Uma das ferramentas mais eficazes para reduzir a mortalidade por câncer é o diagnóstico precoce. Isso se faz, entre outras estratégias, com programas de rastreamento organizados, capazes de detectar alterações antes mesmo de surgirem os primeiros sintomas de alguns tipos de câncer, como os de mama, próstata, colo do útero e pulmão. No caso do câncer colorretal, um dos tumores mais incidentes no Brasil e no mundo, o rastreio já demonstrou ser eficiente, com estudos que confirmam o impacto direto na redução de mortes.
Atualmente, no entanto, o Brasil não possui uma diretriz nacional oficial para o rastreamento desse tipo de câncer. Entidades médicas como a SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) e a SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) já recomendam o início da triagem aos 45 anos, seguindo a orientação da American Cancer Society –em casos com histórico familiar, é necessário a investigação começar ainda mais precocemente.
O rastreio é realizado em pessoas assintomáticas, ou seja, que não apresentam sintomas aparentes, com o objetivo de detectar a doença em estágios iniciais ou mesmo alterações pré-cancerígenas. No caso do câncer colorretal, os métodos mais utilizados mundialmente são o teste de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia. Ambos têm vantagens e limitações: o teste de sangue oculto é mais acessível e tem boa aceitabilidade entre a população, sendo usado como triagem inicial, enquanto a colonoscopia é o exame padrão-ouro para confirmação de lesões, apesar de ser mais invasiva e exigir maior infraestrutura para ser realizado.
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A notícia de que o Ministério da Saúde está finalizando uma proposta de protocolo de rastreamento para o câncer de cólon e reto no SUS (Sistema Único de Saúde) merece destaque. Desde 2023, um grupo de trabalho coordenado pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) tem se debruçado sobre a construção de diretrizes baseadas em evidências para tornar essa medida uma política pública estruturada.
Em entrevista ao portal do Instituto Vencer o Câncer, a chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do Inca, Renata Maciel, afirmou que o grupo de trabalho tem avaliado fatores como a faixa etária mais beneficiada, a periodicidade dos exames e os custos envolvidos, para assegurar que a futura diretriz seja não somente tecnicamente correta, mas viável em termos de implementação no SUS.
A expectativa é que a proposta final seja encaminhada à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) ainda neste ano, passando por consulta pública antes de sua aplicação definitiva, prevista para 2026.
Outra boa notícia é a preparação de um Protocolo de Alta Suspeição, voltado a profissionais de saúde, com o objetivo de facilitar o encaminhamento adequado de pacientes que apresentem sintomas sugestivos, como alterações no hábito intestinal, sangue nas fezes, dor abdominal ou emagrecimento sem causa aparente. A previsão é que este documento seja publicado ainda em 2025.
De qualquer forma, a recomendação para a prevenção é clara: hábitos saudáveis, como manter uma alimentação rica em fibras, evitar ultraprocessados, carnes vermelhas em excesso, praticar atividades físicas, não fumar e moderar o consumo de álcool, são aliados potentes na redução do risco desse tipo de câncer.
E, caso identifique sintomas como a presença de sangue nas fezes, alterações persistentes no hábito intestinal como diarreia ou constipação, sensação de evacuação incompleta, dores ou desconforto abdominal, cansaço constante, perda de peso sem causa aparente, procure um médico. O diagnóstico precoce é fundamental para melhores desfechos.
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