na UTI, a pequena Valentina se recuperou: "Entrei em contato com todos da família, pedi orações pela vida dela e fiquei ali, naquele quarto gelado, vendo minha filha naquela situação. De repente, ela levantou e vomitou um líquido transparente na quantidade do remédio que havia ingerido. Para os médicos, era impossível ser o remédio, mas foi ali que eu soube que Deus estava conosco. A partir daquele momento, ela começou a melhorar aos poucos, impressionando mesmo os médicos e enfermeiros. Passamos dois dias na UTI, mais um dia em observação e, graças a Deus, minha filha está ótima, sem nenhuma sequela. Agora, cuidados redobrados", afirmou a mãe.
Contudo, vale o alerta: no Brasil, as intoxicações e os envenenamentos correspondem à quinta causa de internação hospitalar por acidentes na infância, sendo que os medicamentos são os principais causadores, segundo informação publicada pela revista Crescer.
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