Mais uma vez, o farmacêutico Tiago Tomaz da Rosa está sendo investigado pela Polícia Civil pelos possíveis crimes de exercício ilegal da profissão e lesão corporal de natureza grave por usar a substância polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos não permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esse fim. Assim, o CRF-PR, por determinação judicial, efetuou a suspensão cautelar do profissional e, dessa forma, ele está impedido de exercer atividade farmacêutica até que as investigações se encerrem.
O farmacêutico investigado é dono da clínica Revive, de Cascavel (PR), juntamente com sua esposa, a médica Carolina Milanezi Bortolon Rosa. O caso também é acompanhado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). Consta que Rosa, que está com seu registro suspenso, já possui oito boletins de ocorrência por exercício ilegal da profissão e por utilizar o PMMA sem o conhecimento dos pacientes.
Vale lembrar que a substância normalmente utilizada para preenchimentos estéticos é o ácido hialurônico, que é biocompatível e cujo preço é mais caro que o PMMA, porém o produto é mais seguro.
Rosa já havia sido indiciado, em janeiro deste ano, por injetar PMMA em Raquel Dornelles, em 2023, que acabou tendo o rosto deformado pela substância. A paciente havia procurado a clínica para o procedimento chamado Sculptra e não sabia o que estava sendo injetado nela. No entanto, a substância foi revelada por um exame de biópsia contratado pela vítima (leia matéria sobre o assunto no Portal de Notícias do ICTQ AQUI).
Na semana passada, além de Raquel, também Rosiane Moraes, em entrevista para o Domingo Espetacular, revelou que foi vítima do mesmo farmacêutico, por receber polimetilmetacrilato em procedimentos estéticos, sem seu consentimento ou conhecimento.
Também motivado pela denúncia recebida pelo Ministério Público, o Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR) realizou uma inspeção na clínica Revive. Durante o evento, a equipe constatou diversas irregularidades, incluindo a utilização, pelo farmacêutico, da substância PMMA. Em nota, o CRF-PR afirma estar conduzindo uma análise detalhada da denúncia e trabalhando de forma rigorosa para garantir uma apuração completa e transparente, a fim de apurar as responsabilidades e assegurar que as medidas necessárias sejam tomadas.
A substância é claramente perigosa. Relatos de outros pacientes vítimas do PMMA por terem complicações relacionadas ao uso do componente em procedimentos estéticos estão cada vez mais frequentes no Brasil. Por exemplo, em 2020, Mariana Michelini perdeu parte da boca e do queixo após fazer preenchimento labial com PMMA. Ela já se submeteu a cinco cirurgias para reconstruir os lábios superior e inferior, entre dezembro de 2023 e novembro de 2024.
O que é o PMMA
O polimetilmetacrilato, ou PMMA, é um tipo de preenchedor usado em procedimentos médicos e precisa ter registro na Anvisa.
O produto é autorizado para tratamento reparador, nas seguintes situações:
- Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações de volume provocadas por sequelas de doenças como a poliomielite (paralisia infantil).
- Correção de lipodistrofia, alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, provocada pelo uso de medicamentos antirretrovirais em pacientes com HIV/Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida).
Segundo a Anvisa, a aplicação do PMMA deve ser feita apenas por profissional médico ou odontólogo habilitado. O profissional é o responsável por determinar a quantidade necessária para cada paciente, de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto. No entanto, a Agência alerta que o PMMA não é indicado em procedimentos com fins estéticos, sendo aprovado apenas para fins corretivos.
As instruções de uso e informações adicionais sobre os produtos estão disponíveis no Portal Anvisa. Para saber mais, no endereço: https://consultas.anvisa.gov.br/#/saude/
Complicações
O PMMA pode causar complicações assim que aplicado, como problemas vasculares ou mesmo uma embolia pulmonar. E quando isso não acontece imediatamente, ao longo do tempo ele pode levar a processos inflamatórios perigosos, ocasionando, até mesmo, necrose do tecido, edemas locais, telangiectasias, cicatrizes hipertróficas, reações alérgicas e formação de granuloma, entre outros.
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Por conta das várias intercorrências com o uso do produto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou, oficialmente, à Agência, em 21/01/25, a proibição do PMMA no Brasil como substância preenchedora.
Para isso, o CFM fez um requerimento oficial à Agência contendo extensa fundamentação técnica e científica, alegando que o país vive um grave problema de saúde pública com o uso indiscriminado do polimetilmetacrilato para fins estéticos, inclusive por não médicos.
As instruções de uso e informações adicionais sobre os produtos estão disponíveis no Portal Anvisa. Para saber mais, clique AQUI.
Situação do registro do farmacêutico
Em nota, o CRF-PR explicou que garante ampla defesa e contraditório ao profissional acusado, Tiago Tomaz da Rosa, como preconiza o Código de Processo Ético. Caso seja comprovada a culpabilidade ao longo do processo, as sanções aplicáveis serão determinadas de acordo com o previsto no Código de Ética e demais normas regulamentares, podendo variar de advertência, multas, suspensão do exercício profissional por prazo determinado, ou eliminação do quadro profissional.
Porém, o CRF-PR ressalta que o recebeu uma notificação judicial, em 17 de janeiro de 2025, determinando a suspensão, cautelar, do profissional e cumpriu o determinado pelo Poder Judiciário. Dessa forma, o farmacêutico está impedido de exercer atividade farmacêutica até que as investigações se encerrem.
O CRF-PR afirma que continuará acompanhando o caso e cumprindo com seu papel de fiscalizar o exercício da profissão farmacêutica, punindo as infrações à lei, bem como enviando às autoridades competentes relatórios documentados sobre os fatos que apurarem e cuja solução não seja de sua alçada.
Assim, as apurações seguirão de acordo com as normas estabelecidas, garantindo o devido processo legal e o sigilo ético. Caso seja comprovada a culpabilidade, o profissional Tiago Tomaz da Rosa será punido conforme as sanções previstas na Resolução 724 e outras normas que regulamentam o exercício da profissão farmacêutica.
Atenção, farmacêuticos que querem atuar em estética com segurança
Como instituição séria e responsável pela formação de qualidade dos farmacêuticos na área estética, O ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico disponibiliza a Pós-Graduação Estética Avançada: Procedimentos, Consultório e Gestão, que aborda temas como: Cosmetologia Aplicada à Estética Facial e Corporal; Fototerapia Aplicada à Estética; Eletroterapia Aplicada à Estética; Tricologia Básica; Intradermoterapia Facial e Corporal; procedimentos injetáveis estéticos (Microagulhamento, Skinbooster, Carboxiterapia, Ozonioterapia, PEIM) Carboxiterapia; Harmonização Facial (Preenchimento, Toxina Botulínica, Bioestimuladores de Colágeno e Fios De Sustentação); Anatomia Facial e Corporal; Fisiopatologia das Disfunções Estéticas; Anamnese; Semiologia e Avaliação; Biossegurança, Assepsia, Esterilização e Regulamentação, entre outros
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Categoria: Guia de carreiras
