Focado em ampliar a capacidade de produção de vacina contra a Covid-19 para atender à população nacional e, futuramente, até mesmo internacional, o Governo Federal está estudando a possibilidade de utilizar fábricas de vacinas destinadas a animais para a produção de imunizantes contra o coronavírus.
A informação foi dada em 03/04, pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, após reunião com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, e publicada pela Istoé Dinheiro.
Na reunião, Queiroga declarou que, além da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto Butantan, será feita também uma análise técnica "para a adequação dos parques que produzem vacinas animais para utilizá-los para produzir vacinas em humanos". Contudo, não citou nomes de quais seriam esses parques.
"Verificar a adequação dos parques industriais que produzem vacinas animais, para utilizar esses parques para produzir vacinas em humanos, não só para abastecer o mercado interno e ampliar a nossa capacidade de vacinação, mas também para que o Brasil, na sua posição de líder em vacinação na América latina, para em breve, se tudo ocorrer como nos programamos, oferecer vacinas para outros países na América Latina", disse Queiroga.
O ministro pontuou que, além da produção das doses dos imunizantes, também conversou com Adhanom sobre medidas para garantir mais vacinas nos próximos três meses ao Brasil, pois, no momento, a prioridade do Governo é ampliar a campanha de vacinação.
De acordo com ele, o País tem asseguradas 30 milhões de doses para abril e esse montante possibilita que o Governo continue com a meta de aplicação de 1 milhão de doses ao dia. Entretanto, cabe lembrar, até o momento, essa marca só foi alcançada uma vez, na última quinta-feira (01/04).
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O ministro também destacou que o Brasil tem “negociado fortemente” com a embaixada da China sobre a ampliação de disponibilidade do Insumo Farmacêutica Ativo (IFA), assim como a Fundação Oswaldo Cruz está em diálogo com a AstraZeneca para a produção de um IFA nacional, medida que daria mais autonomia ao Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) viu a estratégia, de adaptação da indústria de produtos de saúde animal para Covid-19, de forma positiva e não se opôs à medida.
A indústria brasileira de saúde animal possui três plantas com nível de biossegurança máxima. O vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), Emílio Salani, declarou que essa indústria tem capacidade suficiente para atender à demanda de vacinação em todo o País.
Aprovações da Anvisa
Em março passado, a Anvisa concedeu aprovação para uso definitivo dos imunizantes de Oxford-AstraZeneca, em parceria com a FioCruz, e da farmacêutica Pfizer, em conjunto com a BioNTech.
Em aprovação de uso emergencial, no Brasil, há as vacinas Coronavac – da parceria chinesa da Sinovac com o Instituto Butantan – e a Janssen, braço da Johnson & Johnson.
Velocidade na aprovação da vacina
A velocidade do desenvolvimento de imunizantes contra a Covid-19 pode ser um tema que ainda traz dúvidas a algumas pessoas. O gerente-geral da Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, explicou os motivos que contribuíram para que os cientistas desenvolvessem vacinas contra o coronavírus de forma tão rápida.
“O conhecimento científico na área de vacinas avançou muito, sendo que nesse último ano já existia esse conhecimento relacionado a testes de outros imunizantes, para outras doenças, que permitiu que não se começasse do zero. Então, já existia a ideia, por exemplo, de vacina com vírus inativado, com RNA, ou seja, com o material genético do próprio vírus para desenvolvimento de uma vacina”, afirma Mendes.
Além do conhecimento científico, “outra questão é que agências reguladoras de todo o mundo tiveram que repensar os seus procedimentos, permitindo que estudos clínicos pudessem ser aceitos e desenvolvidos de forma mais rápida”, explicou Mendes, em vídeo no canal do Youtube do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Tecnologia para o Mercado Farmacêutico, entidade na qual ele dá aulas na Pós-graduação de Assuntos Regulatórios, entre outros cursos. Confira o vídeo completo aqui.
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