Um medicamento experimental para o mal de Alzheimer reduziu a perda de memória dos pacientes com a doença em 32%, revelou a Eli Lilly, fabricante do produto, conforme informou The Wall Street Journal. O novo tratamento, divulgado na segunda-feira (11/1), mostra-se promissor no combate à doença.
Em um pequeno ensaio clínico de fase 2, ainda não publicado em revista científica nem revisado por pares, o anticorpo monoclonal donanemab diminuiu a velocidade com que pacientes de Alzheimer perdem a memória e a capacidade de cuidar de si. A droga atua como uma imunoterapia ativa projetada para estimular o sistema imunológico do paciente a atacar as placas da proteína beta-amiloide que se formam no cérebro e promovem a doença.
De acordo com a empresa, a droga se liga às placas de proteína beta-amiloide já formadas e age destruindo-as. Essas placas são uma das principais características do Alzheimer, ao lado dos emaranhados de outra proteína, chamada tau. No início do estudo, todos os participantes apresentavam imagens cerebrais características da doença e sintomas leves a moderados, revelou a Veja.
Ao longo de dois anos, o estudo envolveu 272 pacientes, que foram divididos em dois grupos – um que recebeu o medicamento e outro, o placebo. Aqueles no grupo de intervenção recebiam, a cada quatro semanas, uma dose de donanemab via infusão.
Segundo os pesquisadores, após cerca de 12 meses de tratamento, as placas de proteína beta-amiloide desapareceram completamente do cérebro desses pacientes. Quando isso aconteceu, eles pararam de receber o medicamento e passaram a receber o placebo. O principal efeito colateral observado foi o acúmulo de fluido no cérebro. Esse efeito é comum neste tipo de medicamento e a maioria dos participantes não apresentou sintomas.
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O estudo serviu como uma espécie de teste para a chamada ‘hipótese amiloide’, teoria de que o Alzheimer está intimamente ligado ao acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro e, portanto, se seu acúmulo puder ser prevenido ou revertido, a doença poderá ser prevenida ou curada.
A hipótese amiloide havia sido testada sem sucesso outras vezes, embora a Eli Lilly diga que seu alvo é um pouco diferente agora. O donanemab vai atrás de uma forma modificada de beta-amiloide, chamada N3pG, e mostrou em seus resultados uma “desaceleração significativa do declínio de cognição e função diária em pacientes com doença de Alzheimer em comparação com o placebo”, afirmou a empresa.
Para o diretor científico da Eli Lilly, Daniel Skovronsky, “o momento é único e um marco histórico para os pacientes com Alzheimer, tendo em vista que gera uma nova esperança”, afirmou ao The Wall Street Journal. A companhia divulgou apenas uma parte dos resultados da pesquisa e garantiu que fará em breve uma publicação completa já revisada por pares.
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