Medicamento utilizado no tratamento do diabetes será testado por médicos do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, de Serra (ES), em pacientes com Covid-19 que estejam com a glicose elevada. Estudos detectaram que a doença provocada pelo novo coronavírus tem aumentado a taxa de glicemia dos infectados.
A partir desta semana, o medicamento será testado em quem estiver com a glicose elevada, como parte de um estudo internacional do qual faz parte o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, Hospital Israelita Albert Einstein e o National Institutes of Health (NIH) – conglomerado de institutos de pesquisa ligados ao governo dos Estados Unidos –, conforme revelou a Tribuna Online.
De acordo com o coordenador do Centro de Ensino e Pesquisa do hospital capixaba, o biólogo Vinícius Nunes, com a ajuda dessa medicação poderá ser possível normalizar a glicose no sangue. A ideia é que a diminuição da substância seja um fator a menos para atrapalhar as funções normais do paciente.
“O aumento de glicose no sangue reduz o pH sanguíneo, deixando-o mais ácido. Isso, somado às inflamações geradas, contribui para deteriorar os órgãos. O rim é um dos que sofrem bastante com essa mudança de pH e as inflamações, pois fica sobrecarregado”, salientou Nunes à Tribuna.
Pesquisas realizadas pelo NIH apontam que vários pacientes graves de Covid-19 tiveram alterações importantes da taxa de glicemia. Esses e outros estudos internacionais estão em andamento para avaliar a probabilidade do desenvolvimento de diabetes como uma sequela da infecção causada pelo novo coronavírus.
Mas o biólogo Vinícius Nunes não acredita nessa possibilidade. Na visão dele, mesmo com o aumento da glicose no sangue, pacientes com Covid-19 não têm tendência a ficar diabéticos por conta da doença. “Quando o indivíduo sarar, a taxa de glicose dele voltará ao normal”, presumiu.
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Pacientes do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves incluídos no estudo irão receber medicamentos já utilizados para baixar a taxa de glicemia no sangue. Vinícius afirmou à Tribuna que, com a pandemia, há pouco tempo para os profissionais buscarem novos compostos. Por isso, é mais rápido usar medicamentos que já existem e que são confiáveis, além de outra vantagem.
“Essa é uma medicação interessante porque é cara e normalmente não está disponível para pacientes com tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS)”, esclareceu. Os nomes dos fármacos não foram divulgados por cláusulas de confidencialidade e porque o estudo ainda está em andamento.
Para o médico infectologista Paulo Mendes Peçanha, também ouvido pela Tribuna, estudos como esse são uma oportunidade para entender a nova doença, em um momento em que ainda há um volume significativo de pacientes com a Covid-19.
“É um aspecto relevante encontrar, por meio da pesquisa, novos conhecimentos científicos, para somar ao que já vem sendo feito em vários outros centros de pesquisa no Brasil e no mundo”, salientou.
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