Covid-19: por que o teste rápido da farmácia vai dar errado

Covid-19: por que o teste rápido da farmácia vai dar errado

Muitos brasileiros estão fazendo ou buscando fazer testes rápidos para detectar a presença do novo coronavírus. Boa parte desses testes usa apenas uma amostra de sangue e detectam anticorpos (IgM e IgG) como forma de identificar quem já teve contato com o vírus. O problema é que eles não servem para dizer se a pessoa está ou não doente. Apenas revelam que teve contato com o vírus.

Esses testes, que por sua característica devem ser chamados de sorológicos, não são recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e seu uso indevido pode trazer graves consequências de saúde pública, conforme revela o jornal O Globo. Anticorpos só dizem se a pessoa teve contato com o vírus, e se esse contato foi recente (quando aparece o anticorpo IgM) ou se foi há mais tempo (anticorpo IgG).

Para sua realização, os testes precisam apenas de uma gota de sangue e não requerem treinamento especial. São mais baratos e fáceis de fabricar, o que tem gerado problemas de controle de qualidade. Para piorar, eles têm até 80% de falsos negativos: ou seja, de cada cinco pessoas que têm anticorpos, só uma testará positivo, diz a reportagem.

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Apesar das inconsistências, eles vêm sendo usados, de modo impróprio, no diagnóstico da Covid-19. Aparecem à venda em farmácias e laboratórios, por preços que vão até R$ 500. Em Brasília, mutirões desses testes foram organizados para diagnosticar e orientar pessoas. A iniciativa, ainda que louvável, é equivocada, segundo especialistas ouvidos pelo jornal.

Há dois tipos de teste para Covid-19: além do sorológico, tem o molecular. Este, conhecido como PCR em tempo real, verifica a presença do RNA do vírus. A amostra precisa ser colhida por um swab, ou bastonete, na garganta. O profissional de saúde deve ter equipamentos de segurança, o processamento pede laboratórios e profissionais especializados e os insumos são importados.

É bastante preciso, identifica o vírus mesmo em pacientes assintomáticos. Além disso, sabendo quem está infectado, pode-se isolar a pessoa, rastrear seus contatos e, assim, traçar um panorama da transmissão. Mas, para dar resultado abrangente, dizem os especialistas, é necessário testar muita gente. Com ele, Alemanha e Coreia do Sul conseguiram mapear a pandemia.

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Já os mutirões em Brasília foram organizados selecionando as pessoas com sintomas de Covid-19 há mais de uma semana para fazer o teste sorológico. Se o resultado desse positivo, o indivíduo fazia o teste molecular. Um procedimento questionável, segundo especialistas.

Um dos problemas é que se o paciente testar negativo para os anticorpos ele é liberado, mas na verdade pode estar com o vírus ativo. Só que ainda não tem anticorpos suficientes para o teste notar. Ao imaginar que não tem Covid-19, o cidadão sente-se seguro, para de usar máscara e segue vida normal, colocando em risco quem tiver contato com ele.

Outro crítica ao procedimento é que se a pessoa testar positivo no sorológico, fazer o molecular e der negativo. Essa pessoa provavelmente já teve contato com o vírus, produziu anticorpos e se recuperou. Gastou-se um teste molecular, caro e escasso, à toa, na visão dos cientistas ouvidos pelo Globo.

Para os especialistas, testes sorológicos rápidos só têm uma função: após o pico da pandemia, saber quem desenvolveu imunidade e, talvez (se houver motivo para acreditar que a imunidade se mantém no longo prazo), liberar as pessoas da quarentena. No momento atual, não passam de distração e desperdício, afirmam.

A Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) é contra a liberação dos testes rápidos em farmácias, proposta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende colocar em discussão amanhã (28/04).

Em nota no site da entidade, o presidente da SBAC, Luiz Fernando Barcelos, comenta que “a possibilidade de realizar testes fora do ambiente laboratorial não anula a sua condição de exame de análises clínicas, e, dessa forma, precisa ser realizado com segurança, sob a responsabilidade de um laboratório e sempre sob a guarda do controle de qualidade (interno e externo)”.

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