A preocupação com o surgimento das variantes do coronavírus tem feito cientistas no mundo todo estudar quais hipóteses podem explicar a circulação das novas cepas do vírus.
Além das mutações registradas, primeiramente, no Reino Unido e na África do Sul, há também duas variantes oriundas do Brasil; a P.1, do Amazonas, e a P.2, do Rio de Janeiro. Em comum, elas são potencialmente mais transmissíveis e mais resistentes que o vírus original. Entender o que pode ocasioná-las ainda é uma questão que a ciência tenta descobrir.
Entre as explicações para essas ocorrências, a pesquisadora Akiko Iwasaki, da Universidade Yale, argumenta que as variantes podem estar relacionadas com a imunidade dos pacientes.
Segundo ela, alguns estudos sinalizam que os pacientes com a imunidade comprometida, e que estão infectados por muito tempo, acumulam mutações do coronavírus. Logo, as novas variantes podem estar vindo dessas pessoas.
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Akiko explica como isso pode acontecer: "Como essas pessoas não conseguem eliminar o vírus sozinhas, elas costumam receber plasma de convalescentes (com anticorpos de pessoas que já se curaram da doença). Isso pode acabar eliminando o vírus, mas dá tempo para que as mutações se acumulem antes da eliminação. O vírus que é selecionado para escapar do plasma convalescente pode circular na população dando origem às variantes", disse ela ao Estadão.
A pesquisadora pontua que ainda não há exatidão sobre quais são as fontes que originam as novas cepas. Entretanto, ela cita que esses pacientes com imunidade comprometida podem ser uma hipótese a ser considerada, pois, eles tendem a acumular as mutações do vírus dentro de si.
Variantes no Brasil: relação dos vacinados e novas mutações
O Brasil atravessa um momento crítico da pandemia. O início da vacinação ocorre no mesmo momento em que a transmissão está descontrolada e já vitimou 260.970 pessoas, conforme dados do Ministério da Saúde, publicados hoje, 05/03.
A situação é alarmante. Estudiosos britânicos, que estudam as mutações do coronavírus, destacam que o Brasil pode se tornar uma ‘fábrica’ de variantes com forte potencial de resistir à eficácia das vacinas.
Em entrevista à BBC News Brasil, os pesquisadores defendem que, alternativas como lockdowns e as medidas de contenção são necessárias durante o período de vacinação.
Para eles, o contato entre vacinados e variantes ocasiona o aparecimento de mutações ‘superpotentes’, e essas são capazes de inibir ação do imunizante. Uma explicação para isso, segundo eles, é a soma da vacinação em ritmo lento, com as novas variantes que driblam os anticorpos e as altas taxas de infecção.
O professor de disciplinas ligadas à farmacologia no ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago de Melo, endossa a importância de manter o isolamento social, assim como todas as outras medidas de segurança, assim, evitar a propagação do vírus e das novas variantes.
“Com menos Sars-CoV-2 circulantes, o impacto sobre as novas variantes mutantes também pode ser suavizado, afinal, com menos ‘casas’ para o vírus morar, menos chance de ele trocar seus códigos’”, explica.
O professor ressalta que a vacinação é a principal ferramenta contra o vírus e é essencial para reduzir o índice de mortalidade causado pela doença.
“Para 2021, não há outra estratégia disponível mais eficaz para combatermos a Covid-19 do que o imunizante. Que venham as vacinas para a população, para reduzirmos drasticamente os desfechos de mortes principalmente para os mais vulneráveis”, finalizou.
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