A francesa Sanofi anunciou a compra da empresa biofarmacêutica norte-americana Principia Biopharma por US$ 3,68 bilhões (R$ 20,2 bilhões), em um movimento para reforçar sua área de pesquisa e desenvolvimento, especialmente nos tratamentos para moléstias imunomediadas, câncer e doenças raras.
De acordo com a agência Dow Jones, o laboratório francês afirmou que a compra da empresa norte-americana vai lhe propiciar controle total sobre o tratamento da esclerose múltipla que as duas empresas já desenvolviam em conjunto, simplificando a comercialização e eliminando futuros pagamentos de royalties. O tratamento apresentou dados otimistas em testes da fase 2 em pacientes com a doença no início deste ano.
Entre outros medicamentos inovadores, a Principia Biopharma é produtora de um promissor tratamento contra a esclerose múltipla, além de incluir o desenvolvimento de terapias para doenças imunomediadas. Com o acordo, a Sanofi adquire uma carteira de medicamentos conhecidos como inibidores BTK, que podem ajudar a tratar desordens autoimunes ao conter os glóbulos brancos conhecidos como células B, para que eles não ataquem os tecidos sadios do organismo.
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Assim, a aquisição fortalecerá as áreas de P&D da Sanofi em doenças autoimunes, câncer, terapias complexas e doenças raras, alterando a estratégia até então utilizada pelo laboratório, de focar em medicamentos produzidos em massa para moléstias cardiovasculares e diabetes, tradicionalmente responsáveis pela maior parte das receitas da empresa, conforme informou o Financial Times (FT).
Segundo apurou o jornal, a companhia francesa tinha um acordo de licenciamento com a Principia desde 2017 para o desenvolvimento de um tratamento oral experimental com o objetivo de aliviar os sintomas da esclerosa múltipla e de outras doenças do sistema nervoso central.
Na ocasião, a Sanofi pagou um adiantamento de US$ 40 milhões (R$ 220 milhões) e faria pagamentos futuros de até US$ 765 milhões (R$ 4,2 bilhões) se o medicamento chegasse ao mercado, segundo o FT. Se a aquisição for concluída até o fim do ano, conforme planejado, a Sanofi não terá de fazer esses pagamentos. Em junho, a empresa começou a arregimentar pacientes para testes clínicos em grande escala, para provar a eficácia do medicamento, chamado inibidor BTK 168, e pretende obter a aprovação reguladora em 2024.
Segundo o presidente-executivo da Sanofi, Paul Hudson, “essa aquisição acelera a transformação por que está passando o nosso departamento de pesquisa e desenvolvimento, acelerando o desenvolvimento dos medicamentos mais promissores, que atenderão necessidades significativas dos pacientes”.
Analistas ouvidos pelo FT acreditam que Hudson continuará em busca de aquisições, uma vez que a Sanofi tem capital para empregar, depois da venda de sua participação na companhia americana de biotecnologia Regeneron, em maio, por US$ 6,1 bilhões (R$ 33,6 bilhões).
Em uma nota a investidores o analista da Jefferies, Peter Welford, escreveu que a Sanofi ainda tem “poder de fogo para mais aquisições com propósitos definidos” e estimou que ela poderá gastar até € 25 bilhões (R$ 163 bilhões) em negócios. A Jefferies estima que o inibidor BTK 168 poderá gerar vendas mundiais de US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) em seu pico, se ele for aprovado.
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