Uma falsa médica foi presa em flagrante dia (30) no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, durante uma consulta. Ela utilizava o CRM de uma profissional com o mesmo nome e foi presa após a verdadeira médica marcar uma consulta. A Justiça concedeu liberdade provisória a ela.
O que aconteceu:
Marcela Gouveia, de 38 anos, se apresentava como esteticista e utilizava o CRM de uma médica com o mesmo nome, de 40 anos, para solicitar exames e receitar medicações aos pacientes. Em suas redes sociais, em palestras e participações em eventos, ela também apresentava um CRF, identificação do Conselho Regional de Farmácia.
A verdadeira médica recebeu uma denúncia pela internet de que outra pessoa se passava por ela para realizar consultas. Uma paciente procurou por uma consulta com a falsa médica e, após fazer uma pesquisa, descobriu que Marcela estava utilizando dados de outra profissional.
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Segundo a polícia, ela produziu um carimbo com o próprio nome e número de registro de uma otorrinolaringologista. Diante da situação, a profissional agendou uma consulta com a falsa médica e acionou a Polícia Civil, que a acompanhou durante a consulta.
Quando Marcela iria utilizar o carimbo com o CRM da verdadeira médica, os policiais realizaram a prisão em flagrante por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. A falsa médica foi conduzida para a 3ª Delegacia Seccional da zona Oeste e confessou o crime.
O UOL tentou contato com a clínica por e-mail e WhatsApp, mas não obteve retorno.
Hoje, a Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória à falsa médica.
Marcela afirmou que usava o CRM da verdadeira profissional, pois estava na metade do curso de Medicina e, por isso não via problemas em utilizar o registro profissional da médica.
A suspeita também atuava como influenciadora de estética nas redes sociais, tendo mais de 86 mil seguidores. Apesar da atuação nas redes sociais, o perfil da falsa médica foi fechado após a prisão.
Em suas redes sociais, a falsa médica declarava ser palestrante da Merz, uma das maiores empresas de produtos de estética e muito conceituada no mercado. Entre os produtos mais conhecidos, estão a toxina botulínica mais famosa do mercado, produtos para preenchimentos, bioestimulador, entre outros.
A Merz esclareceu que sua relação com Marcela Gouveia "limitava-se às suas habilitações profissionais de acordo com seu registro profissional válido de farmacêutica (CRF), vinculado e regulamentado pelo Conselho Federal de Farmácia". A empresa também afirmou que "repudia veementemente" a prática ilegal de medicina, e que rescindiu o contrato com a profissional.
O UOL solicitou informações da ocorrência para a SSP (Secretaria de Segurança Pública), mas não houve retorno até a publicação. A defesa da falsa médica também não foi localizada. O espaço está aberto em caso de manifestação.
Questionado pelo UOL, o CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) não informou sobre a especialidade da médica que teve o CRM usado, e disse apenas que "o exercício ilegal da medicina é um caso de polícia"
O Conselho também ressaltou que possui um Guia Médico em seu site, no qual pacientes podem checar se o profissional que faz o atendimento é médico e se possui o registro regular no conselho.
O CRF informou que Marcela é farmacêutica com registro ativo e atende os requisitos legais para atuar em Saúde Estética. Além disso, o Conselho alegou que não teve acesso ao inquérito policial, mas que quando possível "a conduta da profissional será apurada"
Nota de esclarecimento do CRF-SP na íntegra:
Nota de esclarecimento da MERZ AESTHETICS na íntegra:
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