A importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para brasileiros alérgicos é comemorada no Dia Nacional de Prevenção da Alergia, instituída em 7 de maio. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 30% da população tem algum tipo de alergia, dos quais 20% são crianças. Nas farmácias, esse é também o momento em que os anti-histamínicos sobem ao topo da procura, e o farmacêutico assume um papel ainda mais estratégico: orientar, cuidar e atuar diretamente na decisão de compra do paciente, evitando a automedicação.
Mais que uma questão clínica, a sazonalidade das alergias impulsiona também uma das categorias mais relevantes do varejo farmacêutico. Vale lembrar que as alergias representam reações de hipersensibilidade mediadas por IgE, que ativam mastócitos e basófilos na presença de alérgenos ambientais ou alimentares. A liberação de histamina atua nos receptores H1 promovendo vasodilatação, prurido, espasmo brônquico e aumento da secreção mucosa — sintomas frequentemente tratados com anti-histamínicos.
Esses fármacos dividem-se em duas gerações. A primeira, como a clorfeniramina, atravessa a barreira hematoencefálica e causa sedação, limitando seu uso em situações que exigem atenção contínua. A segunda geração — loratadina, desloratadina, cetirizina, entre outras — apresenta maior seletividade pelos receptores periféricos H1 e menos efeitos colaterais, sendo indicada para uso prolongado e em pacientes com rotinas ativas.
No varejo, é comum a associação com descongestionantes tópicos ou corticosteroides nasais, conforme a gravidade e a persistência do quadro alérgico. A escolha do regime terapêutico adequado exige avaliação criteriosa da frequência, intensidade e impacto dos sintomas na qualidade de vida do paciente — um campo em que a orientação farmacêutica é essencial.
Categoria em alta: antialérgicos ganham destaque nas farmácias
A importância comercial dos anti-histamínicos vem crescendo ano a ano. “Hoje os anti-histamínicos estão entre os produtos de maior giro nas categorias relacionadas à saúde respiratória e cuidados com alergias. Nos últimos dois anos, tivemos um crescimento médio de 12% ao ano na venda desses itens, com picos sazonais no outono e inverno”, afirma o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e diretor de Marketing do Grupo Farma Ponte, Ricardo Leite.
Segundo ele, a categoria é estratégica tanto pelo volume de vendas quanto pelo potencial de fidelização. Assim, muitos consumidores lidam com alergias crônicas e retornam regularmente à farmácia, o que reforça a importância de manter um sortimento robusto e um atendimento qualificado.
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O comportamento de compra, especialmente quando se trata de medicamentos isentos de prescrição (MIPs), é influenciado diretamente pelo ambiente de exposição e pela comunicação. “É importante trabalhar com campanhas sazonais muito bem segmentadas, principalmente no outono-inverno, e reforçar a visibilidade da categoria com ações em PDV, como ilhas temáticas e comunicação educativa”, relata Leite.
Além da ambientação, o diferencial está na equipe. “Investir em capacitação contínua e desenvolver trilhas de treinamento específicas para categorias sazonais, como essa, são fundamentais. O farmacêutico que entende os produtos e as particularidades clínicas do paciente transforma a experiência de compra em cuidado de verdade”, pontua.
Automedicação: quando o farmacêutico é o primeiro recurso de saúde
De acordo com a pesquisa nacional sobre automedicação realizada pelo ICTQ, em 2024, 86% dos brasileiros com 16 anos ou mais admitem consumir medicamentos por conta própria — e 19% especificamente para alergias e coceiras no geral.
A pesquisa ainda mostra que a automedicação é mais comum entre pessoas com ensino superior, das classes A/B e da população economicamente ativa — o mesmo público que busca medicamentos de ação rápida para sintomas alérgicos. A Internet também desempenha um papel central: 53% dos brasileiros que se automedicam afirmam buscar informações sobre medicamentos e princípios ativos antes de ir à farmácia.
Essa realidade reforça a responsabilidade do farmacêutico no processo de dispensação, principalmente no caso dos antialérgicos. “O consumidor está mais informado, chega já conhecendo o nome dos princípios ativos ou preferindo produtos que não causam sonolência. Ainda assim, a orientação do farmacêutico é decisiva para esclarecer dúvidas e evitar automedicação inadequada. A dispensação orientada continua sendo um canal de confiança”, destaca Leite.
MIPs e fidelização: equilíbrio entre liberdade e responsabilidade
Os medicamentos antialérgicos compõem uma das categorias mais fortes entre os MIPs. “Cerca de 60% dos antialérgicos vendidos hoje são isentos de prescrição. Isso nos permite trabalhar campanhas e comunicação no PDV, além de reforçar o papel do farmacêutico focado na orientação”, afirma Leite.
A atuação técnica do profissional é indispensável não só para orientar sobre o produto correto, mas também para identificar sinais que exigem encaminhamento médico — como reações adversas, falta de resposta ao tratamento ou sintomas graves, como dispneia ou angioedema.
Por isso, o Dia Nacional de Prevenção da Alergia não é apenas uma data de conscientização, mas também uma oportunidade para reposicionar o papel do farmacêutico frente a um cenário de crescente autocuidado. Afinal, o sucesso de uma categoria, como a dos antialérgicos, não se mede apenas pelo volume de vendas, mas pela qualidade da orientação prestada. O cuidado técnico, ético e empático prestado pelo farmacêutico é o que fideliza o cliente e, mais que isso, protege sua saúde.
Qualificação farmacêutica
O ICTQ oferece cursos que irão capacitar os interessados nesse tema e em outras abordagens da farmácia clínica: Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica, Farmácia Clínica em Unidade de Terapia Intensiva, Farmácia Clínica em Cardiologia, Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, Farmácia Clínica de Endocrinologia e Metabologia entre outros.
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