Militares indicam uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19

Militares indicam uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19

A Polícia Militar (PM) e o Corpo de Bombeiros elaboraram um documento que orienta militares não gestantes a seguir um tratamento precoce e ineficaz contra a Covid-19 em Minas Gerais.

Entre as recomendações, estão hidroxicloroquina e ivermectina, medicamentos banidos pela Associação Médica Brasileira para uso em casos de Covid-19.

Segundo publicado pelo Estado de Minas, o documento foi assinado por dezenas de militares médicos, que sugeriram um ‘combo’ para tratamento preventivo da Covid-19’.

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O protocolo foi compartilhado por policiais nas redes sociais na terça-feira (06/04). Ele traz duas opções de tratamento, uma com e a outra sem a hidroxicloroquina. Em comum, ambas recomendam o uso de ivermectina (vermífugo cujo fabricante já negou que seja eficaz no tratamento da doença), vitamina D, zinco quelato e quercetina.

Além dos medicamentos, a dosagem deles, como a frequência diária ou semanal e intervalo entre as doses, também é detalhada.

O documento ainda aconselha o uso de outros medicamentos para tratamento imediato nos casos de Covid-19. Nesse caso, estão listadas a ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, entre outros fármacos que não têm qualquer comprovação de eficácia contra a doença.

Resposta da PM e do Corpo de Bombeiros

A PM e o Corpo de Bombeiros, em resposta ao Estado de Minas, informaram que "o arquivo citado se trata de minuta de um documento, ainda em avaliação, que contém orientações para médicos e pacientes que optarem por aderir às recomendações".

Mesmo contendo uma lista de medicamentos como sugestão para tratamento precoce da Covid-19, com as respectivas dosagens, as entidades relataram que “não vincula e não obriga os médicos militares a adotarem quaisquer protocolos sugeridos, sendo apenas mais um referencial bibliográfico”.

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Orientação dos farmacêuticos

O uso de medicamentos do chamado ‘kit-covid’ para tratar a doença já foi desaconselhado por diversas entidades de saúde, inclusive, pela própria Organização Mundial de Saúde. Além de não demonstrar eficácia para combater a doença, o uso indiscriminado desses fármacos pode trazer complicações graves e até mesmo a morte de pacientes.

A coordenadora acadêmica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, e especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica, Juliana Cardoso, reforça que compete ao farmacêutico fazer essa devida orientação ao paciente, esclarecer sobre os efeitos colaterais que eles podem causar e cita alguns deles.

“Além de efeitos colaterais, que são diferentes daqueles considerados como principal por um fármaco, o indivíduo se expõe a uma chance de reação adversa, que se caracteriza como qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento. Além dessas ações indesejáveis, os pacientes ainda se expõe ao risco de intoxicações, insuficiências hepáticas e até mesmo hepatite medicamentosa, que é uma grave inflamação do fígado causada pelo uso prolongado de medicamentos”, explicou.

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