Originária da Índia, a variante B.1.617 do novo coronavírus (Sars-CoV-2 ) é considerada um risco para todo o mundo – já foi encontrada em mais de 50 países. No Brasil, Pará e Ceará investigam casos suspeitos de infecção pela nova cepa. Os pacientes teriam visitado o litoral do Maranhão, onde a variante foi identificada na última semana, revelou o Estadão.
A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) revelou no sábado (22/5) que investiga dois casos suspeitos de infecção pela variante indiana no município de Primavera, a cerca de 193 quilômetros da capital. Os dois pacientes estiveram em Porto de Itaqui, no litoral maranhense, antes de contraírem o vírus. A secretaria informou que eles já estão sendo monitorados e em isolamento, e que as amostras de ambos foram encaminhadas para sequenciamento no Instituto Evandro Chagas, localizado em Belém.
É o terceiro Estado a notificar investigações. Em 21 de maio, o governo do Ceará já havia informado que também investiga a suspeita de um caso do novo coronavírus pela cepa B.1.617. O paciente, que está em Fortaleza, voltou de uma viagem à Índia no último dia 9.
O primeiro caso de infecção pela B.1.617 no Brasil foi registrado em 20 de maio, em um tripulante que chegou ao Maranhão depois de ter embarcado na África do Sul. Conforme o secretário de Saúde do Estado, Carlos Lula, informou ao Estadão, seis amostras analisadas pelo Instituto Evandro Chagas confirmaram a nova cepa em pacientes a bordo do navio MV Shandong da Zhi, que veio da Malásia para o Brasil em 14 de maio.
Enquanto apenas um dos infectados está internado em São Luís, os demais estão em quarentena no navio, que está em alto mar, a mais de 35 km da costa. Segundo a Secretaria de Saúde maranhense, 15 dos 23 tripulantes da embarcação testaram positivo para a Covid-19. Além disso, pelo menos 100 pessoas tiveram contato com os tripulantes infectados, e estão sendo monitoradas pelo governo do Estado, apurou o Correio Braziliense.
A cepa indiana tem três versões: a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3. Todas têm pequenas diferenças entre si, segundo revelou a Rádio Jornal. Nos laboratórios, pesquisadores identificaram que elas têm mutações importantes nos genes que codificam a espícula, como é chamada a proteína que fica localizada na superfície do vírus e que é a responsável por se conectar aos receptores das células humanas, dando início à infecção.
O Grupo Independente de Aconselhamento Científico para Emergências (Indie-Sage), do Reino Unido, é o que tem feito mais avanços no estudo sobre a variante indiana, revelou o Correio Braziliense. Segundo a Indie-Sage, caso a variante indiana seja de 30% a 40% mais transmissível, é possível que o Reino Unido (e talvez outros países) viva uma terceira onda muito pior que as anteriores. Segundo a BBC, no entanto, cientistas britânicos já trabalham com a possibilidade da cepa ser até 50% mais transmissível.
As mutações do vírus funcionam como uma forma de burlar o sistema imunológico, o que leva a reinfecções. Isso pode acontecer mesmo com quem já foi vacinado, por isso a preocupação. “Ter duas dessas mutações que foram identificadas em outras variantes em outras partes do mundo é preocupante”, afirmou à agência Reuters a epidemiologista e líder técnica no combate à Covid-19 da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove.
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A comunidade científica já emitiu vários alertas sobre o surgimento de novas variantes no Brasil, pois, em uma transmissão sem controle, como tem acontecido em território nacional, esse perigo se torna iminente, devido ao fato de que há muito mais vírus circulando.
Essa possibilidade de novas cepas reforça a ideia da importância da continuidade dos protocolos de segurança, conforme aponta o farmacêutico e professor de pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Thiago de Melo.
Segundo ele, pensando de forma coletiva, essa iniciativa é fundamental. “Com menos Sars-CoV-2 circulantes, o impacto sobre as novas variantes mutantes também pode ser suavizado, afinal, com menos ‘casas’ para o vírus morar, menos chance de ele trocar seus códigos”, salienta Melo.
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