Pesquisadores holandeses afirmam ter criado um anticorpo monoclonal capaz de bloquear a ação do novo coronavírus (Covid-19) nas células do organismo. O estudo, que está sendo elaborado por cientistas da Universidade de Utrecht, do Erasmus Medical Center e do Harbor BioMed, foi publicado por meio da revista científica Nature Communications, na segunda feira (04/05).
De acordo com os pesquisadores, o anticorpo descoberto pode neutralizar a infecção nas culturas celulares, sendo considerado o primeiro passo para o desenvolvimento de um futuro e potencial tratamento de cura e prevenção do novo vírus.
"Esse anticorpo neutralizante tem potencial para alterar o curso da infecção no hospedeiro infectado, apoiar a eliminação do vírus ou proteger um indivíduo não infectado que é exposto ao vírus", explicou o líder da pesquisa, Berend-Jan Bosch, em comunicado à imprensa.
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Segundo o estudo, o anticorpo, que é conhecido como 47D11, impede a ação da chamada proteína 'spike', que proporciona ao novo coronavírus a forma de coroa, permitindo que o vírus penetre e infecte as células humanas.
De acordo com Bosch, os testes em laboratório mostraram que o anticorpo foi capaz de neutralizar não apenas a ação do novo coronavírus, como também de outro vírus da mesma família, que é responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars-Cov).
“Esse recurso de neutralização cruzada do anticorpo é muito interessante e sugere que ele pode ter potencial na mitigação de doenças causadas por coronavírus relacionados que possam surgir futuramente”, esclareceu.
Vale ressaltar que, anteriormente, anticorpos monoclonais já conseguiram provocar uma evolução em terapias contra o câncer, como nos casos de desenvolvimento de medicamentos como Keytruda, da Merck, e Herceptin, da Roche, que estão entre os mais comercializados em todo o planeta.
Próximos passos
Apesar dos testes iniciais terem sido realizados apenas em laboratório, o coautor do estudo e professor Academia de Biologia Celular do Erasmus Medical Center, Frank Grosveld, explica que há um diferencial na análise, em relação a outras pesquisas feitas com anticorpos terapêuticos convencionais.
Segundo ele, esses anticorpos são criados, primeiramente, em outras espécies, para depois serem submetidos a uma iniciativa adicional que visa ‘humanizá-los’. Contudo, o anticorpo desenvolvido no estudo dos pesquisadores holandeses é totalmente humano.
"Isso permite que o desenvolvimento prossiga mais rapidamente e reduz o potencial de efeitos colaterais relacionados ao sistema imunológico”, destacou ele, por meio de matéria divulgada no portal Correio Braziliense.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que ainda há muitas etapas que precisam ser comprovadas para identificar se o anticorpo, realmente, será capaz de proteger ou tratar humanos infectados pelo novo coronavírus.
Contudo, os cientistas estão otimistas. “Esta é uma pesquisa inovadora. Ainda é necessário muito mais trabalho para avaliar se esse anticorpo pode proteger ou reduzir a gravidade da doença em humanos. Esperamos avançar no desenvolvimento do anticorpo com parceiros", finalizou o fundador e presidente do Harbor BioMed, Jingsong Wang, em comunicado à imprensa.
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