Um estudo clínico coordenado e financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que testou a eficácia do medicamento nitazoxanida (cujo nome comercial é Annita) em pessoas com o novo coronavírus (Covid-19), foi publicado no periódico científico European Respiratory Journal, na quinta-feira (24/12). Segundo as informações do artigo, o fármaco seria capaz de reduzir a carga viral em pacientes, desde que a terapia seja feita nos três primeiros dias da infecção. Para isso, o vermífugo deveria ser administrado na dosagem de 500 mg, de 8 em 8 horas, durante 5 dias.
“A publicação do estudo clínico é um presente de Natal da ciência brasileira para o mundo. É uma excelente notícia de fim de ano para começarmos 2021 com ainda mais determinação para enfrentar esta pandemia utilizando a única arma possível de derrotá-la, a ciência. O Brasil possui excelentes cientistas e pesquisadores que produzem conhecimento científico de ponta e esse estudo com a nitazoxanida mostra que podemos ajudar não só o País, mas também o planeta. Finalizamos o estudo e deixamos essa contribuição publicada para que novos protocolos de tratamento preventivo ou prescrição médica possam ser adotados”, declarou o ministro do MCTI, Marcos Pontes, em matéria publicada no portal oficial do órgão governamental.
O estudo
Segundo o portal Poder 360, o estudo teve início com 1.575 voluntários, em sete cidades de todo o território nacional. Contudo só 475 contraíram o novo coronavírus, então, o restante dos participantes foi excluído da análise. Ao fim dos testes, os resultados consideraram 392 pacientes.
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Nesse sentido, a carga viral de 194 voluntários que se trataram com a nitazoxanida caiu 55% depois de 5 dias de terapia. Já entre os 198 participantes que receberam o placebo, a redução da quantidade do vírus foi de 45% no mesmo período. Ainda de acordo com as informações do veículo, o vermífugo não levou à redução dos sintomas da Covid-19.
Autoridades descrentes
Um membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, ouvido pelo portal Poder 360, acredita que o estudo não apresenta "dados clínicos relevantes". Para ele, que não quis se identificar, "o artigo é muito fraco, sendo impossível recomendar qualquer coisa baseada nele", teria afirmado.
Em relação ao artigo, a análise foi enviada ao European Respiratory Journal em 5 de outubro deste ano, sendo aceita em 4 de dezembro e publicada às vésperas das festas natalinas. Por isso os resultados foram divulgados pelo MCTI como “um presente de Natal”. O texto é assinado por 29 pesquisadores, coordenados pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Rocco.
Nesse sentido, vale reforçar também que mais estudos precisam ser realizados para atestar, de fato, a eficácia deste fármaco contra a Covid-19. Além disso, outro fator importante é que a automedicação é perigosa, portanto, o uso desse medicamento (Annita), ou de qualquer outro, não deve ser realizado sem indicação médica e orientação do farmacêutico.
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