Novo Nordisk contesta estudo sobre risco de cegueira de seus medicamentos

Oftalmologistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, identificaram uma associação preocupante entre o uso dos medicamentos Ozempic e Wegovy, da Novo Nordisk, e um aumento no risco de desenvolver uma doença ocular rara que pode levar à cegueira, dependendo da gravidade do caso. Porém a grande produtora de remédios rebateu os estudos em entrevista ao Canltech. Entenda mais sobre o estudo e quais o posicionamento da farmacêutica.

O que diz o estudo de Harvard

Pesquisadores identificaram que o uso de semaglutida para diabetes ou perda de peso está associado a um aumento no risco de desenvolvimento de uma condição ocular rara, conhecida como neuropatia óptica isquêmica anterior não-arterítica (NOIA-NA).

O estudo, publicado na revista "JAMA Ophthalmology", revelou que pacientes com diabetes tinham quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com essa condição quando utilizavam semaglutida, enquanto aqueles com sobrepeso ou obesidade apresentavam um risco sete vezes maior.

Apesar da associação encontrada, o estudo não estabelece uma relação de causa e efeito definitiva, deixando aberta a possibilidade de outras explicações para esses resultados. Joseph Rizzo, diretor do Serviço de Neuro-Oftalmologia do Mass. Eye and Ear, ressaltou a importância das descobertas, mas enfatizou que mais pesquisas são necessárias para compreender melhor essas conexões em uma amostra mais ampla e diversificada.

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Resposta e posicionamento da Novo Nordisk

Na tarde desta quinta-feira (4), a assessoria local da Novo Nordisk entrou em contato com o Canaltech para fornecer o seguinte posicionamento:

A neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA) não está listada como uma reação adversa nos medicamentos contendo semaglutida (Ozempic®, Wegovy®, Rybelsus®) de acordo com as bulas aprovadas.

O estudo mencionado possui limitações metodológicas significativas que devem ser consideradas ao interpretar os resultados:

- Trata-se de um estudo retrospectivo de coorte realizado em um único centro, com potencial viés de seleção.

- Não foram considerados fatores de confusão importantes como tabagismo, duração do diabetes e características do disco óptico na análise.

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- A análise foi baseada em um número limitado de pacientes expostos à semaglutida com diabetes tipo 2 (n=169) e sobrepeso/obesidade (n=254), com poucos casos de NOIA-NA (n=17 e n=20, respectivamente), resultando em intervalos de confiança amplos que indicam menor precisão

estatística.

- A codificação adequada de NOIA-NA é desafiadora, o que pode levar à classificação incorreta de casos como neuropatia óptica isquêmica de arterite de células gigantes em vez de NOIA-NA.

- Não foi possível determinar se os eventos ocorreram durante a exposição à semaglutida com base nas informações disponíveis.

Além disso, a segurança da semaglutida foi avaliada em grandes estudos de evidências do mundo real e em programas de desenvolvimento clínico robustos (SUSTAIN, PIONEER, STEP, SELECT, OASIS), com uma exposição cumulativa incluindo mais de 22 milhões de pacientes-ano após o lançamento no mercado. Esses dados globais reforçam o perfil de segurança do medicamento semaglutida.

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