Por que é difícil desenvolver medicamentos contra a Covid-19?

Por que é difícil desenvolver medicamentos contra a Covid-19?

A pandemia da Covid-19 trouxe uma urgência no desenvolvimento de vacinas para prevenir a transmissão da doença. Nove meses após o surgimento do novo coronavírus, vários imunizantes já haviam sido criados por diversas empresas. No entanto, a mesma velocidade não se observou com os medicamentos para combater o vírus em pessoas infectadas.

Conforme publicado pelo portal DW, até o momento, o que se tem são alguns antivirais que, conforme os estudos indicam, podem reduzir a replicação do vírus, como explica o microbiologista Leandro Lobo.

“Existem alguns medicamentos antivirais que parecem interferir na replicação do vírus, e isso dá uma chance maior ao nosso organismo para combater a infecção. Mas nada 100% efetivo”.

Dificuldades no desenvolvimento de medicamentos contra a Covid-19

Ainda segundo o veículo, as dificuldades para desenvolver um medicamento contra a Covid-19 esbarram na própria natureza. Isso porque o vírus é uma estrutura muito simples. Sequer é considerado um ser vivo.

O químico especializado em planejamento de fármacos, Adriano Andricopulo, reforça que, em vista das dificuldades para o desenvolvimento de novos medicamentos, muitos esforços da classe científica foram direcionados para estudar o potencial de fármacos já existentes e aprovados para combater outras doenças.

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Segundo Andricopulo, esses estudos são limitados, entretanto, são mais rápidos do que desenvolver um novo medicamento, pois esse segundo caso consiste em duas etapas complexas: a descoberta pré-clínica e o desenvolvimento em si, que objetiva garantir a segurança e eficácia do produto. “É um processo que possui limitações, ocorre por tentativa e erro. A ciência leva tempo".

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Atalhos da ciência

Enquanto não se obtém um novo medicamento para a Covid-19, pesquisadores seguem estudando o potencial de fármacos já existentes. Recentemente, um estudo de cientistas do Reino Unido e da Alemanha foi publicado na revista Science Advances.

No estudo, eles analisaram 1.917 fármacos e identificaram 200 medicamentos já aprovados, e em uso, que poderiam combater a Covid-19. Desses, 126 tiveram resultado efetivo na ação antiviral, sem danificar as células. Entre eles, dois foram validados em testes in vitro, o antimalárico proguanil e a sulfassalazina (voltado para artrite reumatoide).

Estudos sobre novos medicamentos e vacinas

Geralmente, o desenvolvimento de medicamentos e vacinas é feito por meio de estudos clínicos, que são divididos em três etapas distintas e avaliam a segurança, qualidade e eficácia.  

Em vídeo publicado no canal do Youtube do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Tecnologia para o Mercado Farmacêutico, o gerente-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, explica como se dá a atuação da entidade no processo de análise de novas vacinas e o cuidado que se tem ao fazer testes em humanos.

“Antes de qualquer estudo em humanos, as vacinas precisam ser testadas em modelos animais e laboratoriais, porque é ali que se verifica se a vacina pode oferecer algum risco para as pessoas e quais são esses riscos”, explicou Mendes, que também é professor no ICTQ, na Pós-graduação de Assuntos Regulatórios, entre outros cursos.

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