O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou novamente que não irá tomar a vacina contra o novo coronavírus (Covid-19), quando o antígeno for liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a imunização da população brasileira. “Eu não vou tomar vacina e ponto final. Minha vida está em risco? O problema é meu”, disse o chefe de Estado, em entrevista ao Brasil Urgente, da Band, na terça-feira (15/12).
Vale lembrar que o presidente já foi infectado pelo vírus, nesse sentido, nesta semana, o pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas (Fiocruz-AM), Felipe Naveca, emitiu um alerta sobre reinfecção por coronavírus. De acordo com ele, quem já foi contaminado pela Covid-19 pode ser infectado novamente e de uma forma mais grave.
"No mundo, há relatos de pessoas que na segunda infecção tiveram formas mais graves. Ou seja, não quer dizer que você está protegido ou que você não vai ter uma forma mais agressiva na segunda vez. É um vírus que conhecemos há menos de um ano. Tem muitas lacunas. Se para outros vírus que conhecemos há décadas não temos todas as respostas, imagine para esse", disse ele, em matéria publicada no G1.
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Apesar de afirmar que não tomará o antígeno, Bolsonaro destacou que dará o aval para a compra das vacinas em território nacional, revelando que o Governo irá liberar R$ 20 bilhões para a aquisição dos imunizantes autorizados pela Anvisa. Contudo, ele reforçou que a vacinação em massa não deve ser obrigatória.
“É universal, à disposição de quem quiser. Mas tem que ter responsabilidade. O fabricante fala que não é responsável por efeito colateral nenhum”, pontuou o presidente, levantando dúvidas sobre a eficácia de um potencial antígeno.
Disputa política
É importante lembrar que no pacote de possíveis vacinas que deverão ser liberadas para a população brasileira está, inclusive, a CoronaVac, que apesar de ser produzida pelo Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac acabou entrando para o epicentro de uma disputa política entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rival político do presidente.
A polêmica foi tão grande que Doria chegou a anunciar a importação, fabricação e até a data de imunização de forma independente do Governo Federal.
Movimento antivacina
Nos últimos anos, o Brasil constatou uma queda de cobertura vacinal do calendário de imunização. Em 2019, por exemplo, nenhum dos antígenos básicos alcançou a meta estipulada para as campanhas de vacinação, segundo UOL.
Nesse sentido, muitos especialistas destacam que há vários motivos para esse cenário, sendo um deles a disseminação de informações falsas pelo movimento antivacina, que vem ganhando força em território nacional.
Exemplo disso está acontecendo atualmente, mesmo com a vacina contra a Covid-19 em discussão em todo o mundo. Recente pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, em outubro de 2020, apontou que 22% dos brasileiros não pretendem se vacinar para se proteger do novo vírus.
Em contrapartida, 73% destacam que vão participar da imunização e outros 5% disseram que não sabem. Em agosto deste ano, outra pesquisa nacional apontava que apenas 9% não queriam se vacinar, contra 89% que pretendiam ser imunizados.
Outro dado alarmante está diretamente associado à confiança de uma parcela de brasileiros que acreditam em Bolsonaro. Um terço daqueles que afirmam sempre confiar no presidente disse que não vai se vacinar, enquanto esse número cai para 16% entre os que garantem nunca confiar no chefe do Executivo.
Medicamentos sem eficácia
Ainda na entrevista, Bolsonaro destacou novamente que confia em medicamentos que, comprovadamente, não apresentaram eficácia em combater à Covid-19 em estudos, como a hidroxicloroquina e a ivermectina. "Salvou minha vida”, garantiu o presidente. “E minha mãe de 93 anos tem sempre uma caixa do lado dela", completou.
Por fim, ele recomendou: “Alguns falam que não tem comprovação científica...Eu sei disso, mas não tem contraindicação. Está aí à disposição, pegou, toma”, encerrou ele, propagando a automedicação.
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