A subsidiária brasileira do Bristol Myers Squibb (BMS) coloca em marcha 50 estudos clínicos no Brasil e entra na disputa por mais 30 dentro do grupo, conforme revelou o presidente da empresa, Gaetano Crupi, (foto), ao Valor. Ele acredita que a pandemia pode fazer com que a aprovação dos estudos ganhe agilidade no País.
De acordo com Crupi, o Brasil é parte importante da rede de pesquisas da BMS, com mais de 50 estudos clínicos em fases 2 e 3 em andamento por aqui. Nesse portfólio de pesquisas, a maior parte é realizada em áreas de alta complexidade, como oncologia, lúpus, doença de Crohn, fibrose pulmonar, esteatose hepática não alcoólica e doenças cardiovasculares.
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“O País recebe grande parte dos investimentos em pesquisa e inovação. Mas, teríamos capacidade para investir perto do dobro se não fosse tão burocrático aprovar um estudo clínico por aqui”, disse o executivo ao Valor, em sua primeira entrevista como presidente da empresa. “Nos Estados Unidos se leva até oito meses para a aprovação do protocolo de um ensaio clínico; no Brasil demora em média 15 meses. Um legado que a pandemia poderá deixar no País é de que a aprovação desses estudos poderá ser mais rápida. Viram que dá para fazer”, completou.
De acordo com Crupi, se isso for comprovado, o Brasil pode receber mais 30 estudos clínicos da Bristol. A subsidiária brasileira concorre com outras operações por esses investimentos. “A matriz está na fase de planejamento para os novos estudos, e estamos na disputa. Dos ensaios que estamos prospectando, cinco são da Celgene (adquirida pela BMS em 2019). Pela importância do mercado brasileiro, deveríamos ter mais investimentos desse tipo”.
A subsidiária figura entre a 10ª e a 13ª posição no ranking da companhia. A classificação acontece em função da desvalorização do real frente ao dólar. Crupi ressalta que, quando a comparação é em número de pacientes atendidos – em torno de 40 milhões de pessoas – o País salta para a 6ª ou 7ª posição na BMS. Crupi ressalta que o Brasil é muito importante para a Bristol. Somente no mercado privado há 47 milhões de pessoas e outras 150 milhões são atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Há muito a crescer”, diz.
Até 2023, a companhia vai lançar oito novas indicações e medicamentos de alta complexidade. Quatro serão apresentados ao mercado entre 2021 e 2022 e o restante no ano seguinte. Atualmente, a BMS tem um portfólio de dez produtos locais, sendo cinco oferecidos pelo SUS. “Este ano teremos novas indicações, além desses oito. Um medicamento, inclusive, já submetemos à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Deve chegar ao mercado em 2021”, salientou Crupi
De acordo com o Valor, a BMS também está concluindo a transferência de tecnologia de um medicamento para o tratamento de HIV para Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O processo se dá por meio das Parceiras para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), firmada há mais de cinco anos. “É um dos exemplos mais positivos desse projeto no Brasil. Vamos ver o medicamento para o SUS só neste ano. Farmanguinhos passará a produzir em 2021”, afirmou Crupi ao jornal. Segundo ele, hoje o medicamento é trazido da unidade da BMS em Porto Rico.
Com a compra da Celgene, a Bristol Myers Squibb se tornou a quarta maior biofarmacêutica do mundo. A transação entre as duas empresas norte-americanas foi a maior do setor até o momento, com valor de US$ 74 bilhões (R$ 396 bilhões). A nova companhia terá uma receita global de US$ 45 bilhões (R$ 240,8 bilhões). No Brasil, alcança R$ 1,5 bilhão.
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