A Netflix lançou em seu catálogo digital a série documental The Pharmacist (que no Brasil recebeu o nome de Prescrição Fatal). A história, em quatro episódios, fala sobre a jornada real do farmacêutico, Dan Schneider, que busca justiça pela morte do seu filho, assassinado em um tiroteio. Após a condenação do assassino, a produção começa a ganhar outra narrativa, pois, ele começa a perceber um dado preocupante relacionado à quantidade anormal de pessoas que iam à farmácia comprar opioides sob prescrição médica.
Um detalhe que chamou a atenção do farmacêutico foi porque a maioria das pessoas era jovens, e o medicamento indicado era quase sempre o OxyContin , sendo que em 99% das vezes as indicações eram pela mesma médica, Jacqueline Cleggett.
Por achar uma atitude muito suspeita, Schneider começa a investigar por conta própria, ainda que de maneira amadora. O documentário expõe vídeos e áudios caseiros dele, além de depoimentos e infográficos. A narrativa mostra dados importantes de um problema de saúde pública que, uma década após a investigação do farmacêutico, se tornou uma das maiores epidemias dos Estados Unidos, ocasionada pela enorme quantidade de prescrições de opioides naquele país.
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O documentário expõe o início de um problema que, até os dias de atuais, faz muitas vítimas em território americano. Segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC), os medicamentos utilizados para a diminuição da dor causaram a morte de 48 mil pessoas em território americano, apenas em 2017. Com base nesse levantamento, autoridades daquele país se mostram preocupadas com esse atual cenário causado pelo uso descontrolado dos opioides.
Escândalo recente
Mais de 100 bilhões de doses de oxicodona e hidrocodona foram distribuídas nos Estados Unidos, entre 2006 e 2014. O levantamento foi divulgado por meio de dados federais no Washington Post. Em julho de 2019, o jornal já havia informado que empresas farmacêuticas americanas tinham fabricado e disponibilizado mais de 76 bilhões de analgésicos, ou seja, os novos números revelam um aumento de 24 bilhões de doses no consumo dos medicamentos.
Os dados federais são de origem de um processo movido por uma empresa de advocacia que gerencia uma ação contra indústrias de opioides. "Mais de 100 bilhões de comprimidos. É simplesmente de cair o queixo", informou o advogado, Peter Mougey, que atua na Flórida. "Os dados demonstram que todas as comunidades do país foram impactadas negativamente", completa.
De acordo com o jornal Folha S.Paulo, as informações divulgadas, que traçam o caminho dos produtos até a distribuição nas farmácias dos Estados Unidos, citam seis empresas como responsáveis pelo maior número de fornecimento das pílulas: McKesson Corp., Cardinal Health, Walgreens, AmerisourceBergen, CVS e Walmart responderam, juntas, por 76% dos comprimidos de oxicodona e hidrocodona fornecidos entre 2006 e 2014.
Outras três fabricantes respondiam por 85% dos medicamentos: SpecGx, subsidiária da Mallinckrodt; Actavis Pharma; e Par Pharmaceutical, subsidiária da Endo Pharmaceuticals.
O levantamento também mostra quais Estados americanos que mais receberam os opioides, proporcionalmente, para cada cidadão: Virgínia Ocidental, com 66,8 comprimidos por pessoa ao ano; Kentucky, com 63,6; Carolina do Sul, com 60,9; e Tennessee, com 59. Vale ressaltar que a Virgínia Ocidental também teve a maior taxa de mortalidade pelos medicamentos prescritos durante o período de nove anos.
O processo judicial está transitando no tribunal federal de Cleveland. A ação envolve quase 2.500 cidades. Entre elas estão também condados e tribais indígenas, que processaram fabricantes, os distribuidores e as farmácias por, possivelmente, terem contribuído com a epidemia das drogas que, devido ao uso indiscriminado, fez inúmeras vítimas naquele país.
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