Pesquisa expõe falhas no uso de antibióticos em hospitais e reforça importância do farmacêutico clínico

Uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), realizada pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG), acendeu um alerta sobre a forma como antibióticos são utilizados em hospitais no país. O levantamento, que avaliou 104 instituições de saúde, mostrou que 87,7% delas ainda prescrevem antibióticos de forma empírica, ou seja, por tentativa e erro, sem exames prévios que confirmem a sensibilidade da bactéria ao medicamento. Além disso, um em cada cinco hospitais não ajusta corretamente a dose prescrita.

Os dados integram a campanha ‘Será que precisa? Evitando a resistência antimicrobiana por antibióticos e antifúngicos’, e reforçam a urgência de políticas públicas mais robustas para conter a resistência bacteriana, um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.

Para entender como esses números se refletem na prática clínica, o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, especialista em Farmacologia Clínica e mestre em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica, Daniel Jesus de Paula, destacou o papel essencial do farmacêutico clínico nesse cenário.

“O farmacêutico clínico tem um papel central. Ele atua como elo entre a microbiologia, a prática médica e as diretrizes de terapia antimicrobiana. A partir da análise dos dados laboratoriais e do histórico do paciente, conseguimos orientar a equipe sobre quando é seguro desescalar a terapia, substituir por um antibiótico de menor espectro ou até mesmo suspender a medicação. O objetivo é reduzir o uso empírico prolongado, que muitas vezes não se justifica e contribui para a resistência bacteriana”, explicou.

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Outro ponto levantado pela pesquisa foi a dificuldade dos hospitais em ajustar corretamente as doses de antibióticos, o que compromete tanto a segurança do paciente quanto a eficácia do tratamento.

De acordo com o professor, esse é um dos pontos mais sensíveis da prática clínica. “O farmacêutico avalia individualmente cada paciente: idade, peso, clearance de creatinina, função hepática e até o sítio da infecção, porque a penetração do fármaco pode variar bastante. Além disso, utilizamos ferramentas de cálculo e protocolos validados que garantem precisão. Esse acompanhamento reduz tanto o risco de toxicidade quanto a chance de falha terapêutica”.

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Protocolos para conter a resistência bacteriana

O uso indiscriminado de antibióticos é apontado como um dos principais aceleradores da resistência bacteriana. Nesse sentido, o professor destacou práticas que devem ser adotadas pela farmácia hospitalar. “Dois pontos são fundamentais: implantação de Programas de Stewardship de Antimicrobianos e fortalecimento da farmacovigilância ativa”.

Ele continua, explicando que o stewardship envolve auditoria do uso de antibióticos, discussão diária em rounds multiprofissionais, protocolos claros de profilaxia cirúrgica e restrição de alguns antimicrobianos de amplo espectro. “Já a farmacovigilância permite identificar padrões de uso inadequados e corrigi-los precocemente”.

O estudo também indica a necessidade de políticas públicas mais robustas para o enfrentamento do problema. Para Daniel de Paula, algumas medidas são essenciais e devem ser tratadas como prioridade pelo sistema de saúde: “Em primeiro lugar, ampliar a presença do farmacêutico clínico nas equipes multiprofissionais. Depois, investir em laboratórios de microbiologia com liberação rápida de resultados, porque o tempo de resposta influencia diretamente na escolha do antibiótico. Também é fundamental exigir protocolos institucionais atualizados, vinculando-os a indicadores de qualidade hospitalar. Por fim, políticas de educação continuada em saúde devem ser exigência regulatória, e não apenas recomendação”.

Educação em saúde: equipe e pacientes no centro da atenção

Além das questões estruturais, a pesquisa reforça o papel da educação em saúde no combate à resistência antimicrobiana. E, nesse ponto, o farmacêutico também tem papel ativo.

O professor do ICTQ pondera, ainda, que a educação em saúde é uma das ferramentas mais poderosas. Com a equipe multiprofissional, o farmacêutico pode promover treinamentos curtos e objetivos, trazendo casos reais que mostram o impacto do mau uso. Já com os pacientes, a abordagem deve ser simples e prática: explicar por que não se deve interromper o tratamento antes do tempo, por que não se deve guardar ‘sobras’ de antibióticos e por que a automedicação é perigosa. “Essa conscientização, no dia a dia, faz uma diferença enorme”, destacou.

Caminhos para avançar

Os números revelados pela pesquisa da SBI e do IQG trazem um retrato preocupante da realidade hospitalar brasileira. Se por um lado a prescrição empírica e os erros de dosagem mostram fragilidades no sistema, por outro, a fala do especialista evidencia que existem caminhos claros e viáveis para enfrentar o problema.

Ampliar a atuação do farmacêutico clínico, investir em laboratórios de microbiologia com respostas ágeis, adotar programas estruturados de stewardship e reforçar a educação em saúde são passos fundamentais para garantir o uso racional de antibióticos.

Mais do que uma responsabilidade médica, a luta contra a resistência bacteriana exige um esforço multiprofissional, no qual o farmacêutico é essencial para preservar a eficácia dos antimicrobianos e proteger a saúde pública.

Educação e capacitação farmacêutica

A formação contínua e a capacitação dos farmacêuticos são fundamentais para a prestação de serviços clínicos de qualidade. Os cursos de pós-graduação oferecidos pelo ICTQ focam na prestação de serviços clínicos considerando diversos contextos de atenção farmacêutica, com o objetivo de promover o uso racional de medicamentos e a educação em saúde.

Para quem deseja se capacitar para atuar em Farmácia Clínica, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação que devem interessar:

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