Substância utilizada no combate à malária, a cloroquina será distribuída pelo Governo Federal para ser testada no tratamento dos pacientes em estado grave pela Covid-19. Serão liberadas 3,4 milhões de unidades para hospitais a partir desta semana.
Ainda não existe comprovação da eficácia e segurança do medicamento no tratamento da infecção provocada pelo coronavírus. O próprio Governo reconhece isso, mas aposta que poderá obter algum êxito, uma vez que o saldo da utilização da substância tem sido “mais positivo do que negativo” nos pacientes em situação de risco, afirma. O protocolo analisado prevê cinco dias de tratamento com a droga, diz a Agência Saúde, do Ministério da Saúde (MS).
Segundo o MS, o medicamento não será vendido em farmácias para a população em geral, porque não há benefício comprovado em sua utilização entre aqueles que não estão hospitalizados em estado grave pelo coronavírus. Além disso, seus efeitos colaterais podem ser graves. Já se sabe, por exemplo, que a cloroquina pode causar arritmia cardíaca, dores agudas nos rins, entre outros efeitos.
De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o uso da substância será restrito aos médicos, que poderão optar pelo tratamento com ela ou não. “Estudos sobre cloroquina ainda são preliminares, será analisado no dia a dia, em casos graves”, comentou Mandetta ao Estadão. “Se o médico entender que o paciente grave pode se beneficiar terá a cloroquina disponível”.
Para o secretário de ciência, tecnologia e insumos estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Viana, o uso do medicamento é muito promissor. Além disso, ele já é utilizado há décadas no Brasil. O secretário reconheceu, contudo, que não se trata de uma cura da Covid-19.
“Os estudos clínicos em humanos ainda estão em curso. Então, o que estamos oferecendo é uma opção terapêutica, uma indicação complementar, com o máximo de controle. Os benefícios superam os riscos para esses pacientes. O MS está propondo um protocolo somente para pacientes em situação grave”, disse Viana ao Estadão.
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Na semana passada, o presidente da República Jair Bolsonaro gravou um vídeo para divulgar o produto como uma forma de tratar pacientes de coronavírus. Bolsonaro enfatizou que o Exército iria intensificar a produção de cloroquina em seus laboratórios.
A repercussão foi imediata e muitas pessoas correram às farmácias para comprar a cloroquina e a hidroxicloroquina. Isso esvaziou o estoque dos estabelecimentos, prejudicando as pessoas que necessitam do medicamento no tratamento de outras doenças, como a malária, lúpus e artrite reumatóide. Esses medicamentos também são oferecidos pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Vale observar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou parecer técnico, elaborado pela equipe do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, sobre a cloroquina, visando orientar juízes em caso de judicialização para acesso ao medicamento. Segundo o CNJ com base no parecer do Sírio-Libanês, a eficácia e a segurança do produto é incerta. O estudo que embasa o suporte aos magistrados está disponível em plataforma online para consulta dos juízes.
Por fim, o MS alerta que não há medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus.
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