Eles se esqueceram do farmacêutico?

Pandemia: Itaú ignora farmacêuticos em campanha para profissionais de saúde

A campanha Heróis da Saúde, desenvolvida pelo banco Itaú, tem gerado repercussão e polêmica nas redes sociais. Isso porque a iniciativa, que visa disponibilizar condições especiais de crédito para profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à pandemia, ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19), excluiu os farmacêuticos do programa, que foi disponibilizado por meio do portal oficial da instituição bancária.

Entre algumas condições especiais para os profissionais de saúde, o banco oferece: isenção automática da tarifa mensal do pacote de serviços até julho (na conta corrente); reembolso das parcelas que serão cobradas entre abril e julho (no seguro residencial); prorrogação de parcelas por 120 dias (no crédito imobiliário); isenção de parcelas da anuidade que serão cobradas entre abril e julho (no cartão de crédito).

Para poder se inscrever no programa, os profissionais de saúde, que atuam no combate à pandemia precisam se identificar por meio do portal oficial do Itaú. No entanto, na aba formulário, as únicas opções de profissões que aparecem para o cadastro são: médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, técnico em radiologia, biomédico, nutricionista, assistente social e dentista.  

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No portal Reclame Aqui, uma farmacêutica, que não revelou sua identidade, reclamou: “Sou farmacêutica e tentei me cadastrar no programa heróis da saúde. Para a minha decepção, minha classe profissional não está incluída no programa. Trabalhamos em hospitais, drogarias, farmácias, laboratórios. Estamos na linha de frente, assim como outros profissionais citados no programa. Por que fomos excluídos?”, questiona.

Em seguida, ela continua: “Será que o Itaú tem ciência que o fluxo de um hospital, para tratamento, depende da farmácia? Será que sabem que estamos nas corridas de leito fazendo farmácia clínica? Atendendo pacientes na consulta farmacêutica, fazendo anamnese, dispensando medicamentos, aplicando injetáveis, auxiliando em situações de urgência e emergência, entre inúmeras outras participações ativas que eu poderia citar aqui? Tentei contato por Sac [com o Itaú] e não tive respostas”, completa.

A equipe de jornalismo do Portal do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico tentou contato com a instituição, mas até o momento da publicação desta matéria não obteve retorno.

Outras polêmicas

Uma pesquisa que teria sido elaborada por meio da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) também tem gerado polêmica e críticas nas redes sociais. Em uma publicação em seu perfil pessoal no Facebook, o farmacêutico, Gustavo Mendes, afirmou: “Acabo de participar de uma pesquisa do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SES-SP. Vejam que interessante, quem são as opções de profissionais de saúde atuantes na pandemia, na linha de frente. Adivinha onde nós farmacêuticos entramos? Em outros?! Por que esse descaso?”, questionou.

Mendes ainda disse: “Me sinto simplesmente indignado. Essas pessoas sabem qual é papel do farmacêutico na saúde pública? Reconhecem a farmácia e suas mais de 80 áreas de atuação? Somos profissionais de saúde, exatamente com a mesma importância dos demais, nem mais, nem menos”, completou ele, na postagem.  

Em entrevista à equipe de jornalismo do Portal do ICTQ, Mendes também falou sobre o assunto: “Fiquei frustrado porque o farmacêutico está, sim, na linha de frente no combate à pandemia, talvez, não da mesma forma que outros profissionais, que têm um contato maior direto com o paciente, mas o farmacêutico faz parte de todo o aparato que dá atendimento, que fornece medicamentos, que discute os protocolos. Eu entendo que ali [na pesquisa] foi uma ação muito isolada, porque, atualmente, o reconhecimento do farmacêutico na área clínica hospitalar é grande, mas, institucionalmente, faltou para quem elaborou a pesquisa um pouco mais de conhecimento”, ressalta.

Segundo Mendes, a pesquisa chegou para ele por meio de seu e-mail pessoal, com o remetente identificado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão que tem como diretriz, para seu funcionamento dentro de um hospital, ter a presença de um farmacêutico.

Em contato com a equipe de jornalismo do Portal do ICTQ,  a SES-SP confirmou que o e-mail foi enviado, realmente, pelo órgão do Governo do Estado de São Paulo. Contudo, ressaltou que a pesquisa foi direcionada aos profissionais de saúde que atuam, diariamente, no leito de pacientes infectados pelo novo coronavírus.

A Secretaria ainda ressaltou que, na pesquisa, profissionais que não aparecem na lista podem colocar a identificação por meio do campo 'outros'. Por fim, a SES-SP afirmou que está aberta a receber sugestões para futuras pesquisas. 

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