A Cimed prepara uma profunda transformação em sua estrutura operacional com o objetivo de elevar seu faturamento no mercado brasileiro de cerca de R$ 5 bilhões para R$ 10 bilhões até 2030. “O nosso grande desafio é dobrar a empresa nos próximos cinco anos, isso porque temos uma demanda maior do que a nossa capacidade produtiva”, afirma o CEO da empresa, João Adibe.
Para sustentar essa ambição, a companhia mineira deu início a um investimento robusto, incluindo a construção de um novo centro logístico em Pouso Alegre (MG), com previsão de início de operação no início de 2026. A primeira fase desse projeto destinou-se à ampliação da eficiência e da capacidade de armazenagem da rede. “Colapsamos nossa parte de logística. Essa fase é para ampliar nossa capacidade e preparar a operação para o dobro de tamanho”, complementa o executivo à Exame.
O plano de expansão inclui ainda uma aquisição de fábrica no Brasil, cujo anúncio está previsto para o final deste ano.
A Cimed, com mais de 45 anos de atuação, destaca-se por marcas consolidadas, por exemplo, sua linha de vitaminas que detém participação superior a 35% no mercado brasileiro. O diferencial, segundo Adibe, está em combinar uma mentalidade nacional com uma execução regional ágil. Para ele, o Brasil tem muita regionalidade, e o primeiro diferencial que a Cimed tem é ter construído, desde 1990, uma cadeia de verticalização própria em todo os estados do Brasil.
Ambiente de negócios e os desafios que persistem
Apesar do otimismo com o crescimento interno, o executivo admite que o ambiente macroeconômico brasileiro impõe desafios consideráveis: inflação persistente e taxas de juros elevadas encarecem o custo do investimento e reduzem margens de planejamento. “Com taxas de 15% ao ano, o empresário precisa calcular muito bem antes de investir”, comenta Adibe. Mesmo assim, ele afirma ver oportunidades justamente em períodos de desaceleração: “Sou um brasileiro empreendedor. Mesmo quando o país anda de lado, dá para achar oportunidades”.
Importante apontar que, no momento, a empresa não prioriza exportação, já que o Brasil é muito grande e oferece inúmeras oportunidades.
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A recente entrada de um fundo internacional na estrutura acionária da Cimed marca, segundo Adibe, uma nova fase para a companhia. Ele afirma que a participação desse investidor reforça a confiança no negócio e prepara o terreno para uma eventual oferta pública inicial (IPO – initial public offering). “Para tirarmos do papel o IPO, o mercado precisa estar melhor. A empresa já está preparada, mas o momento tem que ser o certo,” observa o CEO.
Desafio de sucessão e cultura de inovação
Na empresa familiar, onde Adibe ingressou aos 15 anos, o tema da sucessão ocupa lugar de destaque. O executivo destaca que seus filhos estão sendo preparados para a continuidade do negócio: “Meu pai me formou dentro da empresa. Agora, quem vai dobrar a Cimed são meus filhos”. E ele ressalta que, embora a experiência tenha valor, é essencial aprender com as gerações mais novas, já que a transformação do país não vem mais da sua geração, e sim dos jovens que estão começando.
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