Candidato incentiva automedicação e promete Ozempic grátis: 'O Rio não vai ter mais gordinhos

Em meio ao calorão na última semana, peguei a Avenida Brasil para entrevistar o candidato à reeleição Eduardo Paes (PSD). Despachando do Parque Oeste, em Inhoaíba, Zona Oeste, naquela ocasião — local escolhido por ele como um que se sente à vontade — o prefeito estava tentado a me dar um banho na cascata, mas escapei. Prometendo medicamentos para cariocas ficarem magrinhos, comentando sobre a “briga” entre a Barra da Tijuca e Curicica, além de firmar posição sobre o último título da Portela, a conversa com Paes é a última da série de entrevistas com os candidatos à prefeitura do Rio.

Por que escolher o Parque Oeste?

Esse é o parque mais bonito da cidade hoje em dia, disputando com os Parques Madureira, Realengo, Pavuna. Está arrebentando e sempre cheio assim. Está um dia quente, sempre um prazer estar na Zona Oeste, no gabinete mais bonito que tenho, com a bandeira do Vascão… Ih, não subiram (no mastro). Vou corrigir, Ema: toda vez que estou aqui, a bandeira do Vasco tem que estar ali.

É traição ao Parque Madureira?

Não chega a ser uma traição. Mas um cara que faz por toda a cidade merece estar em vários lugares.

Dá tempo de dar um refresco na cascata?

Ema, eu ia te convidar para dar um “mergulho” lá comigo. Mas como está muito cheio e não estou tão em forma assim, achei melhor não nos expor a essa situação constrangedora. Até porque é uma moça de família.

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Se eleito, vai para o quarto mandato como prefeito. Trocaria os quatro para zerar os quatro rebaixamentos do Vasco?

Ah, não. Não trocava. A coisa mais maravilhosa do mundo é ser prefeito do Rio. O Vascão não vai me decepcionar neste ano, está indo do bem, então não vem falar sobre hipóteses aqui.

Se o Vasco vencer a Copa do Brasil deste ano, vai decretar feriado?

A caneta coça. Mas vão acabar dizendo que estou usando o estado em causa própria. Então vou me controlar.

Quem jogou mais: Zico ou Dinamite?

Dinamite, muito mais.

E Dinamite ou Romário?

Dinamite, porque é o ídolo vascaíno maior. Agora, o Romário é a paixão da minha vida atual. Está só me ajudando, pedindo muito voto. O Romário é hours-concours, mas como jogou em outros clubes, vou ficar de Dinamite mesmo, ídolo maior da turma cruz-maltina.

O apoio de pastores nesta eleição fará o senhor aposentar o chapéu Panamá, já chamado até de ‘chapéu de Zé Pelintra’?

Não. Aquele chapéu Panamá é minha marca registrada no carnaval. Sou católico, cristão, mas não tem problema nenhum de acharem que aquilo é uma homenagem ao povo de axé. Respeito todas as religiões.

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Falando em carnaval, a campeã de 2017 é a Portela ou a Mocidade?

A Portela (naquele ano, a Mocidade entrou com recurso e passou dividir o título com a azul e branco). Teve um bastidor. Como eu não era prefeito, esse bastidor rolou solto. O Crivella não se interessava por carnaval, fez porcaria nenhuma. Se eu estivesse aqui, não tinham tomado aquele carnaval da gente.

O senhor anda com uma lata de refrigerante no carnaval, que, na verdade, seria ‘batizada’. Vai assumir o que tem na lata?

O que tem ali, não conto nem para a minha mãe.

Já pensou em trocar a cerveja por gin?

A cerveja é a mais democrática de todas. Deixa a gente numa circunstância que fica em comunicação com todos os outros seres. O gin, pelo que eu sei, é o final do caminho e você para de se comunicar com o mundo externo.

Várias personalidades já foram homenageadas na Sapucaí. Se pudesse escolher uma galera para te homenagear, quem seria o carnavalesco? E o puxador?

Vai me deixar mal com muitos amigos. A Rosa (Magalhães) infelizmente faleceu. Eu colocaria Paulo Barros, Leandro (Vieira), o Gilsinho puxando…

Pensando na apuração da eleição, levaria Jorge Perlingeiro para ser mais emocionante?

Se fosse tudo “Dez, nota dez! Venceu!”, ia ser uma emoção só. Tombei a voz do Jorge Perlingeiro, personagem marcante com a sua voz na história da nossa cidade. Acompanhar uma apuração com ele era uma boa ideia. Gostei da ideia.

Recentemente nasceu o bairro Barra Olímpica. Foi para acabar com a briga da galera da Barra com Curicica?

Ainda acho que aquilo é Curicica. Não vetei aquele projeto porque o autor foi o presidente da Câmara (vereador Carlo Caiado), mas, por mim, ali tinha que ser Curicica Olímpica.

Já vi o senhor falando que as pessoas reclamam da Curva Chico Anysio, que ele mereceria mais. Quando se for, o que não quer que receba seu nome?

Quando me perguntar a melhor música, vou cantar a do Nelson Cavaquinho. Sou daqueles que: “Me dê as flores em vida / O carinho, a mão amiga / Para aliviar meus ais / Depois que eu me chamar saudade / Não preciso de vaidade / Quero preces e nada mais”.

Aparentemente, o senhor está mais magro. Tem alguma mudança na rotina?

Teve. Tomei muito Ozempic, aquele remedinho que está abaixando o peso de todo mundo. Ele vai ter a patente aberta no ano que vem, vai poder ter o genérico e vou colocar na rede pública toda. Perdi 30 quilos com Ozempic. O Rio vai ser uma cidade que não vai ter mais gordinho, todo mundo vai tomar Ozempic nas clínicas da família.

Tem gente dizendo que as cantoras sertanejas estão perdendo peso demais. Tem alguma preocupação nessa linha?

Não. Acho que a preocupação não é estética, é de saúde mesmo. Fui fazer exame de sangue outro dia e todas as minhas taxas abaixaram. Não precisei largar minha cervejinha.

Está na política há um tempão. Tem algum jingle de um concorrente de outra eleição que não sai da sua cabeça?

Tem. “Gabeira, Gabeira, o Rio de Gabeira” (em 2008, quando Paes venceu Fernando Gabeira no segundo turno da eleição mais apertada do Rio, com 50,83% dos votos válidos), aquela música era chata para caramba. Tenho um trauma. Fui visitar uma creche e aquela música estava tão na cabeça das pessoas que, na hora de falar com uma criança de 3 anos “Sabe quem sou eu?”, ela fez assim: “Gabeira, Gabeira”. Fiquei com uma cara de babaca.

O que como carioca ainda não fez no Rio?

Não saltei de asa delta da Pedra Bonita e confesso que já passei da idade. Não vai ser uma experiência que vou ter.

Vai chamar o Ramagem para desfilar na Portela?

Política a gente disputa, não cria inimigo. É deputado federal, vai ter sempre meu respeito e será um prazer recebê-lo como meu convidado na Sapucaí.

Ar condicionado já existe nos ônibus, mas nem sempre funciona. Dá para chegar a 100% no próximo mandato?

A gente vai ter uma nova concessão dessas empresas de ônibus a partir de 2025-26. Essa vai ser uma exigência.

Qual a última série que assistiu?

“Senna por Ayrton”.

Um filme.

Um que acabei de ver, não lançou ainda: “Malês”, do (Antonio) Pitanga. Conta a história de escravos muçulmanos no Brasil, vai ser um sucesso.

Uma música.

“Quando eu me chamar saudade”, Nelson Cavaquinho. A que cantei para você.

Um programa de domingo no Rio.

Visitar os novos parques da cidade.

Eduardo Paes em uma frase.

Eduardo Paes, um homem feliz. Porque sou prefeito do Rio, tenho que ser feliz.

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