O número de brasileiros que já utilizaram alguma vez analgésicos opioides, os medicamentos mais fortes para tratamento da dor, subiu de 0,8% para 7,6% na última década. O aumento total de mais de oito vezes no número de usuários revela um crescimento de usos com ou sem prescrição de medicamentos como morfina, tylex, codeína e oxicodona.
O avanço foi mais expressivo entre o público feminino, passando de 1% em 2012 para 8,8% em 2023. Entre homens, a taxa subiu de 0,5% para 6,3%. A pesquisa revelou que aproximadamente metade dos usuários faz uso sem prescrição.
Os dados são do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid), plataforma lançada pelo Ministério da Justiça nessa quarta-feira (26/3).
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Abuso de outros remédios controlados
O estudo também aponta crescimento no uso de outros medicamentos controlados, como calmantes, estimulantes e anfetamínicos. O percentual da população que utilizou a classe de benzodiazepínicos (como Lexotan e Rivotril) passou de 9,8%, em 2012, para 14,3%, em 2023.
Cerca de 1% dos brasileiros usa estimulantes para atenção (remédios para TDAH) sem indicação médica e 2,5% recorre a remédios para dormir como Zolpidem sem ter receita, apesar de todos estes remédios serem controlados.
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Monitorar para controlar os vícios
Ao lançar a plataforma, a secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Marta Machado, destacou a importância de evidências científicas para ações eficazes. “A ausência de dados estruturados tem sido um desafio. O Obid vem preencher essa lacuna”, declarou.
O estudo ouviu 16 mil pessoas, incluindo adolescentes e adultos, com dados de 2006, 2012 e 2023 para elaborar seu conjunto de estatísticas.
A pesquisa também avaliou outros dois vícios preocupantes para a saúde: o em jogos de aposta e o em dispositivos eletrônicos para fumar (vapes e similares). Em relação aos jogos de azar, 10,5% dos adolescentes (de 14 a 17 anos), afirmaram já ter apostado, frente a 18,1% dos adultos. Já no uso de cigarros eletrônicos, 31,8% dos jovens afirmaram ter consumido o produto nos últimos 30 dias frente a 25,2% dos adultos.
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