Farmácia EaD é porta de entrada de comerciantes na profissão

Uma carta convite publicada na última sexta-feira, 26, pelo Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Alagoas – SINCOFARMA causou polêmica entre os farmacêuticos. Também pudera, os graduados que passaram cinco anos dentro das universidades e faculdades não entendem como um curso tão complexo, como é o de farmácia, poderá ser ofertado à distância.

Confira na íntegra o teor da carta do SINCOFARMA:

“Empresários de farmácia chegou a nossa hora, seja você o farmacêutico da sua empresa.

O ministério da educação autorizou o curso de farmácia a distância (Ead). A universidade Mauricio de Nassau, polo Arapiraca está com inscrições abertas na modalidade acima, a hora é essa! Para maiores esclarecimentos, entre em contato com o SINCOFARMA – AL, telefones: 3371 3104 e Whats 9.8228-0118, com Zélia ou Nivaldo.

O SINCOFARMA está em permanente contato com a Uninassau, com a finalidade de viabilizar a melhor alternativa, de formar turmas de nosso segmento varejista. Estamos aguardando seu contato.

A diretoria”.


Segundo o presidente do SINCOFARMA em Alagoas, José Antônio Vieira, o curso EaD de farmácia vem para atender a demanda dos pequenos empresários e varejista de farmácia, que não possuem tempo para se dedicar à graduação presencial e para os comerciantes não precisarem pagar um profissional formado em farmácia para trabalhar no estabelecimento. “Com a graduação EaD autorizada pelo Ministério da Educação, o próprio comerciante poderá ser este farmacêutico no seu estabelecimento. A graduação vem profissionalizar o próprio dono de farmácia que necessita ter habilidades para atender seu cliente. Não vejo isso como desmerecimento aos que possuem o privilégio de frequentar a universidade, percebo como um avanço, principalmente para aperfeiçoar os nossos associados, ou seja, a classe empresarial do ramo farmacêutico”, ressalta o presidente.

José Vieira conta que atualmente cursa farmácia presencial em uma instituição de educação parceira do SINCOFARMA – AL e que é necessário fortalecer os comerciantes das cidades do interior de Alagoas. “Atualmente temos uns 400 associados, muitos já procuraram o sindicato para fazer o curso a distância. E nós apoiamos esta causa”, pontua o presidente.

Já o presidente do SINCOFARMA de Goiás, João Aguiar Neto, é contrário a este posicionamento do sindicato de Alagoas, por entender que o curso de farmácia é muito complexo. “Como farmacêutico não acredito que o conteúdo ministrado pelo curso EaD supere e supra as necessidades e o aprendizado presencial dos alunos. O curso de farmácia é muito complexo, temos uma responsabilidade enorme quando saímos da graduação e só conseguimos entender esta responsabilidade e como lidar com ela no decorrer do curso. Eu entendo que a área da saúde, pelas suas peculiaridades e características de integração com o ser humano, não se identifica com a modalidade de ensino EaD. O aprendizado vem através das vivências presenciais”, refletiu João Neto.

Dados publicados do Censo da Educação Superior 2016, apontam que o número de alunos que ingressou no ensino superior na modalidade EaD aumentou 21% em 2016, enquanto que o número de alunos novos nos cursos presenciais caiu 3%. Dos 14 cursos na área da saúde, 11 já oferecem ensino à distância. Segundo levantamento enviado pelo Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo, a partir da base de dados oficial do Ministério da Educação e cadastro de instituições de ensino superior e cursos em funcionamento (e-mec), o número total de vagas de EaD na área da saúde autorizadas dobrou de fevereiro a novembro de 2016.

Em nota, a assessoria de comunicação do Ministério da Educação relata que o dado reflete uma tendência internacional. "As tecnologias estão cada vez mais disponíveis para que sejam utilizadas na educação, inclusive na superior." No entanto, pontua que, apesar do Ministro Mendonça Bezerra Filho estar viajando, ele pondera que tudo tem limites: "Somos contra cursos a distância em áreas que exigem prática muito grande, como a saúde".

Segundo a assessoria do Ministério, para um curso superior ser ministrado à distância é necessário obedecer ao disposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais específicas de cada um deles, definidas pelo CNE e a legislação vigente que estabelecem quais as necessidades de práticas, laboratórios e ambientes profissionais que devem obrigatoriamente estar contemplados nos projetos Pedagógicos de Curso das instituições, e que não podem prescindir de oferta presencial. “Desta forma, por exemplo, um curso da área de saúde, ofertado na modalidade a distância, terá sempre e obrigatoriamente momentos presenciais que garantam a qualidade da formação do egresso naquelas práticas inerentes ao curso, podendo a instituição se valer de metodologias de educação a distância, por exemplo, para oferta de conteúdos teóricos ou que já comportem tecnologias de simuladores ou realidade virtual em determinados campos de estudo, mas nunca prescindindo dos momentos presenciais. São as diretrizes curriculares que definirão o parâmetro mínimo, necessário e adequado para uma formação específica, tanto no campo teórico como no ambiente prático da futura profissão”, segundo a nota.

Os cursos de EaD são avaliados no âmbito do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). A avaliação inclui visita in loco, realizada pelo Inep, que conta com comissão de especialistas da área de conhecimento do curso e em EaD. A proposta de cada curso estará condicionada ao cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), emitidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que definem as possibilidades de oferta de cursos, inclusive no que se refere à exigência de atividades presenciais.           

Reações contra a graduação em Farmácia EaD

De acordo com o portal do Conselho Federal de Farmácia (CFF), as discussões sobre o ensino à distância na graduação na área da saúde foram levantadas pela entidade. Foi o CFF, o órgão que tomou a iniciativa de pautar as reuniões e propor soluções, com vistas a barrar o avanço da má formação dos profissionais da saúde. Assim nasceu o Fórum dos Conselhos Federais da Área da Educação (FCFAS) em março de 2017.

O presidente do CFF, Walter Jorge João, ex-professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Pará (UFPA), disse que os conselhos querem participar do processo de avaliação dos cursos de EaD da área da saúde autorizados pelo MEC, a exemplo do que já fazem em relação aos cursos presenciais. O Fórum vai reivindicar a participação na avaliação junto ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)/MEC.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), em resolução de outubro de 2016, manifestou-se “contrário à autorização de todo e qualquer curso de graduação da área da saúde, ministrado totalmente na modalidade EaD, pelos prejuízos que tais cursos podem oferecer à qualidade da formação de seus profissionais, bem como pelos riscos que estes profissionais possam causar à sociedade, imediato, a médio e a longo prazos, refletindo uma formação inadequada e sem integração ensino/serviço/comunidade”.

Um Projeto de Lei, Nº 710, de 2016, do Deputado Estadual Carlos Neder (PT-SP), que atualmente tramita com pedido de carácter de urgência na Assembleia Legislativa em São Paulo, proíbe o funcionamento de cursos técnicos de nível médio e de qualificação profissional voltados à formação de profissionais da área de saúde na modalidade de ensino à EaD, no âmbito do estado de São Paulo.

Para o parlamentar o ensino à distância é modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos, conforme preconiza o caput do artigo 1º do Decreto Federal n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005 que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. “Em que pese sua relevância para a democratização do ensino, é necessário realizar uma ponderação sobre os limites e alcances do ensino não presencial na área da saúde, uma vez que o profissional dessa área atuará em contato direto com o público”, explica o deputado.

Carlos Neder justifica no projeto de Lei que a saúde é um direito fundamental do ser humano e as atividades da área de saúde devem primar pelo atendimento ético e profissional desenvolvido através do contato direto com o público nos diferentes níveis de atuação: ambulatorial, hospitalar, comunitário, unidades básicas de saúde. “Os cursos de capacitação técnica e profissional em saúde na modalidade de ensino à distância devem restringir-se a uma complementação do ensino presencial em razão dos prejuízos que esses cursos podem oferecer à qualidade da formação dos profissionais, além dos riscos potenciais à sociedade devido à falta de integração entre o ensino-serviço-comunidade, essencial para a área”, informa.

O deputado ainda ressalta que as competências e habilidades na área de saúde estão diretamente relacionadas com o cuidar do ser humano, consistente na intervenção eficaz mediante ações inter-relacionadas, competências nos procedimentos. ”Fatores que não podem ser replicados pelo estudo teórico à distância, principalmente quanto à necessidade de estágio supervisionado e práticas de laboratórios”, conclui.

Conheça a opinião de 8 farmacêuticos no Brasil sobre a Farmácia EaD

1. Fabio Reis - Rio de Janeiro

Propaganda diz para empresário de farmácia ser seu próprio farmacêutico fazendo curso de farmácia EAD. Esse é um dos motivos que nós farmacêuticos somos totalmente contra os cursos de farmácia EAD. Por este motivo o Conselho Federal de Farmácia, liderado pelo Dr. Walter Jorge Joao, ano passado tomou a iniciativa de organizar o Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde com o objetivo de unir forças para barrar o avanço da formação inadequada oferecida pelos cursos de ensino predominantemente à distância na graduação. Nossas lideranças, o Sistema CFF/CRF's, os sindicatos e entidades estamos atentos à esses movimentos e temos que ficar sempre de prontidão a medidas como essas e dizer: “Não ao Ensino de Farmácia à Distância”.

2. Gilcilene Chaer - Brasília- DF

O sistema CFF/CRF se mobilizou há algum tempo. Ano passado fizemos um fórum com todas as profissões da saúde para debater esse tema e fazer os encaminhamentos necessários. Trabalhamos junto ao deputado Átila Lira na relatoria de um projeto de lei que tramita na câmara legislativa e que autoriza EaD para TODOS os cursos na área da saúde. Infelizmente o deputado acabou modificando o relato e abriu brecha para esse absurdo. Paralelo a isso, trabalhamos junto ao MEC na aprovação das nossas diretrizes curriculares, onde amarramos bem os conteúdos de forma ser impossível um curso de farmácia 100% EaD. Estamos trabalhando muito na conscientização da população e esta semana o pleno do CFF aprovou a consulta pública sobre o exame de suficiência. O trabalho é grande porque esta é uma luta contra o poder econômico. Somos e vamos continuar contra cursos em  EaD não só na farmácia, mas em toda a área de saúde!

3.André Fabricio - Montes Claros - MG

É necessário uma discussão profunda sobre o tema, sobretudo, por se tratar de uma profissão que lida com a saúde humana. O EaD, neste caso, deve servir como acessório na qualificação dos discentes, em disciplinas julgadas como pertinentes, e não como “ator principal”. Por isso, é de suma relevância estabelecer regras de forma criteriosa para os ensinos em EaD na área de saúde. A sangria deve ser estancada antes de se iniciar. Todavia, já se observa a proliferação de ofertas “descabidas” para formação em farmácia - (um dia por semana de forma presencial não é suficiente para se ter uma boa formação). O mercado é seletivo? Sim, no entanto, ainda assim, prevalecerá o axioma “da oferta e da procura”, o que naturalmente, levará à desvalorização da profissão.

4. Francisco Marques - Manaus - AM

Não Aceito esse tipo de Metodologia de EaD pois, mesmo frequentando diariamente as Salas de Aulas os Alunos já têm dificuldades com as disciplinas. Imagine sem um professor por perto. Como que o curso vai explicar um assunto laboratorial que o aluno tem que ver a lâmina no microscópio? E mais, onde esse aluno vai aprender a manusear o mesmo? Fica Aqui o meu total repúdio às aulas EaD de qualquer curso. Não só o nosso de Farmácia. #ForaEaD

5. Bianca Emmerich - Rio das Ostras - RJ

Gente muito legal colocar aqui toda a indignação contra o curso EaD. Porém, vamos lembrar que quem faz presencial tá passando o mesmo. 30% da grade pode ser online, então, fica aqui uma pergunta. Como fazer genética, patologia, imunologia, parasitologia, bioquímica online?  Eu acho que todo curso presencial deveria ser 100% presencial. Cada vez mais as faculdades (a minha é a Estácio) estão, devagar, colocando matérias importantes online. Eu não consigo aceitar isso. Nenhum curso da área de saúde deveria ter matéria online. Só acho.

6. Douglas Heleno - Divinópolis - MG 

Agora a nova moda das instituições particulares, muitas delas que mercantilizam além do normal a educação, muitas querem e outras já estão ofertando o curso de Farmácia a distância. A pergunta é como que o MEC apoia esse tipo de situação? Eu sou totalmente contra, uma das profissões mais antigas e mais tradicionais do mundo com curso a distância, coisa que não se vê nos países mais desenvolvidos do mundo. Sou CONTRA esses cursos, se já tem muitos cursos de Farmácia de instituições particulares com qualidade muito duvidosa por aí, agora que vai piorar muito mais, estou afirmando com a experiência que eu tive: É IMPOSSÍVEL cursar Farmácia a distância com aulas uma vez por semana, graduação com carga horária de pos graduação, quando é que vamos ser reconhecidos como profissionais de saúde? FARMÁCIA EaD NÃO!!!  #FarmáciaEaDnão

7. Suzana Cristina - Salvador - BA 

Vamos parar de compartilhar. Os donos de pequenas farmácias que querem cortar custos, serão a favor, eles não têm outro propósito até então, além de visar o lucro para sua empresa. Com base nisso, vamos propor soluções, ações mostrando a esse público a importância do ensino presencial e as consequências do EaD para a população, para os profissionais e para a profissão.

8. Wagner Sela - São Paulo - SP

O enfrentamento desta questão passará pela necessidade premente de uma grande mobilização de toda a categoria em âmbito nacional, com o engajamento de todas as instituições que se referem à nossa profissão, articulação com setores da sociedade civil organizada, apoio de todas as profissões da saúde e luta política. Com certeza, darei minha contribuição no âmbito político em todos os níveis: municipal, estadual e federal.

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