A cada dia surgem novas tendências propagadas por aqueles que buscam a perda de peso corporal, e a iombina é a bola da vez. E não é para menos: uma pesquisa apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade, de 2024, sugere que, de acordo com o cenário de manutenção da tendência atual, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos brasileiros aumentará de 57% em 2023 para 75% em 2044.
A ioimbina é um alcaloide extraído da casca da árvore Pausinystalia yohimbe, nativa da África, também conhecida como pau-de-cabinda. Historicamente, tem sido utilizada no tratamento da disfunção erétil, com medicamentos aprovados no Brasil que empregam seu extrato para esse fim.
Nos últimos anos, a ioimbina ganhou popularidade como suplemento para emagrecimento. Embora alguns acreditem em seu potencial termogênico, especialistas alertam que seu uso não é isento de efeitos colaterais.
Em termos mais técnicos, a ioimbina é o protótipo de antagonista de a2-receptores, promovendo um aumento da atividade do sistema nervoso simpático (SNS), com uma mobilização de gordura mais eficaz e sem efeitos significativos sobre o sistema cardiovascular. A principal função dos receptores adrenérgicos do adipócito é controlar a atividade da lipase hormônio-sensível e regular o processo de lipólise. A ativação do receptor a2 adrenérgico leva à inibição da adenilciclase e da produção de AMP cíclico pela ativação de uma proteína G inibitória (G1). O nível intracelular de AMP cíclico controla a ativação da proteína - cinase A que regula a fosforilação e ativação da lipase, que por sua vez promove a lipólise.
Essa é razão pela qual algumas pessoas a utilizam para acelerar a perda de peso. No entanto, é importante lembrar que seu principal efeito é a elevação do metabolismo e a vasodilatação, o que pode ter impactos mais profundos no organismo além da queima de gordura.
Apesar dos potenciais benefícios em contextos específicos, o uso de ioimbina sem orientação médica não é recomendado. De acordo com especialistas, os efeitos colaterais podem superar os benefícios. A ioimbina pode desencadear reações de ansiedade, aumento da pressão arterial, taquicardia, insônia e, em casos raros, alucinações e tonturas. Além disso, os riscos são elevados, especialmente devido a interações medicamentosas com antidepressivos e medicamentos para pressão alta.
De acordo com o professor do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, farmacêutico clínico e empreendedor no digital e na área magistral, Mario Rezende, a ioimbina é um ativo muito utilizado por quem está buscando o aumento da termogênese. Ela ajuda muito nesse processo de emagrecimento porque facilita o déficit calórico. Só que, como alguns ativos, ela deve ser usada no miligrama correto de acordo com o peso do paciente e com os próprios sinais e sintomas metabólicos dele”.
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Alguns pacientes têm contraindicação, por exemplo, pacientes com problemas gástricos e cardíacos. “Então, é interessante que esse tipo de medicamento, na verdade, um suplemento, possa ser usado pelos pacientes para ajudar nesse processo de emagrecimento, mas sempre com a prescrição de um profissional habilitado, como o farmacêutico, por exemplo”, destaca Rezende.
Além dos efeitos colaterais mencionados, a ioimbina pode interagir com diversos medicamentos, potencializando ou antagonizando seus efeitos, segundo o Consultaremedios. Por exemplo, seu uso concomitante com antidepressivos tricíclicos ou inibidores da monoamina oxidase (IMAO) pode aumentar o risco de efeitos adversos significativos. Além disso, a ioimbina pode reduzir a eficácia de medicamentos anti-hipertensivos, como atenolol e losartana, comprometendo o controle da pressão arterial.
No entanto, estudos científicos sobre a eficácia da ioimbina no emagrecimento apresentam resultados conflitantes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Algumas pesquisas indicam que a substância pode aumentar o gasto calórico quando combinada com outros compostos, como efedrina e cafeína; entretanto, esses estudos também relatam a ocorrência de efeitos colaterais, como irritabilidade, dores articulares e cefaleia. Até o momento, não há evidências clínicas suficientes para recomendar o uso de ioimbina na redução de peso.
Devido aos potenciais riscos e à falta de comprovação científica robusta, o uso de ioimbina para emagrecimento não é considerado uma abordagem segura ou eficaz. Especialistas enfatizam a importância de adotar métodos comprovados para a perda de peso, como a combinação de uma dieta equilibrada e a prática regular de atividades físicas, sempre sob a orientação de profissionais de saúde qualificados.
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