A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento indicado para pacientes que estão em tratamento de câncer de próstata, o Nubeqa (darolutamida). Desenvolvido pelas farmacêuticas Bayer e Orion Corporation, o produto já havia sido liberado nos Estados Unidos, em julho deste ano, pela FDA Priority Review.
O medicamento é indicado em casos de tumores que ainda não desenvolveram metástase e que deixaram de responder à terapia hormonal, mas que apenas apresentam o risco de proliferação. A metástase é quando as células cancerosas passam por meio da corrente sanguínea ou dos vasos linfáticos para outras áreas do corpo.
O tratamento hormonal, também conhecido pelos nomes de terapia de privação de andrógeno ou terapia de supressão androgênica, tem o objetivo de reduzir os níveis dos hormônios masculinos (andrógenos), no corpo do paciente, que são responsáveis por estimular o crescimento das células do câncer de próstata.
No entanto, em alguns casos, existe uma forma mais avançada do tumor em que a doença resiste ao método, e o câncer continua progredindo apesar do tratamento. Nesse cenário, o darolutamida impede que o hormônio seja recebido pelas células da doença, retardando a disseminação do tumor sem acrescentar efeitos colaterais graves.
Segundo o uro-oncologista, Murilo Luz, o principal objetivo do medicamento é atrasar o surgimento da metástase: “Tendo isso em vista, os resultados foram satisfatórios, aqueles que estavam em tratamento com o darolutamida demoraram em torno de 40 meses (quase quatro anos) para desenvolver metástases sem ter sua rotina normal afetada, enquanto o grupo que recebeu placebo desenvolveu metástase em uma média de 18 meses”.
O laboratório também ressalta que o medicamento consegue agir no tratamento sem grande penetração no sistema nervoso central, permitindo ao paciente que faça uso da terapia sem grandes interferências no seu cotidiano.
Por fim, o médico enfatiza: “Além de todos os subgrupos de pacientes, mais jovens ou mais velhos, com a doença mais ou menos agressiva, terem sido beneficiados, a droga apresentou um perfil de segurança muito bom, com pouquíssimos eventos adversos graves observados. O principal deles, a fadiga, se mostrou presente em apenas 12% dos casos, sendo que 9% dos pacientes que receberam placebo também apresentaram o sintoma”, finaliza.
Quando estava em fase de pesquisa, a terapia foi testada em 1.500 pacientes de 150 centros de análises distribuídos pelo mundo, sendo 25 no Brasil.
Câncer de próstata no Brasil e no mundo
De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás somente dos tumores de pele não melanoma. No mundo, o órgão aponta que a taxa de incidência é maior nos países já desenvolvidos em comparação aos que estão em processo de desenvolvimento.