Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, tem o objetivo de alertar sobre os riscos do consumo de produtos derivados do tabaco e para destacar a importância de políticas públicas de controle. A campanha de 2025 reforça um alerta antigo: o tabagismo continua sendo a maior causa evitável de mortes no mundo, e os farmacêuticos ocupam uma posição estratégica na cessação do hábito de fumar.
Segundo a OMS, sete milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do tabagismo — sendo 900 mil vítimas de fumo passivo. No Brasil, as doenças cardiovasculares, muitas vezes associadas ao cigarro, matam mais de mil pessoas por dia, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A entidade reforça que, embora os benefícios em parar de fumar sejam evidentes, o processo de cessação ainda enfrenta desafios significativos, como a dependência química e o medo do ganho de peso.
Apesar da redução do número de fumantes desde 1993, conforme os dados do Vigitel 2021, o tabagismo continua sendo uma ameaça à saúde pública. O levantamento revelou que 9,1% da população brasileira com 18 anos ou mais ainda fuma — 11,8% entre homens e 6,7% entre mulheres. Entre os fatores que influenciam essa prática estão baixa escolaridade, menor renda e exposição precoce à nicotina.
“A evolução dos cigarros e outros produtos do tabaco ocorreu por meio de inovações na agricultura do tabaco, processos de fabricação, aditivos químicos e recursos de design, culminando na grande variedade de produtos atraentes que fornecem nicotina disponíveis hoje. No entanto, essas inovações também tornaram os derivados do tabaco mais perigosos: mais viciantes, mais tóxicos e mais atraentes para aqueles que os usam”, explica o professor de Farmácia Clínica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Alipio Carmo.
Carmo ressalta que ambientes pró-tabagismo e a convivência com fumantes aumentam as chances de iniciação e manutenção do vício, além de destacar que a fumaça do cigarro contém cerca de 4.720 substâncias tóxicas, entre elas:
- Nicotina – principal agente causador do vício;
- Benzopireno, polônio 210 e carbono 14 – substâncias cancerígenas e radioativas;
- Agrotóxicos, como o DDT;
- Solventes, como benzeno;
- Metais pesados como chumbo e cádmio (com meia-vida de até 30 anos no organismo).
Além disso, o tabagismo está diretamente relacionado a doenças como câncer, infarto, AVC, DPOC, diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, entre outras.
A farmácia como aliada na cessação do tabagismo
Diante desse cenário, os farmacêuticos se consolidam como aliados fundamentais na luta contra o tabagismo. Nas farmácias, é possível encontrar aconselhamento, acompanhamento e indicação de terapias eficazes para quem deseja parar de fumar.
“O papel do farmacêutico na cessação do tabagismo é oferecer ajuda aos fumantes. Os farmacêuticos desempenham um papel crucial na saúde pública no que diz respeito aos serviços de cessação tabágica. Estudos em todo o mundo mostram que farmacêuticos treinados que auxiliam os serviços de cessação do tabagismo são mais eficientes e levam a um período sustentado de encerramento do hábito de fumar”, afirma Carmo.
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Esses profissionais podem propor terapia de reposição de nicotina, indicar outros medicamentos auxiliares, monitorar interações medicamentosas e acompanhar o paciente de forma próxima e contínua. Um dos diferenciais está na facilidade de acesso: as farmácias estão presentes em praticamente todos os bairros e funcionam em horários mais amplos do que unidades de saúde convencionais.
“O farmacêutico é mais familiarizado com as necessidades de terapia medicamentosa de seus pacientes. Os profissionais de Farmácia estarão disponíveis para apoiar os pacientes que desejam parar de fumar, aumentando as opções de aconselhamento, fornecendo materiais para parar de fumar e melhorando o acesso aos serviços de cessação do tabagismo para pessoas com doenças crônicas. O programa antitabagismo inclui uma avaliação de prontidão onde um paciente pode se inscrever na farmácia, bem como uma primeira consulta e várias sessões de aconselhamento, de acompanhamento durante o período necessário”, complementa o professor.
Durante o atendimento, o farmacêutico avalia o histórico clínico, o perfil do fumante e suas motivações. A partir dessas informações, cria um plano de cuidado individualizado com metas progressivas e suporte contínuo. O objetivo é ajudar a reduzir gradualmente o consumo ou interromper o hábito de forma definitiva.
Cigarro eletrônico também preocupa
Além do cigarro tradicional, o uso de dispositivos eletrônicos, como o cigarro eletrônico (vape), também preocupa as autoridades de saúde. Um a cada cinco jovens brasileiros consome cigarros eletrônicos, mostra uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. O levantamento ainda aponta que o equipamento é mais popular entre jovens de 18 a 24 anos
Os vapes são proibidos no Brasil, mas continuam sendo consumidos. Embora muitas vezes promovidos, pelos próprios usuários, como alternativa menos prejudicial, esses dispositivos não são inofensivos. Eles também contêm nicotina e substâncias tóxicas que causam danos pulmonares e aumentam o risco de câncer.
O tabagismo, em todas as suas formas, continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Em vários países, ele está ligado a 70% a 90% das mortes pela doença, número que poderia ser significativamente reduzido com políticas eficazes de prevenção e cessação — com a atuação dos farmacêuticos como peça-chave nesse processo.
“É cada vez mais comum entre os jovens o uso dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, e-cigarros ou pen drive que são dispositivos mecânico-eletrônicos que exalam aerossol contendo nicotina, além de conter mais de 80 substâncias químicas, dentre elas, substâncias carcinogênicas comprovadas. Dentre os problemas observados pelo uso, não podemos deixar de ressaltar a possibilidade de aumento do risco de trombose, AVC, hipertensão, infarto do miocárdio, e ainda podem ser responsáveis por doenças importantes, como cânceres de pulmão, esôfago, boca, pâncreas, bexiga e enfisema”, reitera o professor do ICTQ e farmacêutico-pesquisador do Inbesp e do Instituto do Câncer do Ceará, Nelson Belarmino.
“A população precisa ter ciência de que os prejuízos gerados pelo uso do tabaco são cumulativos e quanto mais tempo uma pessoa fuma, maior será o seu risco de vir a sofrer doenças, que inclusive poderão levar à morte”, finaliza Belarmino.
Capacitação farmacêutica
Além da realização profissional e do impacto positivo na vida dos pacientes, a carreira do farmacêutico oncológico também se destaca pelo potencial salarial acima da média. No entanto, a qualificação especializada é um diferencial para quem deseja ingressar na área, já que a profissão exige capacitação contínua, olhar clínico apurado e comprometimento com a qualidade de vida dos pacientes. À medida que as terapias evoluem, a presença desse profissional se torna cada vez mais essencial, garantindo que a oncologia continue avançando de forma segura, eficaz e acessível para todos.
Para aqueles que desejam se capacitar para atuar na área, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação, como o Farmácia Hospitalar e Acompanhamento Oncológico. Essa especialização atende aos requisitos da Resolução 640/17 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que estabelece a titulação como pré-requisito mínimo para atuação em oncologia, cujo preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos na oncologia é atribuição privativa do farmacêutico.
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