Nova diretriz sobre autismo amplia o papel clínico do farmacêutico

Nova diretriz sobre autismo amplia o papel clínico do farmacêutico

A recente atualização das diretrizes sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), divulgada por entidades médicas, reacendeu o debate sobre o papel dos profissionais de saúde no cuidado integral às pessoas com autismo. Entre eles, o farmacêutico surge como figura essencial, especialmente pela sua proximidade cotidiana com pacientes e cuidadores.

Segundo a professora do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e coordenadora do grupo de auditores da AAFARM Consultoria, Ameliana Silotti, o farmacêutico é muitas vezes o primeiro profissional de saúde a observar sinais sugestivos de autismo. “Nas orientações farmacêuticas, o profissional está em contato frequente com crianças e seus cuidadores, podendo perceber comportamentos habituais do TEA, como falta de contato visual, pouca interação social, atraso na fala ou movimentos repetitivos”, explica.

Ela destaca que, além desses indícios, é possível perceber durante as conversas episódios de ansiedade, euforia ou inquietude. “Ao notar esses sinais, o farmacêutico pode orientar os responsáveis sobre a importância de buscar avaliação com profissionais especializados, como pediatras ou neurologistas”.

O olhar atento e empático do farmacêutico, portanto, vai além da dispensação de medicamentos. Ele contribui diretamente para a detecção precoce de comportamentos atípicos e para o encaminhamento adequado de pacientes, ampliando as chances de intervenção precoce e, consequentemente, de melhora na qualidade de vida.

Atuação clínica e multiprofissional

Com as novas diretrizes, o conceito de cuidado multiprofissional torna-se ainda mais relevante. A professora Ameliana reforça que o farmacêutico deve ser reconhecido como agente clínico ativo, integrante fundamental da equipe de saúde. “O plano de cuidado farmacêutico reforça que o farmacêutico não é apenas um dispensador de medicamentos, mas um profissional que contribui para a segurança, eficácia e humanização do tratamento de pessoas com TEA”, afirma.

Esse plano envolve ações clínicas e educativas que complementam o trabalho de médicos, psicólogos e terapeutas. “O farmacêutico deve realizar uma avaliação detalhada do uso de medicamentos, monitorar continuamente os efeitos adversos e a adesão ao tratamento, orientar os cuidadores sobre o uso correto dos fármacos e participar de discussões multiprofissionais para alinhar metas terapêuticas”, afirma Ameliana.

Outra frente importante de atuação é a educação em saúde, na qual o farmacêutico desenvolve materiais acessíveis e promove o uso racional de medicamentos. “Tudo isso deve ser feito com foco na segurança, qualidade de vida e individualização do cuidado, respeitando as diretrizes científicas e éticas”, destaca ela.

Desafios e responsabilidades no acompanhamento farmacoterapêutico

Apesar dos avanços, a professora ressalta que o acompanhamento de pacientes com TEA exige preparo técnico e sensibilidade. “O principal desafio envolve a complexidade clínica e a individualidade de cada paciente, porque cada um tem uma performance e responde ao tratamento de forma diferente”, explica. 

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Ela aponta também a necessidade de monitorar cuidadosamente os efeitos adversos de psicotrópicos, além de adaptar a comunicação para cuidadores com diferentes níveis de compreensão. “Garantir a adesão ao tratamento, diante de dificuldades de aceitação ou rotina, é outro ponto sensível”, acrescenta.

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Outro aspecto preocupante é a utilização simultânea de múltiplos medicamentos ou terapias sem comprovação científica. “Muitas famílias recorrem a abordagens alternativas associadas ao tratamento principal, o que pode comprometer os resultados esperados. Isso exige do farmacêutico uma postura crítica, empática e sempre baseada em evidências”.

Esses desafios reforçam a importância de uma atuação clínica contínua, com registro e acompanhamento sistemático das respostas individuais aos tratamentos, além de comunicação transparente com os demais profissionais envolvidos.

Formação e empatia: pilares para o futuro do cuidado

Para a professora do ICTQ, o futuro do cuidado farmacêutico de pacientes com TEA passa por uma formação mais ampla e humanizada. “Apesar do contexto ser acadêmico, ter empatia é a melhor forma de lidar com o paciente autista”, afirma.

Ela defende que as escolas de formação farmacêutica incluam o tema nas disciplinas, com foco especial na farmacologia de psicotrópicos e na comunicação adaptada aos cuidadores. “É essencial formar profissionais habilitados para um cuidado seguro, humanizado e baseado em evidências. Isso amplia a capacidade do farmacêutico de interagir de maneira efetiva e sensível com as famílias e demais profissionais da rede de atenção”.

As novas diretrizes, portanto, representam mais do que um avanço técnico. Elas sinalizam uma mudança de paradigma: o reconhecimento de que o cuidado à pessoa com TEA precisa ser integrado, contínuo e centrado no indivíduo. Nesse cenário, o farmacêutico, com sua formação científica e seu papel acessível à população, deve garantir que as práticas recomendadas saiam do papel e se transformem em atendimento real e humanizado.

Ao final, Ameliana Silotti reforça o compromisso ético e social da profissão: “O farmacêutico tem a oportunidade de transformar cada orientação em um gesto de acolhimento e cada diálogo em uma chance de melhorar vidas. É esse olhar humano que faz toda a diferença no cuidado às pessoas com autismo”.

Capacitação farmacêutica

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