Hoje, 15 de março, completa-se o décimo ano de um dos conflitos mais sangrentos desse século: a guerra na Síria. A data marca o dia em que manifestantes ocuparam, pacificamente, as ruas do país, reivindicando reformas políticas, mais liberdade e direitos.
No entanto, se transformou em uma tragédia humanitária sem precedentes e sem previsão de término. O conflito já acumula, até o momento, um saldo de, no mínimo, 388 mil mortes, mais de R$ 6 trilhões de prejuízos na economia, mais de 12 milhões de pessoas com fome, e cerca de 5 milhões de sírios refugiados no exterior, sendo 11.231 só no Brasil, conforme apontam os dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).
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Em memória à data, o jornal O Globo entrevistou um sírio que encontrou no País uma nova pátria para recomeçar a vida e, curiosamente, é um personagem que atua em defesa pela vida e saúde: um farmacêutico, que o ICTQ retrata a seguir:
Conheça a história do farmacêutico sírio
Salim Alnazer é um sírio de 34 anos e que já fugiu de duas guerras no Oriente Médio; do Kuwait para a Jordânia, após a invasão do país pelo Iraque, que deu início à Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991. E, em 2011, da Síria para o Brasil, no período em que se iniciava a atual guerra e, por aqui, conseguiu uma importante conquista profissional: ser farmacêutico na Raia Drogasil.
Alnazer saiu do segundo país com a filha recém-nascida e a esposa, que também é farmacêutica. No Brasil, o casal teve mais 3 filhos. Ele recorda que a instabilidade tomou conta das ruas sírias pouco após a guerra ter começado. Com ela, segundo ele, vieram as indecisões de não saber o que poderia acontecer, seja por mercados fechados, falta de água, luz, internet, telefone e itens básicos. Em meio a esse cenário, eles se mudaram para a Arábia Saudita, mas, pouco menos de 2 anos por lá, sem conseguir validar o diploma e passando dificuldades, somados com uma nova gravidez da esposa, Alnazer começar a buscar refúgio em outros países. Foi então, em 2014, que eles conseguiram o apoio do Brasil.
“O Brasil foi o único país que nos abriu essa porta. Fiquei muito feliz. Tínhamos perdido todos os nossos direitos humanos só por sermos sírios”.
Em São Paulo, Alnazer trabalhou em diversas lojas da Rua 25 de março e numa transportadora até conseguir a tão esperada revalidação do diploma e ser contratado por uma das maiores redes de farmácia do Brasil, em julho do ano passado – a Raia Drogasil.
Alnazer aponta não pensar em voltar a morar no país de origem e enaltece a hospitalidade dos brasileiros. “Meus filhos vão crescer aqui, é o país deles. O povo brasileiro tem um coração quente, eles recebem bem os estrangeiros e ficam felizes com as nossas conquistas. Você não se sente diferente, só quando abre a boca para falar”, explicou.
Oportunidades no Brasil
Para a coordenadora acadêmica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e especialista em farmácia clínica e prescrição farmacêutica, Juliana Cardoso, essa receptividade destacada por Alnazer é um dos diferenciais do Brasil, que atrai o interesse de muitos estrangeiros na área da saúde, somada com a alta demanda que o País tem de profissionais capacitados para atender à população.
“Agregado a esse nosso costume, temos também um país extenso, que, além da alta demanda de profissionais da saúde, somos uma população que carece da atenção farmacêutica e isto só um profissional habilitado pode oferecer. O acompanhamento do farmacêutico ao paciente é essencial para sua otimização a terapia, assim, podendo alcançar a melhor qualidade de vida e promover a saúde do usuário”.
Juliana destaca que “os profissionais devidamente habilitados, que promovem com seriedade o seu papel, são bem-vindos em nosso meio”. Ela cita a história de Alnazer como exemplo de superação e excelência no ofício, além de inspiração.
“O exemplo do refugiado Salim Alnazer é uma esperança para todos aqueles que buscam exercer a sua profissão com excelência, entre tantos obstáculos Salim é o farmacêutico que um dia foi ajudado e hoje é quem ajuda. Histórias assim mantêm firme a minha fé como farmacêutica acreditando que o melhor remédio da farmácia ainda é o amor e a esperança de dias melhores”, finalizou Juliana.
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