Mais de 1 milhão de exames para detectar a Covid-19 comprados pelo governo e a prefeitura de São Paulo estão aguardando registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem colocados à disposição da população.
O Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, e a prefeitura paulistana adquiriram 1,35 milhão de testes rápidos para a Covid-19, mas que ainda não podem ser usados porque esperam registro na Anvisa. Prazo médio para aprovação de registro na Agência é de 15 dias.
Responsável por coordenar a rede estadual de laboratórios para o diagnóstico do novo coronavírus, o Instituto Butantan tem 1,3 milhão de kits comprados da Coreia do Sul guardados desde 18 de abril, quando chegou o último lote de 575 mil unidades. O primeiro lote, de 755 mil exames, havia chegado em 14 de abril. O investimento do governo estadual foi de R$ 85 milhões.
Os exames fazem parte do programa de testagem em massa que o governo paulista pretende iniciar em 10 dias, segundo o G1. Eles serão usados pela Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico de Covid-19, coordenada pelo Butantan, em uma rede que conta com 38 laboratórios habilitados, entre públicos, privados e universitários.
O teste rápido, que representa a maior parte dos exames importados pelo governo paulista, é feito com uma gota de sangue e detecta se a pessoa tem anticorpos contra o novo coronavírus. Mas ele não é o exame adequado para quem tem sintomas graves.
Segundo especialistas ouvidos pelo G1, o teste mais eficaz é o chamado RT-PCR, que detecta a presença do vírus desde o início da contaminação em amostras de mucosas do nariz e da garganta. Contudo, os testes rápidos agilizam o processo de conhecimento das autoridades para acompanhar o avanço do vírus e a imunidade da população.
“Estamos ampliando de forma expressiva a rede de testagem, para que os resultados saiam mais rapidamente e consigamos, dessa forma, ter uma dimensão melhor da epidemia em nosso Estado”, afirmou o diretor do Instituto Butantan e responsável pela Plataforma de Laboratórios, Dimas Tadeu Covas. Segundo o instituto, os kits adquiridos já possuem registros nas agências reguladoras dos Estados Unidos e da Europa.
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A prefeitura de São Paulo, por sua vez, comprou, em caráter emergencial, 50 mil testes rápidos. A aquisição, feita sem licitação no dia 28/4, custou R$ 7,45 milhões, segundo apurou o G1. Outra compra emergencial da prefeitura importou 1,8 mil exames do tipo RT-PCR, o mesmo que é usado para diagnosticar, com maior precisão, pacientes já internados. Nenhuma das empresas que forneceram os testes à prefeitura têm registro na Anvisa.
Em nota, a Anvisa confirmou que o prazo médio para aprovação de um pedido de registro é de 15 dias, mas que no caso dos exames sem registro, eles podem ser usados após análise do gestor local. O Instituto Butantan revelou que está utilizando os testes enviados pelo Ministério da Saúde já aprovados pela vigilância para realizar, por dia, até 5 mil testes RT-PCR. Já a prefeitura de São Paulo informou, em nota, que cancelou a compra dos testes rápidos que ainda aguardam registro.
Segundo a Anvisa revelou ao G1, entre 18 de março e 4 de maio, a Agência recebeu 256 pedidos de registro de testes para diagnóstico da Covid-19. Desse total, 82 estão em análise pela área responsável, 59 foram aprovados e 17 foram recusados. Outros ainda aguardam complementação de informações por parte das empresas.
IPT desenvolve teste considerado mais eficiente por universidade americana
Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) estão desenvolvendo um teste de coronavírus que vai detectar a presença do vírus na saliva, considerado tão ou mais eficaz para detectar presença do vírus, além de ser mais seguro do que a coleta nasal para os profissionais de saúde que fazem o colhimento.
“A ideia é ter um teste que possa reconhecer a presença do vírus na saliva e gerar uma resposta instantânea ou praticamente imediata, sem a necessidade de uma estrutura laboratorial ou equipamentos mais sofisticados pra traduzir essa resposta”, explicou ao G1 a pesquisadora do IPT, Natália Neto Pereira.
De acordo com especialistas, o método tradicional de obtenção de amostras para diagnóstico, que prevê a inserção de cotonete na nasofaringe, expõe trabalhadores de saúde à infecção. A conclusão foi apresentada em um estudo publicado por cientistas da Universidade Yale, que conduziram testes em 142 indivíduos em um hospital de New Haven, nos Estados Unidos, para comparar as duas técnicas.
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