Nesta semana, a influenciadora Gabriela Pugliesi revelou em suas redes sociais ter enfrentado dependência de Rivotril (clonazepam) durante o tratamento de crises de pânico em 2021. O relato chamou atenção para um problema de saúde pública: o uso crescente e, muitas vezes, prolongado de medicamentos da classe dos benzodiazepínicos, indicados principalmente para transtornos de ansiedade e insônia.
Embora sejam eficazes no alívio rápido dos sintomas, esses medicamentos devem ser usados por períodos curtos e com acompanhamento constante. O uso contínuo pode gerar tolerância, quando o organismo precisa de doses maiores para obter o mesmo efeito, e dependência física e psíquica. A interrupção brusca, por sua vez, pode desencadear sintomas intensos de abstinência, como tremores, sudorese, insônia e ansiedade intensa.
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Nos últimos anos, o consumo de benzodiazepínicos aumentou no Brasil, impulsionado em parte pela pandemia, que elevou os índices de distúrbios mentais. O Rivotril, um dos medicamentos mais vendidos do país, se tornou símbolo desse crescimento. Apesar disso, especialistas alertam que seu uso contínuo sem plano terapêutico bem definido pode representar mais riscos do que benefícios.
Nesse contexto, o papel do farmacêutico clínico é fundamental. Mais do que dispensar o medicamento, ele atua na verificação da prescrição, na identificação de riscos de uso prolongado e na orientação ao paciente sobre os cuidados necessários durante o tratamento. O profissional também é peça-chave na adesão ao plano terapêutico, no suporte durante o desmame gradual do medicamento e na articulação com médicos e psicólogos.
A abordagem multidisciplinar, envolvendo médico, farmacêutico e psicólogo, é essencial para garantir o uso racional e seguro dos benzodiazepínicos. Casos como o de Gabriela Pugliesi evidenciam a importância do acolhimento profissional, da escuta atenta e do monitoramento contínuo para evitar que medicamentos se tornem fonte de novos problemas de saúde.
Somente com orientação adequada, acompanhamento contínuo e atenção integrada é possível garantir que o tratamento de transtornos como a ansiedade seja eficaz, seguro e centrado no bem-estar do paciente.
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