Na busca por excelência na produção de medicamentos, a indústria farmacêutica tem encontrado na Inteligência Artificial (IA) uma aliada indispensável. Aplicada aos processos de Qualidade e Boas Práticas de Fabricação (BPF), a IA transforma o monitoramento, a eficiência e a conformidade regulatória. De sensores inteligentes a sistemas preditivos e análises estatísticas, a tecnologia permite identificar falhas antes que se tornem problemas, manter a rastreabilidade e reduzir sanções regulatórias.
Para o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e founder e CEO da Predict AI e FHI Group, Fabrício Silva, essa revolução tecnológica fortalece a segurança dos processos e abre novas oportunidades para farmacêuticos. Ele afirma que a IA contribui para o monitoramento contínuo dos processos produtivos na indústria farmacêutica da seguinte maneira:
- Manutenção preditiva de equipamentos - A IA permite a implementação de sistemas de manutenção preditiva, que monitoram o desempenho de máquinas em tempo real e identificam padrões que indicam possíveis falhas antes que ocorram. Isso reduz o tempo de inatividade não planejado e os custos associados a reparos emergenciais. Por exemplo, sensores inteligentes acoplados a algoritmos de IA podem prever falhas em equipamentos críticos, permitindo intervenções proativas e evitando interrupções na produção.
- Integração com Sistemas de Execução de Manufatura (MES) - Sistemas de IA integrados aos Sistemas de Execução de Manufatura (MES) permitem o monitoramento em tempo real de todas as etapas da produção, desde a entrada de matérias-primas até o produto final. Essa integração facilita a rastreabilidade, a coleta de dados e a análise de desempenho, proporcionando insights valiosos para a tomada de decisões e a melhoria contínua dos processos. Em resumo, a aplicação da IA no monitoramento contínuo dos processos produtivos na indústria farmacêutica resulta em maior eficiência operacional, redução de custos, melhoria na qualidade dos produtos e conformidade com as regulamentações vigentes. A adoção dessas tecnologias representa um avanço significativo rumo à Indústria 4.0, onde a automação e a inteligência de dados são fundamentais para o sucesso e a competitividade.
“Sistemas inteligentes baseados em IA atuam de forma proativa no monitoramento de parâmetros críticos de processo, identificando, em tempo real, variações que possam indicar potenciais desvios antes que eles ultrapassem os limites estabelecidos pelas Boas Práticas de Fabricação”, explica Silva. Entre os principais mecanismos de prevenção, ele destaca:
- Monitoramento contínuo e preditivo de variáveis como temperatura, pressão, pH, velocidade de mistura, entre outras, permitindo ajustes automáticos antes que o desvio se concretize.
- Análise estatística avançada (controle de tendência) para prever comportamentos fora de especificação com base em históricos operacionais e ciclos anteriores.
- Alertas em tempo real para operadores e gestores sempre que parâmetros se aproximam de valores críticos.
- Automação de Ações Corretivas e Preventivas (CAPAs), com base em causas raiz previamente mapeadas por modelos preditivos de falhas.
- Padronização na coleta e interpretação de dados, reduzindo a variabilidade humana na detecção de inconformidades.
“Na prática, essas tecnologias aumentam significativamente a conformidade regulatória, reduzem retrabalhos e perdas de lotes e fortalecem a rastreabilidade dos processos, favorecendo o sucesso em auditorias e inspeções regulatórias”, defende o professor.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Indicadores em sistemas automatizados
De acordo com Silva, sistemas automatizados e inteligentes utilizados na indústria farmacêutica priorizam indicadores críticos de processo e qualidade, com foco em garantir a conformidade com as BPF e a estabilidade do produto final. Os principais parâmetros monitorados incluem:
- Critical Process Parameters (CPPs): variáveis diretamente relacionadas à qualidade do produto, como temperatura, pH, pressão, umidade, velocidade de agitação, entre outros.
- Critical Quality Attributes (CQAs): atributos críticos de qualidade do produto acabado, como teor de princípio ativo, uniformidade de conteúdo, dissolução e esterilidade.
- Tendência de OOS e OOT: monitoramento estatístico de dados fora de especificação (Out of Specification) e fora de tendência (Out of Trend), fundamentais para prevenir desvios recorrentes.
- Parâmetros ambientais: condições da área limpa, como partículas em suspensão, diferencial de pressão entre salas, integridade dos filtros HEPA e controle de temperatura e umidade relativa.
- Eficiência de limpeza e sanitização: frequência e eficácia da higienização de equipamentos e áreas críticas, com base em validações periódicas.
- Tempo de residência e rastreabilidade por lote: para garantir que o tempo de exposição do material aos processos esteja dentro dos limites validados.
IA em BPF reduz sanções regulatórias
“A adoção de Inteligência Artificial nos processos relacionados às BPF tende a reduzir significativamente o número de advertências, autos de infração e sanções aplicadas por órgãos reguladores, como como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Food and Drug Administration (FDA) e a European Medicines Agency (EMA)”, ressalta Silva, que elenca os motivos:
- Monitoramento contínuo e preditivo: a IA realiza o acompanhamento em tempo real dos parâmetros críticos de processo e qualidade, identificando desvios antes que se consolidem como não conformidades.
- Redução de erros humanos: ao automatizar etapas, como registros, cálculos e verificação de dados, a IA diminui falhas de preenchimento, atraso em controles e omissões de registros — causas frequentes de sanções.
- Geração de evidências robustas e rastreáveis: a IA mantém logs detalhados e auditáveis, facilitando a apresentação de provas documentais durante inspeções e auditorias.
- Correção preventiva automatizada: sistemas com IA podem disparar ações corretivas (CAPAs) automaticamente, antes mesmo da identificação manual, demonstrando proatividade à autoridade reguladora.
- Conformidade padronizada com normas globais: ferramentas como o AR.IA, por exemplo, já integram requisitos regulatórios de múltiplos países, ajudando empresas multinacionais a manterem conformidade em diferentes jurisdições.
“Com esses recursos, a IA não apenas evita inconformidades, mas também demonstra um compromisso organizacional com a qualidade contínua e o compliance regulatório, o que reduz drasticamente o risco de advertências, interdições ou penalidades”, finaliza o professor do ICTQ.
Capacitação farmacêutica
Para quem deseja se especializar no tema, o ICTQ lançou a pós-graduação IA em Assuntos Regulatórios, pioneira no setor.
A pós-graduação une expertise regulatória às tecnologias emergentes de IA. Com foco prático e abordagem descomplicada, o curso capacita profissionais a utilizar ferramentas para otimizar decisões regulatórias e monitorar normativas em tempo real. Os alunos aprendem com tutoriais, estudos de caso da indústria farmacêutica e temas inovadores, como RegTechs, blockchain e inteligência regulatória, preparando-se para liderar a transformação digital no setor. Saiba mais AQUI.
Saiba mais sobre os outros cursos de pós-graduação do ICTQ AQUI.
Participe também: Grupos de WhatsApp e Telegram para receber notícias
Obrigado por apoiar o jornalismo profissional
A missão da Agência de Notícias do ICTQ é levar informação confiável e relevante para ajudar os leitores a compreender melhor o universo farmacêutico. O leitor tem acesso ilimitado às reportagens, artigos, fotos, vídeos e áudios publicados e produzidos, de forma independente, pela redação da Instituição. Sua reprodução é permitida, desde que citada a fonte. O ICTQ é o principal responsável pela especialização farmacêutica no Brasil. Muito obrigado por escolher a Instituição para se informar.