Medicamento testado contra Covid-19 dobra de preço e atinge R$ 8,7 mil por dose

Medicamento testado contra Covid-19 dobra de preço e atinge R$ 8,7 mil por dose

Tocilizumabe, medicamento indicado para o tratamento de artrite reumatoide e que vem sendo testado para casos graves de Covid-19, teve seu valor aumentado exponencialmente desde o início da pandemia. No mercado informal ele vem sendo vendido por até R$ 8,7 mil por apenas uma dose, revelou o portal Cáceres Notícias.

Devido ao seu valor elevado, Tocilizumabe nunca foi um medicamento de fácil acesso. Até o ano passado, o medicamento era encontrado a R$ 4 mil, em sua versão subcutânea, e R$ 9 mil a intravenosa. Cada ampola agora é comercializada, quando encontrada, na faixa dos R$ 6 mil a subcutânea e R$ 12 mil a intravenosa.

Ele não é encontrado em farmácias de menor porte e até mesmo em grandes redes não é uma droga de estoque. Geralmente, as farmácias têm poucas caixas ou trabalham por encomenda.

A partir do momento em que passou a ser testado com algum sucesso no tratamento dos casos graves de Covid-19 – com a respectiva repercussão em diversas mídias – o medicamento viu sua demanda explodir e ele desapareceu do mercado. Isso abriu brecha para atravessadores ganharem dinheiro. Pessoas desesperadas chegam a pagar até R$ 8,7 mil por apenas uma dose, apurou o Cáceres Notícias.

Uma fonte do portal Repórter MT revelou que um pecuarista pagou R$ 35 mil em uma caixa com quatro ampolas do tipo de aplicação subcutânea. A versão intravenosa chega a ser vendida por R$ 15 mil a unidade.

Desde março de 2020, a Universidade de Oxford, no Reino Unido, vem pesquisando o Tocilizumabe para o tratamento da Covid-19. O estudo com mais de 4 mil voluntários diagnosticados com a doença – sendo que metade deles teve tratamento padrão e a outra parte teve o Tocilizumabe prescrito – concluiu que a droga respondeu na redução de mortes nos casos mais graves e evitou ou diminuiu o risco de intubação para outros internados. A tese é do ensaio Recovery.

No Brasil, o Hospital Igesp, de São Paulo, testou o medicamento em 14 pacientes com comorbidades diversas internados em estado grave na unidade, sendo 11 deles já intubados e três em fase de pré-intubação, todos sem perspectivas de melhora. Segundo o hospital, a resposta do estudo entre os intubados foi a recuperação de dez pacientes e a morte de um deles. Já o segundo grupo teve uma evolução de melhora considerável e não foi necessária a intubação de nenhum paciente.

De acordo com o infectologista Tiago Rodrigues, o Tocilizumabe não é um antiviral e sim um imunobiológico, ou seja, trabalha no organismo diminuindo a imunidade e, consequentemente, as inflamações causadas por diversas moléstias. Por isso é uma droga muito utilizada no tratamento de doenças reumatológicas.

Embora o estudo da Recovery tenha mostrado indícios de benefícios no tratamento de pacientes com Covid-19, que geralmente são vítimas de diversas inflamações, nas quais o Tocilizumabe age, o médico explicou ao portal que não há estudos concretos da eficácia e do momento em que se deveria administrar essa medicação.

“A evidência de que o Tocilizumabe traga melhoras ao paciente ainda é muito fraca e controversa. Às custas da redução das inflamações há a redução da imunidade e isso é perigoso. O paciente geralmente é crítico, está na UTI e se pegar uma infecção bacteriana qual a defesa que ele vai ter? Tem que ser muito bem avaliado os benefícios para a utilização deste medicamento”, revelou o infectologista.

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Na mesma linha de cautela está o farmacêutico e professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica no ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Rafael Poloni. “A comunidade científica está empenhada em estudar medicamentos e estratégias para combater o novo coronavírus. Entretanto, deve-se ter muito cuidado ao analisar estudos científicos pontuais”.

Conforme o Cáceres Notícias, o laboratório Roche, que fabrica o Tocilizumabe com nome comercial de Actemra, revelou que comunicou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o aumento de demanda e a consequente possível falta das apresentações do produto no mercado brasileiro.

“Esse aumento deve-se à sua utilização off label (fora da bula) para o tratamento de pacientes com complicações respiratórias graves decorrentes da infecção por Covid-19, indicação em investigação conforme estudos clínicos em desenvolvimento”, explicou o laboratório, destacando que “não realiza e não apoia nenhuma ação de promoção do uso de Actemra para indicações não aprovadas em texto de bula, incluindo o tratamento de Covid-19, ainda não aprovado por nenhuma autoridade sanitária no mundo”.

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