Os novos Heróis da tv no Brasil e no mundo

Os novos Heróis da tv no Brasil e no mundo

O termo herói (do grego heros) designava, originalmente, o protagonista de uma obra narrativa ou dramática. Na História são vários os exemplos que entraram para o imaginário popular. Em tempos recentes, Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, Martin Luther King Jr., Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce podem ser considerados heróis, por sua incansável, e por vezes fatal, defesa do bem comum.

Heróis são aquelas pessoas que, guiadas por ideais nobres e altruístas, buscam superar, de forma excepcional, um determinado problema de grande dimensão, deixando um legado à humanidade. Em tempos de paz, são considerados heróis também aqueles que despontam com alguma realização marcante ou um ato de coragem. Desde o bombeiro que realizou um salvamento impressionante até o esportista que alcançou uma façanha espetacular.

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Em tempos de pandemia, heróis anônimos despontam em hospitais, laboratórios, pronto-socorros, centros de pesquisa, farmácias. São farmacêuticos, médicos, enfermeiros, socorristas, cientistas, entre tantos outros profissionais da saúde que têm se dedicado ao combate do coronavírus.

Um sinal do reconhecimento da população são os aplausos aos profissionais de saúde realizados nas janelas e sacadas de várias cidades do mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem ganhado apoio popular por sua condução responsável frente à pandemia.

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, 76% dos brasileiros apóiam suas decisões – em contraponto as do presidente da Republica, Jair Bolsonaro, que defende o fim das medidas de restrição de circulação e de atividades econômicas para reduzir o avanço do vírus. Na mesma pesquisa a maioria consultada (39%) considera o desempenho do presidente em relação ao surto de coronavírus como ruim e péssimo.

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O diário norte-americano The New York Times publicou matéria nesta semana acerca dos novos heróis da era do coronavírus que reproduzimos a seguir.

Nascem os heróis da Era do Coronavírus. São os cientistas

Na Europa, os cientistas estão se tornando nomes conhecidos, pois suprem as necessidades práticas e emocionais da sociedade pela busca da verdade.

Se não fosse o distanciamento social, as pessoas parariam os cientistas na rua para tirar selfies com eles. Em vez disso, eles recebem mensagens calorosas nas mídias sociais. Outros aparecem na televisão diariamente.

Ao passo que o coronavírus realiza uma trajetória mortal no continente europeu, surgem novas celebridades que não são atores, cantores ou políticos. No lugar deles despontam epidemiologistas e virologistas, que se tornaram nomes familiares após passarem a maior parte das suas vidas no anonimato.

Enquanto enfermeiros e médicos tratam pacientes na linha de frente, epidemiologistas e virologistas, que passaram suas carreiras em salas de aula e laboratórios, tornaram-se as fontes de informação mais confiáveis em uma era de profunda incerteza, política divergente e desinformação raivosa.

Após um longo período de reação popular contra especialistas e o conhecimento, que sustentou uma série de mudanças políticas e desencadeou guerras culturais em grande parte do mundo desenvolvido, sociedades sitiadas pelo isolamento do coronavírus e desesperadas por informações estão recorrendo a esses especialistas em busca de respostas, tornando-os heróis nacionais.

“Em uma crise os heróis vêm à tona porque muitas de nossas necessidades humanas básicas estão ameaçadas, incluindo a carência por certeza, significado e propósito, auto-estima e senso de pertencimento”, disse a professora de psicologia da Universidade de Limerick, na Irlanda, Elaine Kinsella, que pesquisou o papel dos heróis na sociedade. “Os heróis ajudam a satisfazer, pelo menos em parte, algumas dessas necessidades humanas básicas”, acrescentou.

Os heróis-cientistas emergentes da crise do coronavírus raramente têm o notório carisma dos líderes políticos, mas demonstram profundo conhecimento e, às vezes, compaixão.

Na Itália, uma nação devastada pelo vírus, mais do que qualquer outra no mundo até agora, o diretor do departamento de doenças infecciosas do Hospital Universitário Luigi Sacco, em Milão, Massimo Galli, trocou o jaleco por um terno e aceitou “ser superexposto na mídia” para esclarecer as coisas, disse em um programa de entrevistas.

Assim, o professor bonachão e de óculos logo se tornou um rosto familiar nos programas de TV italianos, fornecendo atualizações descomplicadas sobre o inimigo desconhecido. Ele classificou o distanciamento social de “a mãe de todas as batalhas”.

O professor se preocupa com os riscos que espreitam as famílias multigeracionais da Itália, uma situação difícil, considerando que os contágios domésticos se tornaram a causa número um da propagação do vírus no país. Entre as aparições televisivas, ele voltou ao laboratório para ajudar seus colegas na pesquisa.

Na Grécia, que até agora foi poupada de um grande surto, todos ficam sintonizados quando o professor Sotirios Tsiodras, um homem de cabelos grisalhos, se dirige à nação todos os dias às 18h. Sua mensagem é baseada em anotações que mostram os últimos dados confirmados, entre doentes hospitalizados e falecidos.

Ocasionalmente, ele fornece alguns conselhos práticos, como o uso de uma solução de quatro colheres de chá de água sanitária por litro água que pode ser pulverizada nas superfícies para desinfecção. Ele também é rápido para dissipar informações erradas: muitos desconheciam o impacto do ibuprofeno nos doentes infectados pelo vírus.

Responsável médico pelo combate ao coronavírus do governo grego, pai de sete filhos, com uma longa carreira estudando doenças infecciosas em Harvard, M.I.T. e em outros lugares, o professor Tsiodras não está para brincadeira.

Ele colocou o país sob as medidas mais pró-ativas e restritivas da Europa que parecem estar funcionando, pois a Grécia conta apenas com 68 mortes desde o início do surto. Por outro lado, a Bélgica, que tem uma população semelhante, pouco mais de 10 milhões de habitantes, registrou 1.283 mortes.

O professor Tsiodras combina características que o tornam atraente para o público, diz Theo Anagnostopoulos, fundador da SciCo, uma consultoria de comunicação científica: ele parece uma pessoa comum, mas com comprovada experiência e é simpático. “Ele é um de nós”, disse Anagnostopoulos. “É humilde, simples e atencioso, mas também é inegavelmente um dos principais especialistas”.

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O doutor Christian Drosten emergiu como a voz da razão científica na Alemanha, onde o impacto do vírus foi profundamente sentido, apesar de uma taxa de mortalidade relativamente baixa. Muito respeitado pela profundidade de seu conhecimento e vontade de compartilhá-lo com os colegas, ele nunca buscou ser o centro das atenções. Os colegas o descrevem como um herói improvável.

Apesar disso, durante semanas, Drosten, virologista chefe do hospital universitário de Charité, em Berlim, tornou-se um dos convidados mais procurados dos programas de entrevistas da televisão e a estrela de um podcast diário iniciado em fevereiro. Nele avalia os riscos enfrentados pela Alemanha baseando-se nas pesquisas dos vírus SARS, que ele estudou por anos.

A chanceler Angela Merkel e seu ministro da Saúde, Jens Spahn, também pediram a Drosten que levasse em conta uma resposta política à crise, embora, como ele apontou para o semanário alemão Die Zeit, “eu não sou político, sou um cientista”.

“Fico feliz em explicar o que sei”, disse ele. “As descobertas científicas devem ser comunicadas de forma transparente, para que todos nós possamos ter uma idéia da situação. Mas também sou honesto sobre o que não sei”.

Em certos países, alguns cientistas foram ao mesmo tempo criticados e tratados como estrelas. Nos Estados Unidos, o doutor Anthony S. Fauci, um respeitado imunologista, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, foi catapultado ao status de celebridade.

Mas Fauci, o mais feroz defensor das regras de distanciamento social do governo Trump, também atraiu a ira de membros da extrema-direita, que o acusam falsamente de tentar minar o presidente americano. O departamento de Saúde solicitou ao departamento de Justiça agentes extras para protegê-lo depois que ele recebeu ameaças.

Como todos os heróis retirados das fileiras da sociedade durante uma crise, alguns cientistas também são dolorosamente vulneráveis, ficando eles mesmos doentes no desempenho de suas funções.

Na Espanha, o país mais atingido na Europa depois da Itália, o doutor Fernando Simón despontou como uma figura cativante de herói científico. Com uma voz rouca, o diretor do centro de emergência de saúde da Espanha forneceu atualizações e insights sobre a crise, agindo como conselheiro de cidadãos ansiosos, que o encheram de perguntas on-line, incluindo se as pessoas devem tirar os sapatos antes de entrar em casa (elas não precisam, aconselhou).

Doutor Simón testou positivo para o vírus no final de março, provocando uma manifestação nacional de solidariedade e desejo de melhoras.

Na Grã-Bretanha, Neil Ferguson, um dos principais matemáticos e epidemiologistas que se tornou conhecido pelo público em geral, após passar noites estudando a propagação do surto, contraiu o vírus em março.

Seu trabalho estimulou o governo britânico a acelerar medidas restritivas para conter a doença, tendo tomado inicialmente uma abordagem mais descuidada que promoveu a ideia de ajudar as pessoas a desenvolver imunidade expondo uma grande proporção da população ao vírus.

Não acostumados à atenção exagerada a cada palavra ou atitude, alguns dos novos queridinhos nacionais descobriram como é receber também críticas brutais.

O professor Tsiodras foi criticado na Grécia depois que surgiram imagens mostrando-o em pé no púlpito de um igreja aparentemente vazia, sendo que o governo grego já havia exigido que os serviços fossem suspensos. A determinação ocorreu porque a Igreja Ortodoxa Grega não havia cumprido voluntariamente as medidas de isolamento e distanciamento social.

Já o doutor Drosten, na Alemanha, foi criticado quando originalmente desafiou a sabedoria de fechar escolas e creches – ponto de vista que ele mudou após um dilúvio de mensagens, inclusive de colegas que compartilharam novos dados com ele.

Apesar disso, diz o professor Kinsella, esses heróis trazem “clareza em tempos confusos” – inclusive moral.

No mês passado, enquanto Trump e outros líderes debatiam a ideia dos bloqueios por conta dos custos econômicos devastadores, o professor Tsiodras abordava a questão diretamente. Depois de dar a atualização do dia, ele se desviou do roteiro, olhando nervosamente para as mãos entrelaçadas.

“Um conhecido escreveu para mim que estamos fazendo muito barulho por causa de um monte de cidadãos idosos e incapacitados por doenças crônicas”, disse ele. “O milagre da ciência médica em 2020 é a extensão de uma vida de alta qualidade para essas pessoas que são nossas mães, pais, avós e avôs”. Com voz embargada concluiu: “Não podemos existir ou ter uma identidade sem eles”.

*Com Raphael Minder (Madri), Elisabetta Povoledo (Roma), Melissa Eddy (Berlim) and Niki Kitsantonis (Atenas).

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