Estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está pesquisando um novo tratamento para o diabetes mellitus tipo 1 e suas complicações. O projeto conta com a participação do farmacêutico e professor da instituição, Arnóbio Silva Junior, e tem coordenação da química, Adriana Rezende.
Intitulada Nanoparticle-incorporated chloroquine as a possible anti-inflammatory therapy in type 1 diabetes mellitus (Cloroquina incorporada a nanopartículas como possível terapia anti-inflamatória no diabetes mellitus tipo 1, em tradução livre), a pesquisa tem encontrado resultados muito satisfatórios ao submeter células diabéticas in vitro a um novo tratamento com cloroquina (medicamento conhecido por ser utilizado no combate à malária, além de ser usado também para casos de lúpus e artrite reumatoide).
Com exclusividade ao ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Silva Jr. fala sobre sua contribuição farmacêutica para o estudo e conta como entrou para o projeto.
“No nosso laboratório, nós já desenvolvemos diversas pesquisas com nanotecnologia. Já tínhamos projetos utilizando a cloroquina, em associação com nanopartículas (partículas cujo tamanho situa-se entre 1 e 100 nanômetros), até já publicamos um artigo, previamente, para o tratamento de doenças virais, como herpes e dengue, em que o vírus está no interior das células e as partículas precisam transportar essa cloroquina para dentro delas”, inicia o farmacêutico.
Silva Jr. continua: “Então, a professora Adriana, estudando as propriedades dessa molécula, descobriu que ela poderia diminuir o processo inflamatório no diabetes e nos convidou para formular essas nanopartículas”.
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De acordo com o farmacêutico, após o seu trabalho, as nanopartículas foram encaminhadas ao aluno do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFRN, Renato Ferreira, para que ele pudesse estudá-las em células coletadas de pacientes diabéticos, vindas de projetos que a professora Adriana desenvolve em hospitais ou em associação com outros pesquisadores.
“Por isso, nós entramos no projeto com a missão de formular essas nanopartículas, garantindo que elas tivessem as propriedades e a segurança adequada para que pudessem ser utilizadas no estudo. Assim foi feito", afirma.
A partir do trabalho do farmacêutico, Ferreira complementa e explica como seguiu o estudo: “Concluímos que a cloroquina diminuiu a inflamação nessas células e que pode, no futuro, reduzir as complicações que o diabetes mellitus, muitas vezes, causa nos pacientes”.
Ferreira ainda completa, falando sobre a importância do trabalho realizado pelo farmacêutico na pesquisa. “O uso desse fármaco incorporado nas nanopartículas aumenta a sua biodisponibilidade, melhorando a resposta farmacológica e reduzindo o aparecimento de efeitos adversos”, esclarece o pesquisador.
Segundo Adriana, que é orientadora de Ferreira no doutorado e professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, na Faculdade de Farmácia da UFRN, as propriedades anti-inflamatórias da cloroquina poderiam auxiliar no controle da produção de citocinas que levam a complicações precoces em pacientes com diabetes.
Assim, com a diminuição das inflamações, tais efeitos (perda de visão, distúrbios na função renal, insuficiência cardíaca e, em situações vasculares mais extremas, amputações de membros) inferiores seriam retardados.
“Tudo isso acontece por um processo de estado hiperglicêmico que gera essa inflamação. O controle desses mecanismos, evitando a hiperglicemia e a inflamação, repercute em um quadro mais tardio no desenvolvimento dessas complicações que levam a comorbidades e até ao óbito, que não acontece pelo diabetes, mas por essas complicações”, finaliza.
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