Estudos realizados em diversas partes do mundo apontam possíveis sequelas que a doença provocada pelo novo coronavírus pode deixar. Uma delas é a alteração drástica da taxa de glicemia, o que aumenta a probabilidade de os acometidos pela Covid-19 desenvolverem diabetes.
De acordo com pesquisas realizadas pelo National Institutes of Health (NIH) – conglomerado de institutos de pesquisa ligados ao governo dos Estados Unidos –, vários pacientes graves de Covid-19 tiveram alterações importantes da taxa de glicemia, elevando a probabilidade do desenvolvimento de diabetes.
Segundo o coordenador do Centro de Ensino e Pesquisa do Hospital Jayme dos Santos, Vinícius Nunes, em pesquisa realizada na instituição, notou-se que pacientes “de 20 anos ou idosos, de qualquer jeito, tiveram a doença”, conforme ele revelou ao jornal A Gazeta.
“Na primeira semana de infecção, a Covid-19 é caracterizada pelos sintomas gripais e a resposta do corpo à replicação do vírus. Depois, há uma resposta do organismo contra a inflamação provocada pelo vírus, que causa o desbalanceamento de todo o equilíbrio de funções do corpo, entre elas o aumento da glicemia”, salientou Nunes.
Por conta do descontrole da glicemia provocado pela Covid-19, os diabéticos são classificados como grupo de risco para a doença. Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) concluiu que diabetes e problemas renais são as comorbidades que mais aumentam o risco de morte entre os infectados pelo novo coronavírus com idades entre 30 a 49 anos, conforme revelou a Folha Vitória.
De acordo com o médico infectologista Crispim Cerutti, o diabetes e o comprometimento dos rins acabam atrapalhando a circulação do sangue no organismo humano. Por isso, podem levar os pacientes a quadros mais graves de Covid-19 e elevar o risco de morte.
“O efeito real do diabetes no organismo é a lesão micro e macrovasculares. Não existe uma vulnerabilidade dos órgãos e sistemas do corpo por conta desse baixo fluxo de sangue. No caso dos rins, o processo é semelhante. Os rins não depuram adequadamente as substâncias tóxicas do indivíduo. Isso vai favorecendo uma lesão progressiva da parede dos vasos sanguíneos”, explicou Cerutti à Folha Vitória.
O fato de os indivíduos com diabetes pertencerem ao grupo de risco, não significa que eles têm mais chance de contrair o novo coronavírus. Seu risco é diferente, apontam especialistas do Portal Lídia (Liga Interdisciplinar de Diabetes), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
“Pertencer a esse grupo significa que, se for contaminado, seus sintomas e complicações poderão ser mais severos em comparação com os de uma pessoa sem diabetes. Além disso, é importante ressaltar que apesar de o risco não variar entre indivíduos com diabete melito tipo 1 ou tipo 2, pessoas com mais idade e com mais complicações da doença costumam apresentar um quadro mais grave”, destaca o site.
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O principal fator responsável por incluir todos os indivíduos com diabetes no grupo de risco é o controle glicêmico, apontam os especialistas. “A capacidade do nosso sistema imune de combater uma infecção está diretamente relacionada à quantidade de glicose no sangue. Isso se deve ao fato de a glicose em excesso comprometer nossos vasos sanguíneos, impedindo a chegada das células de defesa, ao mesmo tempo em que atrai bactérias para esse local. Daí a importância de o indivíduo com diabetes manejar sua glicemia diariamente: quanto mais glicose no sangue, menor a capacidade de defesa do nosso organismo”.
Segundo os autores, Wu e McGoogan (2020) as pessoas com diabetes e /ou outras condições crônicas são mais propensas a expressar sintomas de maior gravidade. Elas podem precisar de internação hospitalar para receber cuidados e intervenção intensiva. Os riscos parecem aumentar em pessoas com mais de 70 anos, particularmente aquelas com cardiopatia, diabetes ou doenças respiratórias.
Outro ponto a ser avaliado são as considerações quanto às prescrições. As pessoas com diabetes, além dos sintomas clássicos respiratórios esperados de COVID-19, também correm maior risco de descompensação metabólica enquanto tentam autogerenciar o diabetes em casa.
Por isso se faz necessário a garantia em que os pacientes diabéticos tenham suprimentos adequados, tanto para a sua medicação, quanto para os equipamentos de monitorização da glicemia.
Outras orientações importantes são a respeito do nível de “açúcar” – Os níveis de glicose no sangue podem subir perante o Covid-19, mesmo que a pessoa não esteja se alimentando; é necessário que o paciente continue a realizar a monitorização da glicemia sanguínea.
Em relação aos medicamentos para diabetes (sulfonilureias e doses de insulina), a equipe multidisciplinar, incluindo o farmacêutico, precisa estar atento a farmacoterapia pois estes pacientes podem precisar ser aumentados temporariamente durante a doença para gerenciar esses níveis elevados de glicose, especialmente se as cetonas estiverem presentes.
Algumas orientações farmacoterapêuticas são importantes:
– Não interromper o uso de insulina ou medicamentos via oral;
– Recomendar ao paciente sobre a importância da hidratação e a ingestão adequada de carboidratos;
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