Campanha CAPS NÃO É MEME reforça movimento pela saúde mental e destaca farmacêutico clínico

A saúde mental deixou de ser um tema restrito ao consultório ou às discussões acadêmicas para se tornar uma pauta social urgente. No entanto, ainda é cercada por preconceitos e desinformação, especialmente quando o assunto é o atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços estratégicos do Sistema Único de Saúde (SUS) no cuidado a pessoas em sofrimento psíquico intenso, transtornos mentais graves e problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.

Diante da banalização do tema nas redes sociais, o Ministério da Saúde e o SUS lançaram a campanha ‘CAPS NÃO É MEME’, que busca combater estigmas, valorizar os profissionais que atuam nesses centros e, sobretudo, reforçar o direito à saúde mental como parte da integralidade do SUS.

“Nos Centros de Atenção Psicossocial, cada história é recebida com acolhimento, cuidado e dignidade. Ali, o tratamento vai além da clínica: é sobre inclusão, liberdade e reconstrução de vínculos com a comunidade”, destacou o Ministério da Saúde em nota oficial durante o Setembro Amarelo.

Para a farmacêutica Stael Costa, que atua há mais de 10 anos no CAPS Adulto de Varginha (MG) e é conselheira regional do CRF-MG, os estigmas continuam sendo a maior barreira para o acesso dos pacientes ao tratamento.

Segundo ela, muitos usuários relatam constrangimentos no transporte público ou em espaços coletivos, onde são alvo de olhares, comentários depreciativos e até discriminação direta.

“Pacientes contam que as pessoas não se sentam perto deles no ônibus, fazem comentários sobre suas roupas ou aparência, como se a doença mental fosse algo contagioso. Esse tipo de atitude impacta tanto que alguns deixam de frequentar o serviço para não enfrentar essa violência cotidiana”, relata ela.

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Esse afastamento tem consequências sérias, pois interromper o tratamento compromete a estabilidade clínica e dificulta a reinserção social, que é um dos pilares do CAPS.

O preconceito, lembra Stael, também atinge pacientes com depressão grave e refratária, que muitas vezes evitam buscar o CAPS por receio de serem confundidos com portadores de outros transtornos.

“Existe a ideia de que o CAPS é apenas para pessoas com esquizofrenia ou transtorno bipolar. Muitos pacientes em risco de autoextermínio, que deveriam estar conosco recebendo tratamento, têm vergonha de procurar o serviço. Isso atrasa o cuidado e pode agravar o quadro clínico”, explica.

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O papel do farmacêutico no CAPS

O trabalho do farmacêutico nesses centros vai além da dispensação de medicamentos. Stael descreve uma rotina de cuidado integral, que inclui escuta ativa de pacientes e familiares, participação em oficinas terapêuticas e acompanhamento contínuo da adesão ao tratamento.

“No CAPS, o farmacêutico não fica restrito à farmácia. Nós participamos do acolhimento, escutamos os pacientes e fazemos parte da equipe multiprofissional. Eu, por exemplo, sou referência técnica para cerca de 20 pacientes. Isso significa apoiar não só no uso correto da medicação, mas também em atividades do cotidiano, como aprender a fazer compras no supermercado ou buscar medicamentos na Farmácia Popular”, detalha ela.

Essa proximidade é fundamental porque os pacientes, em geral, utilizam múltiplos psicofármacos - entre três e cinco diferentes - e necessitam de orientação frequente para lidar com efeitos colaterais e compreender o tempo de resposta do tratamento.

“Orientamos que não parem de tomar a medicação sem acompanhamento, explicamos os efeitos colaterais mais comuns e mostramos que um antidepressivo pode demorar semanas para fazer efeito. Cada paciente é único, então precisamos adaptar a linguagem para que ele compreenda”, complementa.

Adesão e segurança no uso de medicamentos

No CAPS, a dispensação de medicamentos costuma ser semanal ou até diária, a depender do risco do paciente. Em alguns casos, os fármacos são entregues diretamente aos familiares para evitar abuso ou tentativas de autoextermínio.

“A adesão ao tratamento é complexa e exige monitoramento constante. Nosso trabalho é acompanhar de perto, observar reações e ajustar condutas junto à equipe multiprofissional, sempre buscando reduzir riscos e aumentar a segurança do paciente”, afirma Stael.

Um dos momentos mais delicados do trabalho do farmacêutico no CAPS é durante crises agudas, quando pode ser necessária a administração de medicamentos injetáveis de urgência.

“É um desafio enorme. É preciso ter segurança e vínculo para convencer o paciente a aceitar a medicação. Mas me sinto privilegiada por ter conquistado a confiança deles ao longo desses anos”, conta Stael.

Setembro Amarelo: autocuidado e empatia

Para a farmacêutica, o Setembro Amarelo (campanha nacional de prevenção ao suicídio) deve ser encarado como um compromisso permanente.

“No CAPS, o Setembro Amarelo acontece todos os dias do ano, porque trabalhamos diariamente na prevenção ao suicídio. O que levamos à sociedade é a importância do autocuidado e da empatia. Tirar um tempo para si, mesmo que sejam apenas 15 minutos por dia, pode fazer a diferença. E perceber os sinais em alguém próximo exige escuta atenta, sem julgamentos”, recomenda ela.

Stael também reforça a importância de buscar ajuda, seja em serviços de saúde, nos CAPS ou no Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende 24 horas pelo telefone 188.

Quando o meme machuca

Um dos pontos mais sensíveis da campanha ‘CAPS NÃO É MEME’ é justamente mostrar como as piadas reforçam preconceitos e desvalorizam o trabalho realizado. Stael recorda com incômodo os memes que circulavam sobre a kombi do CAPS.

“Por muitos anos, realmente utilizávamos uma kombi para buscar pacientes em casa, especialmente aqueles em condições graves. Hoje temos vans, mas o princípio é o mesmo: ir até quem não consegue chegar sozinho. Transformar isso em piada é desrespeitar o esforço da equipe e a luta dos pacientes. Nosso objetivo é convencê-los a vir e permanecer no tratamento, garantindo dignidade e cuidado”, explica.

A mensagem central da campanha do Ministério da Saúde é clara: saúde mental não deve ser tratada com desdém ou superficialidade. Os CAPS são espaços de acolhimento, sem burocracia, abertos a todos, onde cada pessoa é vista na sua singularidade.

O desafio, como lembra Stael, é combater diariamente os estigmas que afastam os pacientes e enfraquecem a adesão ao tratamento. Nesse contexto, o farmacêutico surge como peça-chave para orientar, acompanhar e humanizar o cuidado.

Enquanto as redes sociais ainda insistem em transformar sofrimento em piada, os profissionais de saúde seguem na linha de frente, reafirmando que CAPS não é meme. É vida, dignidade e inclusão.

Capacitação farmacêutica

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