As concorrentes AbbVie, Amgen e Takeda revelaram ontem (3/8) o início dos testes em pacientes para checar se medicamentos produzidos por cada uma delas podem ser reaproveitados no tratamento de pessoas com Covid-19, informou a agência Reuters.
Essa forma de atuação em conjunto é resultado da recém-formada Aliança de Pesquisa e Desenvolvimento da Covid, da Quantum Leap Healthcare Collaborative, uma parceria de cientistas da área médica e investidores, e da Food and Drug Administration (FDA), a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos.
De acordo com o pesquisador e diretor de desenvolvimento da Amgen, David Reese, a pandemia do novo coronavírus exige esse novo “momento de todas as mãos na massa”. “Queríamos que um teste pudesse peneirar rapidamente vários agentes”, afirmou à Reuters.
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Em um primeiro momento, serão testados o medicamento para psoríase Otezla, da Amgen, o anti-inflamatório Firazyr, da Takeda, e o cenicriviroc da AbbVie, um fármaco usado em pacientes com HIV para ajudar com respostas exageradas do sistema imunológico – reação que pode também ocorrer em enfermos com a forma grave de Covid-19.
De acordo com a co-fundadora da Quantum Leap, Laura Esserman, a “plataforma adaptável” do estudo significa que vários tratamentos podem ser testados ao mesmo tempo, com os mais promissores seguindo para as próximas etapas e os menos promissores sendo abandonados. “Podemos ter alguns resultados em seis semanas”, afirmou Laura à Reuters, acrescentando que outros medicamentos serão adicionados em breve à lista.
Pesquisadores das empresas disseram que o Otezla pode suprimir inflamações ocasionadas por uma resposta imune exacerbada. Já o Firazyr pode ajudar a limitar o líquido nos pulmões e o cenicriviroc bloqueia a atividade de algumas células do sistema imunológico, o que pode reduzir a gravidade do desconforto respiratório agudo causado pelo novo coronavírus.
Os medicamentos estão sendo administrados em combinação com o antiviral remdesivir, do laboratório Gilead, e do corticoide dexametasona. Segundo Laura, ambos têm ação comprovada em testes rigorosos sobre pacientes com Covid-19 e são considerados o tratamento convencional para a doença. Um grupo controle de pacientes receberá apenas a dexametasona e o remdesivir.
Hospitais testaram outros medicamentos anti-inflamatórios em pacientes com Covid-19, incluindo o Kevzara, da Regeneron, e o Actemra da Roche, mas os ensaios com os dois medicamentos para artrite não mostraram eficácia. A Roche continua testando o Actemra em combinação com o remdesivir.
Enquanto isso, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos está estudando o remdesivir em combinação com o Olumiant, um medicamento para artrite vendido pela empresa Eli Lilly. Os resultados são esperados para o próximo mês.
Desde o início da pandemia, sete meses atrás, com cerca de 675 mil mortes até agora, centenas de ensaios clínicos foram lançados em todo mundo, para checar se medicamentos existentes ou experimentais poderiam se mostrar tratamentos eficientes. “Há um grande número de ensaios iniciados em todo o mundo. Mas, apesar das melhores intenções, muitos deles são pequenos e não fornecerão respostas definitivas”, apontou David Reese, conforme a Reuters.
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