Os valores de medicamentos genéricos apresentaram variação de até 678%, conforme aponta pesquisa divulgada nesta quinta-feira (24/9) pelo Procon de Goiás. Aumento sentido pelo consumidor é maior que o reajuste autorizado pelo Governo Federal, diz a instituição.
Devido à maior concorrência entre os diversos laboratórios, os medicamentos genéricos normalmente registram grandes variações de preços, mas nesse levantamento do Procon a disparidade surpreendeu. A maior oscilação encontrada na pesquisa, de 678,50%, foi verificada no Sulfato de Salbutamol (2mg/5ml/120ml), encontrado à venda de R$ 3,21 a R$ 24,99.
Outro exemplo é a Nimesulida (100mg/12comp). O menor preço encontrado foi de R$ 3,55 e o maior, R$ 26,00 – variação de 632,39%. Já entre os medicamentos de referência, a maior variação foi verificada no Voltarem (Diclofenaco Sódico 50mg/20comp.) do laboratório Novartis, com preços variando entre R$ 12,00 e R$ 39,62 – oscilação de 230,17%.
O levantamento foi realizado em drogarias de várias regiões de Goiânia entre 17 e 23 de setembro. Foram verificados os preços de 65 tipos de medicamentos (33 de referência e 32 genéricos), obedecendo à mesma apresentação, denominação e laboratórios.
Segundo o Procon, para o levantamento de preços, foram considerados os valores praticados para o cliente comum, ou seja, independente da exigência de cadastro seja pela própria rede ou por laboratórios. Também não foi considerada nenhuma condição especial como desconto para aposentados, empresas ou clientes de planos de saúde conveniados.
Preços subiram mais do que reajuste do Governo
De acordo com a pesquisa, a Amoxicilina (500mg/21cápsulas) tinha o preço médio praticado no ano passado de R$ 13,58 e atualmente, R$ 20,48, ou seja, aumento médio de 50,84%. Já o medicamento Diclofenaco Sódico (50mg/20comp.) tinha o preço médio em 2019 de R$ 6,36 e agora, R$ 9,96 – aumento médio de 56,66%. “Se o Governo Federal autorizou o percentual máximo de reajuste em até 5,21%, como se explica um aumento nessa proporção?”, questiona o Procon-GO em comunicado.
O reajuste nos preços dos medicamentos é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e normalmente acontece em março, passando a valer a partir de 1º de abril. No entanto, como forma de atenuar os efeitos econômicos da pandemia, o Governo e a indústria farmacêutica fizeram um acordo para adiar a correção por 60 dias. Pela resolução publicada no Diário Oficial, o reajuste máximo permitido para este ano será aplicado em três faixas: de 5,21%, 4,22% e 3,23%, a depender do tipo de medicamento. Em compensação, o teto do aumento autorizado é superior ao do ano passado, de 4,33%.
Esse percentual de aumento não é automático nos preços, mas uma definição de teto permitido de reajuste, ou seja, cada empresa poderá optar pela aplicação do índice total ou menor, dependendo de suas estratégias comerciais. Como a concorrência, principalmente entre os genéricos, é grande pelo fato de vários laboratórios produzirem, os preços praticados em sua maioria são bem menores que o preço máximo permitido. “Dessa forma, mesmo que o reajuste aplicado seja maior, ainda assim o valor é inferior ao preço máximo que cada estabelecimento pode praticar”, assinala o Procon.
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Segundo o órgão de defesa do consumidor, apesar da alta variação de preços constatada na pesquisa, quem opta pelos genéricos pode economizar até 88%. É o caso do medicamento de referência Nisulid (100mg/12comp.), do laboratório Aché. Em uma drogaria visitada pelo Procon goiano, ele custa R$ 40,83. Já o genérico Nimesulida, na mesma apresentação, custa R$ 4,88. Uma diferença de 88,04%.
Ainda segundo o Procon, na pesquisa foi constatado que um genérico fabricado pelo mesmo laboratório também pode apresentar preços diferentes entre as drogarias, inclusive entre estabelecimentos de uma mesma rede. “Por isso, a pesquisa de preços é essencial, sempre aliada à recomendação e prescrição médica”, orienta a instituição.
É possível consultar a lista de Preços Máximos ao Consumidor (PMC) dos medicamentos no site da Anvisa (www.anvisa.gov.br). A consulta também pode ser realizada nas listas de preços que devem estar disponíveis ao consumidor nas unidades do comércio varejista, conforme determina a CMED.
Para consultar a íntegra da pesquisa acesse aqui.
Para efeito de comparação, vale lembrar que o ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico produziu uma pesquisa abrangente (16 capitais de todas as regiões do País) sobre variação de preços de medicamentos genéricos. Veja neste link os resultados do estudo.
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