Polêmica à vista: recentemente, o cantor sertanejo Eduardo Costa se apresentou em um show em que ele estava praticamente calvo. O artista revelou que havia passado por um transplante capilar após perder muitos cabelos devido à vacina contra a Covid-19, além do uso de anabolizantes e ao estresse da pandemia. Essa declaração gerou reação entre profissionais de saúde e especialistas, que alertam para os riscos de disseminar informações infundadas (fake news) sobre a vacina, especialmente por figuras públicas com grande alcance.
O que pode ser aceitável na declaração do artista é que relação entre esteroides anabolizantes e a queda de cabelo é bem documentada. O uso de esteroides, como testosterona, gestrinona e oxandrolona, está associado a diversos efeitos colaterais, incluindo a alopecia (queda de cabelo).
Esses hormônios elevam os níveis de diidrotestosterona (DHT) no organismo, um derivado da testosterona que, em concentrações elevadas, pode encurtar o ciclo de crescimento dos folículos capilares. Isso resulta em fios mais finos e frágeis, levando eventualmente à calvície.
O DHT é conhecido por se ligar aos folículos capilares, provocando a miniaturização e o afinamento dos fios, um processo característico da alopecia androgenética. Em indivíduos com predisposição genética, o uso de esteroides pode acelerar e agravar esse processo de perda de cabelo.
Vacina contra a Covid-19 e queda de cabelo: não há evidências científicas
Ao contrário do que afirmou o cantor, não há evidências científicas que comprovem uma relação causal entre a vacina contra a Covid-19 e a queda de cabelo. O presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Marcelo Polacow, enfatiza: “Não há fundamentação nenhuma nessa afirmação dele. O anabolizante, normalmente, pode acabar provocando a alopecia, a queda de cabelo, mas vacina da Covid-19 não tem fundamentação para isso”.
O professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e farmacêutico clínico das Farmácias Suaiden, dr. André Schmidt Suaiden também reforça que a alegação não se sustenta cientificamente: “É incorreto afirmar que a vacina contra a Covid-19 provoca queda de cabelo. O que se observa, em alguns casos, é uma resposta imunológica do organismo frente ao vírus ou a situações de estresse intenso, o que pode eventualmente acelerar condições preexistentes. No entanto, até o momento, não existe qualquer estudo científico que comprove uma relação direta entre a vacinação e a alopecia. Atribuir esse efeito à vacina, sem base técnica, é desinformar a população e comprometer a adesão às campanhas de imunização”.
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Polacow alerta ainda para o impacto negativo de declarações infundadas:
“Isso é uma invenção, inclusive, num momento em que estão aumentando as síndromes respiratórias agudas, uma fala como essa, de uma pessoa pública, é inaceitável. Ela pode, inclusive, desestimular as pessoas a se vacinar. Repito: não há nenhuma fundamentação, nenhum nexo causal entre vacina de Covid-19 e a queda de cabelo”.
Papel do farmacêutico no combate à desinformação
Em tempos de pandemia e proliferação de fake news, o papel do farmacêutico torna-se ainda mais crucial. Esses profissionais são responsáveis por orientar a população, esclarecer dúvidas e combater informações falsas que possam comprometer a saúde pública.
A disseminação de informações infundadas sobre vacinas pode levar à hesitação vacinal, colocando em risco não apenas o indivíduo, mas toda a comunidade. É fundamental que farmacêuticos e outros profissionais de saúde estejam atentos e preparados para fornecer informações baseadas em evidências científicas, contribuindo para a promoção da saúde e o bem-estar da população.
A declaração do cantor Eduardo Costa, atribuindo a queda de cabelo à vacina contra a Covid-19, carece de embasamento científico e pode contribuir para a disseminação de desinformação. É essencial que figuras públicas tenham responsabilidade ao abordar temas relacionados à saúde. Conhecimento é fundamental.
Capacitação farmacêutica
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