Os genéricos vivem um de seus melhores momentos no País. E para comemorar essa performance, em 20 de maio, é celebrado o Dia Nacional do Medicamento Genérico no Brasil, uma data que marca a entrada em vigor da Lei 9.787/1999, que regulamenta a produção e a comercialização de medicamentos genéricos.
Em 2024, a categoria registrou um crescimento de 10,13% no terceiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2023 — o maior índice dos últimos cinco anos. O número supera, com folga, o desempenho do mercado total de medicamentos, que cresceu 7,66% no mesmo intervalo. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos).
Segundo a entidade, entre julho e setembro de 2024 foram comercializadas mais de 583,8 milhões de unidades de genéricos em todo o país. O desempenho reflete uma tendência de expansão contínua: em 2023, o segmento já havia crescido 5% em unidades vendidas, enquanto o mercado total recuou 0,26%, de acordo com a associação.
Genéricos: cada vez mais presentes no balcão
Os genéricos representaram 38% das vendas totais de medicamentos em unidades em 2024. Para efeito de comparação, essa participação era de 34,64%, em 2020; 35,30%, em 2021; e 37,17%, em 2023. A expectativa é que a categoria atinja 40% do mercado nos próximos quatro anos, de acordo com a entidade.
Esse avanço tem impacto direto no dia a dia das farmácias, especialmente nas independentes e nas redes que apostam em mix mais econômicos. Os genéricos, por lei, custam pelo menos 35% menos que os medicamentos de referência, mas na prática esse desconto chega a uma média de 67%.
Além disso, estima-se que, desde a chegada dos genéricos ao mercado brasileiro em 1999, os consumidores já economizaram mais de R$ 329 bilhões.
Categoria essencial em doenças crônicas
O papel dos genéricos é ainda mais expressivo no tratamento de doenças crônicas. De acordo com dados da PróGenéricos, em 2023 os genéricos representaram:
- 75% das vendas em unidades de medicamentos para hipertensão;
- 81,4% no tratamento do colesterol;
- 67% entre os antidepressivos;
- 73,5% nos ansiolíticos.
Esse comportamento demonstra que os genéricos não são apenas uma opção de economia, mas de acesso efetivo à saúde para pacientes em tratamentos contínuos.
Confiança consolidada
Segundo dados do instituto de pesquisa IQVIA, 92,7% dos consumidores brasileiros aceitam substituir um medicamento de marca por um genérico, o que mostra uma aceitação consolidada. Outro levantamento da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma) indica que 93% dos brasileiros confiam na eficácia dos genéricos.
Esse nível de confiança reflete os esforços de regulação e fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige testes de bioequivalência rigorosos antes da aprovação de qualquer medicamento genérico.
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Indústrias líderes puxam crescimento
O Brasil conta atualmente com 102 laboratórios autorizados a produzir genéricos, segundo a PróGenéricos. Eles oferecem mais de 4.665 apresentações diferentes, que abrangem 528 princípios ativos e associações.
Entre os laboratórios que lideram as vendas de genéricos no país, destacam-se:
- EMS, que detém a maior participação de mercado;
- Cimed, conhecida por sua forte presença no varejo e campanhas de marketing agressivas;
- Medley (Sanofi), com foco em genéricos e similares;
- Eurofarma, com uma ampla linha de genéricos e atuação internacional;
- Teuto, tradicional fabricante com forte presença no mercado popular.
Essas indústrias apostam não apenas em volumes, mas em portfólios amplos, abrangendo desde os medicamentos mais vendidos até nichos terapêuticos específicos.
Varejo farmacêutico e o peso dos genéricos
No ponto de venda, os genéricos têm um papel fundamental na margem de contribuição das farmácias. Com preços mais acessíveis e alta rotatividade, tornam-se estratégicos para farmácias que enfrentam margens apertadas com medicamentos de marca e produtos de conveniência.
De acordo com levantamento da IQVIA, as farmácias que operam com um sortimento equilibrado de genéricos conseguem ampliar significativamente o tíquete médio e a fidelização de clientes em busca de tratamentos contínuos com menor impacto financeiro.
Perspectivas: biossimilares e novos saltos
Além dos genéricos, outro segmento que começa a ganhar tração é o dos biossimilares — medicamentos biológicos similares aos de referência. De acordo com a PróGenéricos, a participação dos biossimilares passou de 1,64% em junho de 2021 para 9,72% em junho de 2024, abrindo uma nova frente para o crescimento da indústria e da acessibilidade.
Com a consolidação da categoria de genéricos e a entrada de biossimilares, a expectativa é de que o mercado farmacêutico brasileiro mantenha uma trajetória sustentável e inclusiva, ampliando o acesso à saúde para a população e fortalecendo o setor como um todo.
Farmacêuticos: protagonistas em toda a cadeia dos genéricos
O sucesso dos medicamentos genéricos no Brasil tem, entre seus pilares, o protagonismo dos farmacêuticos, que atuam de forma estratégica em todas as etapas da cadeia produtiva e comercial. Desde o desenvolvimento até a dispensação, esses profissionais são peças-chave para garantir qualidade, segurança, eficácia e acesso.
Na indústria farmacêutica, farmacêuticos lideram os processos de pesquisa e desenvolvimento, incluindo testes de bioequivalência, validações analíticas e formulações farmacotécnicas, que asseguram que os genéricos tenham o mesmo desempenho terapêutico dos medicamentos de referência. Também são responsáveis pelo controle de qualidade, boas práticas de fabricação (BPF) e registros sanitários, garantindo conformidade com os rigorosos critérios da Anvisa.
No varejo farmacêutico, assumem papel essencial como educadores em saúde, orientando pacientes sobre a substituição segura de medicamentos, derrubando preconceitos e promovendo escolhas mais conscientes. Além disso, com visão estratégica de negócio, muitos farmacêuticos atuam na gestão de estoques, definição de mix de produtos e negociação com distribuidores, sendo fundamentais para a sustentabilidade financeira das farmácias, especialmente nas redes independentes.
Na distribuição e logística, farmacêuticos asseguram que os medicamentos sejam armazenados e transportados conforme normas técnicas, preservando sua eficácia até o ponto de venda. Já nas instituições públicas, muitos contribuem com a elaboração de políticas de acesso e programas de medicamentos essenciais, nos quais os genéricos têm papel central.
Em um cenário de crescimento consistente e consolidação da confiança da população nos genéricos, o farmacêutico se firma como agente indispensável para garantir não apenas a viabilidade técnica e comercial da categoria, mas também sua missão maior: democratizar o acesso à saúde com segurança e qualidade.
Capacitação farmacêutica
Para se capacitar e estar apto para atuar na indústria farmacêutica, ou mesmo, ascender na carreira, o ICTQ oferece cursos de pós-graduação nessas áreas, por exemplo:
- Gestão da Qualidade e Auditoria na Indústria Farmacêutica – aborda Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos, garantia de qualidade: ferramentas, indicadores e CAPA, documentação técnica aplicada ao sistema de gestão da qualidade, análise e gerenciamento de riscos, revisão periódica de produto, qualificação e validação, integridade de dados etc.
- Assuntos Regulatórios na Indústria Farmacêutica - voltada aos assuntos regulatórios que regem a indústria farmacêutica no Brasil, farmacovigilância, estudos de equivalência e bioequivalência, vigilância sanitária em portos, aeroportos e fronteiras, legislação tecnovigilância, registro de insumos farmacêuticos, pós-registro de medicamentos, auditoria farmacêutica etc.
- P&D Analítico e Controle de Qualidade na Indústria Farmacêutica – inclui o desenvolvimento para o manejo de técnicas e instrumentação analítica que auxiliarão em competências na pré-formulação e formulação de medicamentos. Além disso, o conteúdo inerente à validação de processos dará maior segurança para atuar na produção e desenvolvimento de medicamentos.
- Gestão e Tecnologia Industrial Farmacêutica - qualificação de fornecedores, boas práticas de fabricação, de laboratório, métodos cromatográficos, validação de processos etc.
Além disso, o ICTQ também oferece cursos que irão capacitar os interessados em diferentes abordagens da farmácia clínica: Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica, Farmácia Clínica em Unidade de Terapia Intensiva, Farmácia Clínica em Cardiologia, Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, Farmácia Clínica de Endocrinologia e Metabologia entre outros.
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