A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap-RN) confirmou, hoje (07/06), um novo caso de mucormicose no Brasil, infecção rara fúngica conhecida como "fungo preto", que tem preocupado cientistas em todo o mundo, pois costuma infectar pacientes que já tiveram o novo coronavírus (Covid-19), sendo considerada uma doença com alta taxa de mortalidade, conforme revelou a BBC.
Apenas nos cinco primeiros meses de 2021, já tinham sido contabilizados 29 casos em território nacional, sendo que em todo o ano passado o Ministério da Saúde (MS) notificou 36 registros, segundo informação publicada pelo Olhar Digital.
Na Índia, essa infecção já acometeu mais de 9 mil pacientes. Neste ano, já causou dezenas de mortes naquele país, resultando em uma nova epidemia que foi confirmada pelas autoridades indianas, em maio de 2021. No caso confirmado pela Sesap-RN, a paciente é uma mulher, de 42 anos, que já teve Covid-19.
Segundo a Secretaria, ela apresentou sintomas da mucormicose e ao ser submetida a uma biópsia foi confirmada a ocorrência do fungo. A paciente encontra-se em tratamento em casa. Em nota, a Sesap-RN confirma que “ a equipe de vigilância da entidade está acompanhando o quadro, avaliando os exames, o histórico de movimentações da paciente e sua situação clínica atual”.
Essa infecção é chamada de mucormicose, pois é causada pela exposição ao mofo mucoso, ela é frequentemente encontrada no solo, em plantas e na decomposição de orgânicos.
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O novo caso coloca ainda mais as autoridades sanitárias brasileiras em alerta, já que, na terça-feira (01/06), a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus (AM), também havia revelado que o fungo infectou um homem, de 56 anos, diabético, que veio a óbito em abril deste ano, quatro dias depois de ser internado no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio.
Relação com a Covid-19
O portal Telegraph Índia revelou que, em território indiano, muitas pessoas ficaram com sequelas graves devido à doença, como cegueira, por exemplo. Ainda de acordo com o canal, os médicos indianos relataram uma preocupação maior com pacientes que tiveram Covid-19 e são diabéticos.
Segundo eles, o fungo ataca essas pessoas entre 12 e 15 dias após a recuperação do coronavírus. A maior incidência também atinge gravemente os pacientes imunocomprometidos, como aqueles com câncer ou com Aids.
Nesse sentido, os pesquisadores consideram a hipótese de a proliferação da doença estar associada à prescrição desenfreada e de longo prazo de esteroides no tratamento de infectados pelo coronavírus. A explicação se dá porque estes medicamentos suprimem o sistema imunológico dos pacientes, deixando-os mais vulneráveis à infecção causada pelos fungos.
Cenário da doença no Brasil
Segundo o portal O Globo, o MS informa que não tem série histórica sobre mucormicose, pois a doença não é de notificação compulsória.
Novas infecções
Para o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni, o surgimento de novas infecções pode estar associado ao fato de que pacientes que tiveram a Covid-19 estão mais suscetíveis.
“A infecção pelo novo coronavírus, apesar de suas particularidades, muitas delas ainda não apontadas pela comunidade científica, depende do sistema imunológico para ser reduzida e, posteriormente, sanada. Sendo assim, caso o sistema imunológico do indivíduo esteja fragilizado ou ineficiente, estará mais suscetível a quaisquer infecções”, destacou ele, em recente entrevista ao jornalismo do ICTQ.
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