O presidente bielorrusso Alexander Lukashenko (foto), que indicou vodca como tratamento para a Covid-19, afirma ter contraído a doença. Lukashenko chegou a chamar a pandemia de 'psicose' e é um dos poucos líderes do mundo que não impôs medidas de isolamento em seu país.
Lukashenko, que lidera o país menos democrático da Europa com mãos de ferro (está no poder desde 1994), sempre minimizou a gravidade da Covid-19 e se recusou a apoiar medidas de distanciamento social no país, mantendo inclusive estádios de futebol abertos durante toda a pandemia. Para ele, vodca e sauna bastariam para curar os pacientes com Covid-19.
“O mundo ficou maluco com o coronavírus. Essa psicose aleijou as economias nacionais em quase todos os lugares do mundo”, afirmou Lukashenko, de 65 anos, para quem uma boa lida no campo ou uma partida de hóquei no gelo poderiam ajudar a proteger contra a infecção provocada pelo novo coronavírus.
Esse negacionismo não impediu, contudo, de o ditador testar positivo para o vírus. “Graças a Deus, eu estou entre aqueles que não apresentaram sintomas”, disse Lukashenko, de acordo a televisão pública do seu país e reportada pelas agências internacionais. “Hoje você encontra um homem que conseguiu sobreviver ao coronavírus. Isso foi o que os médicos concluíram. Estou assintomático. Como eu disse, 97% da nossa população carrega essa infecção de forma assintomática”, afirmou Lukashenko, segundo a Reuters.
Lukashenko disse em abril que ninguém morreria por causa do novo coronavírus na Bielorrússia e que qualquer morte seria resultado de condições subjacentes, como doenças cardíacas ou diabetes. Segundo a Reuters, a Bielorrússia, com uma população de 9,5 milhões, registrou 67,3 mil infecções por coronavírus, com 543 mortes, de acordo com números oficiais – se é que se pode confiar neles.
Negacionistas
Lukashenko não está sozinho no time dos presidentes que classificaram a pandemia da Covid-19 de ‘histeria da imprensa’ e acabaram infectados pelo novo coronavírus. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu muitas críticas de especialistas e se transformou em motivo de piada no mundo quando taxou a pandemia de “gripezinha” e que não sentiria nada se pegasse o vírus devido ao “seu histórico de atleta”. No início de julho, o presidente testou positivo para o novo coronavírus.
Antes, em março, em evento durante visita aos Estados Unidos, Bolsonaro disse que o “poder destruidor” do coronavírus estava sendo “superdimensionado”. Em outros momentos, Bolsonaro desdenhou das vítimas da doença, respondendo “e daí?”, ao ser indagado sobre os números de mortes no Brasil. Em outra ocasião disse não ‘ser coveiro’ quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números crescentes da Covid-19 no País. Ou quando afirmou que era necessário enfrentar o vírus “como homem” e defendeu a economia. “O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia”.
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Já o negacionista arrependido, Boris Johnson, primeiro ministro inglês, também foi infectado em março. Antes ele também havia minimizado a pandemia e fez o Reino Unido ser um dos últimos países da Europa a tomar qualquer tipo de medida contra a disseminação do novo coronavírus. Johnson, de 55 anos, ficou uma semana internado, sendo três noites na UTI. Depois disso, o primeiro ministro mudou o discurso e passou a defender medidas mais contundentes contra a pandemia.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, mais oportunista do que negacionista, não pegou o coronavírus, mas também vem amenizando suas críticas contra as medidas de segurança para conter o avanço do coronavírus. Recentemente, ele mudou o discurso, recomenda (e passou a usar) máscaras e diz que pandemia 'vai piorar antes de melhorar'. Essa guinada tem a ver com as pesquisas que apontam um cenário cada vez mais difícil para sua reeleição. A pandemia já matou mais de 140 mil pessoas nos Estados Unidos.
Já outros negacionistas de carteirinha, o autocrata da Nicarágua, Daniel Ortega, e o ex-dentista Gurbanguly Berdymukhamedov, ditador do Turcomenistão, não foram contaminados pelo novo coronavírus, mas continuam negando que a pandemia seja uma realidade em seus países.
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