Aplicativo Doutor digital sai do ar, mas retorna mantendo vendas irregulares maquiadas

Aplicativo Doutor digital sai do ar, mas retorna mantendo vendas irregulares maquiadas

O aplicativo Doutor Digital, que estaria fazendo a venda de receitas médicas sem consulta, havia saído do ar no domingo (30/11) e voltou à operação na segunda-feira seguinte (01/12), porém, com mudanças estruturais, segundo apuração do produtor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico. As alterações, no entanto, não teriam eliminado o núcleo do problema: a emissão de documentos médicos sem qualquer ato clínico real.

O site, que já havia sido denunciado  anteriormente por nossa reportagem, ao voltar ao ar, exibiu novos avisos e janelas de ‘orientação’, que não existiam anteriormente. Entre eles:

publicidade inserida(https://ictq.com.br/pos-graduacao/3328-pos-graduacao-farmacia-clinica-e-prescricao-farmaceutica)
  • mensagens alegando que o médico teria autonomia para negar pedidos;
  • que não seriam renovadas receitas de antibióticos, tarja preta ou hormônios;
  • que seria obrigatório anexar a receita original;
  • que o serviço seria exclusivo para medicamentos de uso contínuo etc.

As advertências sugeririam uma tentativa de adequação após a exposição pública. No entanto, a operação continuaria permitindo aquilo que, na prática, configuraria emissão irregular de receita, apenas com outro nome.

Teste do ICTQ evidencia falha grave no processo

Para verificar se o comportamento do aplicativo havia de fato mudado, o ICTQ repetiu o teste que já havia feito anteriormente. Desta vez, o produtor que fez a compra da ‘renovação’ anexou uma receita que não era dele: uma prescrição verdadeira, emitida no nome de outra pessoa.

O sistema aceitou a receita imediatamente. Minutos depois, enviou uma ‘renovação’ em nome do produtor, que nunca havia sido atendido, consultado, examinado ou avaliado pelo suposto médico responsável, ou seja, o aplicativo teria usado uma prescrição alheia para gerar uma nova receita destinada a um indivíduo completamente diferente. Assim, ele estaria reproduzindo o mesmo padrão já identificado em plataformas anteriores.

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A emissão ocorreu sem qualquer checagem de identidade, histórico clínico, prontuário, contato profissional, assinatura presencial em ato médico ou conferência de continuidade terapêutica. O comportamento observado seria compatível com produção automatizada de receitas, agora travestida de renovação.

Compra, pagamento e liberação seguem instantâneos

O produtor pagou pelo serviço, anexou o arquivo solicitado (da receita de outra pessoa) e recebeu a receita eletrônica do medicamento cloridrato de venlafaxina 37,5 mg em poucos minutos. As telas registradas durante a transação mostram:

  1. Oferta explícita de ‘renovar receita’ sem restrição técnica.
  2. Upload livre de arquivo, sem validação biométrica ou identificação do paciente.
  3. Mensagem genérica afirmando que ‘o médico pode negar’, sem indicar CRM, nome do profissional, termos de consentimento ou protocolo clínico.
  4. Liberação automática da receita, sem qualquer etapa de contato humano.

As imagens comprovam que o mecanismo central da operação não foi alterado: continua-se emitindo uma nova receita para uma pessoa que nunca passou por consulta, apenas com base em um documento enviado, podendo nem ser dela.

Mudanças cosméticas não corrigem a irregularidade estrutural

O Doutor Digital pode ter removido o termo ‘comprar receita’ e inserido mensagens de cautela, mas o fluxo detectado demonstraria que a natureza do serviço permanece a mesma. O que antes era anunciado como ‘emissão’ agora se apresenta como ‘renovação’, embora nenhuma renovação verdadeira ocorra, já que não existe acompanhamento clínico.

A ausência de prontuário, avaliação médica e vínculo assistencial configuraria o mesmo risco sanitário já apontado pelo ICTQ: a disponibilização de medicamentos controlados sem a participação efetiva de um profissional habilitado.

Pressões e silêncio institucional

Após a queda do ReceitasZap, e agora com a reconfiguração do Doutor Digital, o ICTQ pergunta: por que o Conselho Federal de Medicina (CFM) continua sem manifestação pública, mesmo diante de plataformas que estariam repetindo irregularidades evidenciadas?

O impacto dessas operações vai além do mercado digital: compromete a segurança do paciente, desorganiza a assistência farmacêutica e cria um ambiente fértil para falsificação documental, automedicação de risco e desvio completo do exercício profissional médico.

O ICTQ continuará monitorando o comportamento dessas plataformas e investigando outras que tenham surgido ou que estejam reproduzindo o mesmo modelo operacional. Informações, denúncias e evidências continuarão sendo apuradas.

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