Na primeira semana do ano de 2025 as cidades do litoral de São Paulo, principalmente a Baixada Santista e o Litoral Norte, sofrem com um surto de virose (principalmente por norovírus) e com cerca de 38 praias impróprias para banho. Isso tem causado um aumento muito significativo na procura por atendimento farmacêutico e por medicamentos para alívio de sintomas como diarreia, náuseas e vômitos, cólicas abdominais, febre e mal-estar geral.
Fundamental lembrar que o farmacêutico clínico é, geralmente, o primeiro ponto de contato da população com um profissional de saúde, e isso mostra a necessidade de esse profissional estar munido de informações técnicas sobre esses sintomas, mas, também, oferecer o acolhimento necessário para poder atender melhor à população.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande (SP) confirmou que as unidades de urgência e emergência estão realizando atendimentos relacionados a casos de virose com maior frequência nesses primeiros dias de 2025, sendo que mais de sete mil pessoas foram atendidas em apenas dois dias, o que representa um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já a Prefeitura de Guarujá (SP) afirma que o aumento dos casos pode estar relacionado à contaminação do mar por esgoto clandestino, levantando a questão sobre o tratamento de esgoto e a qualidade da água do mar, com investigações em andamento para identificar a origem da contaminação.
Papel do farmacêutico clínico no surto
O professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e diretor de Marketing do Grupo Farma Ponte, Ricardo Leite, entende que o farmacêutico clínico, dentro da farmácia, deve atuar em várias frentes: “Primeiramente, ele deve ajudar trabalhando na informação e conscientização da população sobre os cuidados para não contrair a virose, sobre a questão da higienização e a alimentação, e os cuidados básicos com a saúde”.
O segundo ponto em que ele pode ajudar é no atendimento correto da dispensação da prescrição médica. Algumas vezes, esses surtos precisam de antibióticos para casos um pouco mais graves, defende o professor. “Assim, o farmacêutico pode ajudar na orientação e na dispensação correta, ou seja, dispensação da quantidade certa, na posologia correta, na orientação de como utilizar os medicamentos e dos cuidados gerais”.
E o terceiro aspecto citado por Leite é quando a pessoa não consulta um médico e vai diretamente à farmácia, e o farmacêutico clínico é quem acaba identificando a virose. Então, ele pode dar os cuidados iniciais de hidratação e para minimizar os sintomas e encaminhar o paciente, o mais rapidamente possível, para um serviço de saúde.
Atuação do Conselho
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Marcelo Polacow, o CRF-SP orienta os farmacêuticos a sempre atuarem com ética e responsabilidade perante crises sanitárias como essa: “Além disso, no caso de dúvidas, eles devem, sempre, consultar os órgãos de saúde públicas do município, vigilância sanitária e epidemiológica, além do próprio departamento de orientação farmacêutica do CRF-SP”.
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Polacow acrescenta, ainda, que, durante surtos de virose, especialmente em regiões turísticas ou de grande circulação, como o litoral, que os farmacêuticos clínicos desempenham um papel essencial na orientação e suporte à população. Ele indica algumas ações importantes que esses profissionais podem adotar:
1. Educação e orientação
- Orientar sobre prevenção: ensinar práticas de higiene, como lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel e evitar contato próximo com pessoas doentes;
- Informar sobre sintomas: explicar os sintomas mais comuns da virose (febre, vômitos, diarreia, dores musculares) e quando buscar atendimento médico;
- Alertar sobre hidratação: reforçar a importância de ingerir líquidos, como água, água de coco e soro caseiro, para evitar a desidratação.
2. Fornecimento de produtos essenciais
- Estoques reforçados: garantir disponibilidade de medicamentos básicos, como antitérmicos, analgésicos, probióticos e sais de reidratação oral;
- Soro fisiológico e álcool em gel: disponibilizar produtos de higiene e prevenção.
3. Atendimento humanizado
- Identificar sinais de alerta: treinar a equipe para reconhecer casos que precisam de encaminhamento para as unidades de saúde, como desidratação grave ou febre alta persistente;
- Escuta ativa: prestar um atendimento acolhedor para tranquilizar a população.
4. Colaboração com autoridades de saúde
- Notificação de casos: informar às secretarias de saúde sobre surtos ou aumento incomum na demanda por medicamentos relacionados a viroses;
- Campanhas locais: participar de ações comunitárias, como distribuição de materiais educativos.
5. Controle de limpeza e higiene na farmácia
- Intensificar a limpeza do ambiente da farmácia, principalmente em superfícies de maior contato, para evitar a disseminação do vírus.
“Com essas ações, os farmacêuticos clínicos podem ajudar a mitigar os impactos do surto, promovendo saúde e bem-estar à população local e aos turistas”, ressalta Polacow, que complementa: “o CRF-SP conta com um grupo técnico de cuidado farmacêutico em infectologia que sempre acompanha casos como esse e elabora guias e manuais de conduta nessas situações”.
Gestão farmacêutica e capacitação
“Do ponto de vista de gestão, a equipe da farmácia deve se organizar para ter os produtos sazonais demandados. Então, a gente sabe que, nessa época de verão, é fundamental preparar o estoque para produtos que são prescritos para virose, para hidratação, para diarreia. Há alguns MIPs que podem ser prescritos pelo farmacêutico clínico. Então, ele precisa estar preparado para fazer essa prescrição corretamente”, finaliza Leite.
Para quem deseja se capacitar no tema, o ICTQ oferece alguns cursos de pós-graduação que devem interessar:
- Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica;
- Farmácia Clínica em Unidade de Terapia Intensiva;
- Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica;
- Gestão de Negócios Farmacêuticos; entre outros.
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