O governo de Donald Trump instruiu organizações em outros países a pararem de distribuir medicamentos para HIV comprados com auxílio dos EUA, mesmo que os medicamentos já tenham sido obtidos e estejam em clínicas locais.Óculos sujos e riscados? Um truque caseiro com dois ingredientes da cozinha pode resolver
A diretriz faz parte de um congelamento mais amplo da ajuda externa iniciado na semana passada e inclui o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids (PEPFAR), um programa global de saúde iniciado por George W. Bush que é creditado por salvar mais de 25 milhões de vidas em todo o mundo.
O governo americano já havia se movimentado para impedir que o financiamento do plano fosse transferido para clínicas, hospitais e outras organizações em países de baixa renda.
Consultas estão sendo canceladas e pacientes estão sendo rejeitados nas clínicas, de acordo com pessoas que acompanham a situação, mas que temem retaliação se falassem publicamente. Muitas pessoas com HIV estão enfrentando interrupções abruptas em seu tratamento.
Sem tratamento, os níveis de vírus em pessoas com HIV aumentarão rapidamente, prejudicando o sistema imunológico das pessoas infectadas e aumentando as chances de que elas espalhem o vírus para outras pessoas.
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Cerca de uma em cada três mulheres grávidas não tratadas pode transmitir o vírus para seus bebês.
O tratamento interrompido também pode levar ao surgimento de cepas resistentes que podem se espalhar pelo mundo.
Um estudo estimou que, se o PEPFAR acabasse, cerca de 600 mil vidas seriam perdidas na próxima década somente na África do Sul. E essa nação depende do plano para apenas 20% de seu orçamento para o HIV. Alguns países mais pobres são quase totalmente dependentes do programa.
— Este é outro dominó no impacto devastador do congelamento prejudicial aos programas, deixando vidas em jogo — afirma Jirair Ratevosian, que atuou como chefe de gabinete do PEPFAR durante o governo Biden.
Sem comunicação
Mas a maioria das autoridades federais também está sob ordens estritas de não se comunicar com parceiros externos, levando à confusão e ansiedade.
Autoridades dos EUA também foram instruídas a parar de fornecer assistência técnica aos ministérios nacionais da saúde.
— Os parceiros com os quais colaboramos estão em choque e não sabem o que fazer porque sua missão e compromisso de salvar vidas foram violados — conta Asia Russell, diretora executiva do grupo de advocacia Health Gap.
No final da noite de domingo, de acordo com um e-mail obtido pelo The New York Times, funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) foram instruídos, com efeito imediato, a parar de se comunicar com o pessoal da Organização Mundial da Saúde.
Mais tarde, eles foram orientados a nem mesmo estar na mesma sala de reunião — real ou virtual — que os funcionários da OMS ou a participar de conversas por e-mail nas quais os membros da equipe da OMS também estejam envolvidos.
Alguns disseram que estavam com muito medo de entrar em contato com colegas que consideram amigos, mesmo que apenas para se despedir, e não queriam ser identificados por medo de retaliação.
Na tarde de segunda-feira, autoridades em todo o mundo foram alertadas de que os sistemas de dados do PEPFAR seriam desligados às 18h (horário dos EUA) — aproximadamente três horas após o recebimento do e-mail — imediatamente fechando o acesso a todos os conjuntos de dados, relatórios e ferramentas analíticas.
"Os usuários devem priorizar a cópia de documentos e dados importantes", diz o e-mail visualizado pelo The Times.
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