Fábricas inteligentes e zero desperdício: como o Lean 4.0 com IA está moldando a nova era da produção farmacêutica

A adoção da inteligência artificial (IA) integrada aos princípios do Lean Manufacturing tem revolucionado os processos produtivos da indústria farmacêutica, aumentando a eficiência, reduzindo desperdícios e promovendo a conformidade regulatória. A afirmação é do professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e diretor industrial da Eget Global, Azi Mauricio Guerra Ceccopieri, que destaca como essa sinergia tecnológica tem moldado o futuro da produção no setor.

“Estamos falando de uma transformação baseada em dados, em tempo real, que fortalece o modelo Lean de eliminar desperdícios e maximizar o valor”, afirma Ceccopieri. Segundo ele, a IA analisa grandes volumes de dados históricos e operacionais, antecipa falhas e otimiza decisões em toda a cadeia produtiva. Isso se traduz em benefícios claros, como redução de setups, paradas não programadas, perdas de matéria-prima e estoques desequilibrados.

Um dos pilares dessa integração é a tomada de decisão baseada em algoritmos de machine learning e analytics preditivo. “Com dashboards inteligentes e alertas automáticos, as variações de processo são reduzidas drasticamente. As ações corretivas são tomadas antes mesmo das falhas acontecerem”, explica o professor.

Essa previsibilidade se estende à manutenção dos equipamentos. Com sensores conectados à IA, a manutenção preditiva evita falhas críticas, contribuindo diretamente para o aumento da disponibilidade das máquinas, conhecido como Overall Equipment Effectiveness (OEE). “Reduzimos significativamente os custos com manutenção corretiva e planejamos as paradas com menor impacto”, destaca Ceccopieri.

IA no centro da qualidade e compliance

A conformidade com normas regulatórias como as Boas Práticas de Fabricação (BPF/GMP) também se beneficia da digitalização promovida pela IA. “A tecnologia cruza dados de produção, controle de qualidade e rastreabilidade, gerando relatórios automáticos e sinalizando rapidamente desvios críticos”, afirma o especialista. Essa capacidade de cruzamento e monitoramento contínuo fortalece o pilar de integridade de dados, uma exigência crescente de agências, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), European Medicines Agency (EMA) e Food and Drug Administration (FDA).

Segundo Ceccopieri, o impacto se estende a todos os níveis do controle de qualidade. “Com sensores IoT e sistemas MES, é possível monitorar a qualidade em tempo real, reduzindo a necessidade de amostragem e retrabalho”, diz ele. Além disso, algoritmos de IA identificam tendências que apontam para possíveis falhas, permitindo ações proativas. “Isso evita que lotes saiam de especificação e reduz reclamações de mercado”.

As tecnologias mais promissoras

Entre as tecnologias de IA mais aplicadas na indústria farmacêutica, Ceccopieri destaca o machine learning, o processamento de linguagem natural (NLP), a inteligência preditiva, a visão computacional e a automação robótica de processos (RPA) integrada à IA.

“O machine learning permite ajustar automaticamente variáveis de produção, reduzindo retrabalho, por exemplo, em parâmetros de granulação ou compressão”, exemplifica. Já o NLP contribui para análises mais rápidas e eficientes de CAPAs, SOPs e relatórios de não conformidades, facilitando a identificação de padrões de falha.

 

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A visão computacional, por sua vez, substitui inspeções manuais em alta velocidade e precisão. “Estamos falando de inspeções automatizadas de ampolas ou comprimidos nas linhas de embalagem, com precisão incomparável”, destaca. No nível administrativo, a RPA com IA automatiza tarefas como lançamentos de dados e relatórios regulatórios, reduzindo erros humanos e liberando tempo da equipe para tarefas críticas.

Essas tecnologias operam de forma integrada aos sistemas MES, ERP e SCADA, formando uma arquitetura de Fábrica Inteligente — a chamada Pharma 4.0. “Nesse cenário, decisões são tomadas com base em dados confiáveis, com agilidade e precisão”, afirma Ceccopieri.

Lean 4.0: qualidade e padronização regulatória

Para Ceccopieri, o Lean 4.0 vai além da produção. Ele aprimora o controle da qualidade e a conformidade regulatória, temas sensíveis no setor farmacêutico. A digitalização de POPs com apoio de tablets, checklists digitais e realidade aumentada garante maior confiabilidade na execução de procedimentos. “Isso reduz falhas humanas e melhora a aderência às exigências em inspeções”, destaca.

O professor também chama atenção para a geração de indicadores e relatórios automatizados. “Hoje, conseguimos criar dashboards em tempo real com CPK, OEE, desvios e outros parâmetros críticos. Isso melhora a gestão da qualidade e prepara a empresa para auditorias com muito mais segurança”, afirma.

Os desafios da transformação digital

Apesar das vantagens, Ceccopieri reconhece os obstáculos na implementação do Lean 4.0. A resistência cultural é um dos principais. “Equipes acostumadas com processos manuais tendem a resistir à digitalização. É preciso investir em capacitação e envolver os colaboradores desde o início”, aconselha.

Outro desafio importante é o custo inicial das tecnologias. “É fato que sensores, sistemas integrados e IA exigem investimento. Mas é possível começar com projetos-piloto de baixo custo e alto impacto, e buscar financiamentos via BNDES ou FINEP”, orienta. Para ele, mostrar de forma racional a redução de custos que essas tecnologias proporcionam é essencial para vencer resistências executivas.

Além dos aspectos técnicos e financeiros, o professor destaca um ponto delicado: o conservadorismo presentes em algumas lideranças. “Infelizmente, há executivos que ainda não acreditam no sistema por questões culturais. Isso precisa mudar com dados e racionalidade, mostrando os ganhos reais de eficiência e conformidade”, critica Ceccopieri.

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Caminho sem volta

A integração entre IA e Lean Manufacturing está transformando a produção farmacêutica em um sistema mais enxuto, previsível e regulado. A combinação entre dados, automação e processos inteligentes não apenas eleva a produtividade, mas também consolida padrões de qualidade exigidos mundialmente.

“A indústria que não adotar o Lean 4.0 vai perder competitividade, eficiência e espaço no mercado”, finaliza Ceccopieri. Para os farmacêuticos industriais, o recado é claro: o futuro da produção já começou — e ele é digital.

Capacitação farmacêutica

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A pós-graduação une expertise regulatória às tecnologias emergentes de IA. Com foco prático e abordagem descomplicada, o curso capacita profissionais a utilizar ferramentas para otimizar decisões regulatórias e monitorar normativas em tempo real. Os alunos aprendem com tutoriais, estudos de caso da indústria farmacêutica e temas inovadores, como RegTechs, blockchain e inteligência regulatória, preparando-se para liderar a transformação digital no setor. Saiba mais AQUI.

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